Lideranças se reuniram nesta quarta, dia 5, na Câmara dos Deputados, para debater as políticas agrícolas do Brasil dentro do Mercosul.
Em debate sobre as políticas agrícolas do Brasil dentro do Mercosul, realizado nesta quarta, dia 5, na Câmara dos Deputados, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Silva do Amaral, afirmou que o produtor de trigo precisa de proteção contra a “concorrência desleal da Argentina”.
Segundo ele, a farinha de trigo do país vizinho entra no Brasil com preço abaixo do preço de mercado.
– Com isso, o crescimento da exportação da farinha de trigo da Argentina para o Brasil cresceu 332% – afirmou.
Ao concordar com Amaral, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, ressaltou que o Brasil tem potencial para produzir mais trigo, mas falta política pública para o setor.
Os debatedores participaram de audiência pública promovida pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, e requerida pelos deputados Eduardo Sciarra (PSD-PR), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Moreira Mendes (PSD-RO) e Eleuses Paiva (PSD-SP).
Vontade política
Koslovski destacou as medidas necessárias para aumentar a produção nacional de trigo. Entre elas, vontade política para inserção do produto na pauta do agronegócio; interação entre todos os atores da cadeia do trigo; definição de política de comércio externo, especialmente no Mercosul; e políticas públicas claras para o cereal.
O presidente da Ocepar informou que, neste ano, a área cultivada do produto foi de 1,88 milhão de hectares, “quando o potencial é de 5 milhões de hectares”. Já a estimativa da produção é de 5,2 milhões de toneladas para um potencial de 14 milhões.
Segundo Koslovski, com uma política consistente para o setor, a demanda interna seria suprida.
– Por causa da falta de estímulo, a produção de trigo no Paraná caiu 30% nas duas últimas safras – alertou.
Grupo de trabalho
Na tentativa de encontrar uma solução para o problema, Luis Carlos Heinze propôs a formação de um grupo de trabalho para debater o assunto com os ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio. O diretor de Assuntos Comerciais da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Benedito do Espírito Santo, afirmou que o ministério está à disposição para discutir as dificuldades do setor de trigo e buscar uma solução.
Por sua vez, Orlando Leite Ribeiro, chefe da Divisão de Agricultura e Produtos de Base do Ministério das Relações Exteriores, adiantou que a melhor solução para o problema seria investir no setor produtivo. Em sua avaliação, a imposição de medidas antidumping teria impacto indesejado para a indústria brasileira, que exporta outros produtos para a Argentina.
Fonte: AGÊNCIA CÂMARA