Comentários referentes ao período entre 23/11/2012 a 29/11/2012
As cotações da soja em Chicago se recuperaram durante esta semana, voltando a superar os US$ 14,00/bushel. O fechamento desta quinta-feira (29) ficou em US$ 14,48/bushel, após US$ 14,18 no dia 23/11.
Três fatores continuam influenciando fortemente o comportamento em Chicago. Dois de natureza fundamental, relacionados ao clima, e um de natureza especulativa. No primeiro caso, o atraso no plantio da soja na Argentina, pelo excesso de chuvas, e a falta de chuvas em algumas regiões produtoras brasileiras, estão deixando o mercado apreensivo neste momento. Ao mesmo tempo, nos EUA, o rio Mississipi enfrenta problemas com o pouco volume de água, fato que atrapalha a circulação das barcaças carregadas com soja em direção ao Golfo do México. Já pelo lado especulativo, o capital financeiro se mostra um tanto retraído em função da crise na Grécia e outros países da Europa, a qual está longe de uma solução plausível, ao mesmo tempo em que o governo Obama não vem conseguindo acertar o passo com o Congresso em torno do problema do chamado “abismo fiscal”.
Paralelamente, em termos práticos, ainda é muito cedo para especular sobre quebras futuras na safra sul-americana, especialmente na Argentina, onde o plantio ocorre mais tardiamente. Por enquanto, o mercado continua apostando em safra recorde na América do Sul, apesar de alguns sinais climáticos indicarem cuidados com a euforia. Por enquanto, o Brasil já tem semeado 76% de sua área, até o dia 23/11, enquanto a Argentina chegava a 47% no mesmo período. Em ambos os casos há um atraso em relação ao ritmo do ano passado, porém, em termos médios o plantio está normal. Enquanto o Brasil projeta semear 27,5 milhões de hectares com soja, a Argentina projeta 19,4 milhões de hectares.
Ainda em termos de clima, havia expectativa de chuvas mais consistentes no Paraguai, grande parte do Centro-Sul brasileiro e Argentina para este final de semana.
Dito isso, as exportações líquidas estadunidenses, na semana encerrada em 15/11, ficaram em 543.600 toneladas para o ano comercial 2012/13, iniciado em 01/09. O principal comprador foi a China, com 394.700 toneladas.
Pelo lado da demanda, a produção de soja na China, em 2012/13, deverá somar apenas 12,5 milhões de toneladas, contra 16 a 17 milhões em anos anteriores. O governo chinês procura estimular o plantio local, aumentando os preços pagos aos seus produtores. A ideia é diminuir um pouco a dependência dos altos preços internacionais da oleaginosa, neste momento.
Na tendência, os próximos meses serão de oferta escassa junto aos principais produtores, com o clima na América do Sul chamando a atenção do mercado. Com isso, as cotações em Chicago tendem a se manter entre US$ 14,00 e US$ 15,00/bushel. Todavia, na medida em que a safra cheia venha a se confirmar na América do Sul, quanto mais próximo do período de colheita, maior será a tendência do bushel recuar para níveis entre US$ 12,00 e US$ 13,00. A consolidação de uma nova tendência de preços externos deverá se dar a partir de início de março/13.
Enquanto isso, os prêmios nos portos ficaram entre 25 e 39 centavos de dólar por bushel, no Brasil. Já no Golfo do México (EUA), os mesmos registraram valores entre 70 e 85 centavos. Nos dois casos, para março próximo. Já na Argentina, para abril, os prêmios oscilaram entre 8 e 25 centavos de dólar, já traduzindo a preocupação do mercado com o clima local.
No mercado brasileiro, o balcão gaúcho ficou em R$ 66,30/saco na média semanal, enquanto os lotes giraram entre R$ 74,75 e R$ 75,75/saco. No restante do país, os lotes oscilaram entre R$ 65,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 75,50/saco na região de Pato Branco (PR). Esse comportamento de preços foi auxiliado igualmente pela manutenção de um câmbio entre R$ 2,07 e R$ 2,10 durante a semana.
Por sua vez, o contrato futuro na BM&F/Bovespa, para março/13, ficou em US$ 30,70/saco, enquanto o maio/13 permaneceu em US$ 30,30/saco.
Ao mesmo tempo, o plantio da nova safra transcorre normalmente. Até o dia 23/11 o mesmo atingia a 76% no Brasil, sendo 44% no Rio Grande do Sul (no ano passado este Estado registrava 73% nesta época); 96% no Paraná e Mato Grosso; 95% no Mato Grosso do Sul; 76% em Goiás (92% no ano passado); 78% em São Paulo; 49% em Minas Gerais; 40% na Bahia; e 70% em Santa Catarina.
Quanto aos preços futuros, no Paraná, para março, o saco de soja na compra, no porto de Paranaguá, ficou em US$ 31,10. No Rio Grande do Sul, o FOB interior ficou em R$ 61,50/saco para maio. No Mato Grosso, o saco permaneceu ao redor de R$ 53,00 para fevereiro/março, em Rondonópolis. No Mato Grosso do Sul, o valor esteve a R$ 52,50 para março. Em Goiás, o preço futuro esteve a US$ 28,00/saco para fevereiro/março, enquanto no Distrito Federal tivemos R$ 55,00/saco para maio. Em Minas Gerais, o mesmo valor para abril, na região de Uberlândia. Na Bahia, US$ 26,00/saco para maio, enquanto no Maranhão, para o mesmo mês, o saco ficou cotado a R$ 54,50. Enfim, no Piauí, o valor futuro foi de R$ 55,30/saco para maio, enquanto no Tocantins, para o mesmo mês, o saco registrou R$ 53,50.
Nota-se, portanto, depois de algumas semanas, uma relativa estabilidade nos preços futuros da oleaginosa brasileira.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.