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06h56

PLANTAS DE ALTO DESEMPENHO E A PRODUTIVIDADE DA SOJA

O sucesso da lavoura de soja depende de diversos fatores, mas, se duvida, o mais importante deles é a utilização de sementes de elevada qualidade, que gera plantas de alto vigor, que terão um desempenho superior no campo. O uso de sementes de elevada qualidade permite o acesso aos avanços genéticos, com as garantias de qualidade e tecnologias de adaptação nas diversas regiões, assegurado maiores produtividades. Por tanto, o estabelecimento da lavoura de soja com sementes da mais alta qualidade é de fundamental importância.

Sementes de alto vigor propiciam a germinação e a emergência de plântulas em campo de maneira rápida uniforme, resultando na produção de plantas de alto desempenho apresentam uma taxa de crescimento maior, tem uma melhor estrutura de produção, com um sistema radicular mais profundo e produzem um maior número de vagens e de sementes, o que resulta em maiores produtividades, cujo potencial é ainda maior em situações de estresse, como, por exemplo, numa situação de seca, uma vez que o sistema radicular mais profundo dessas plantas terá condições e supri-las com aguas e nutrientes, assegurando a produção.

VIGOR DE SEMENTES
O conceito de vigor em sementes tem sido bastante difundido pelo setor produtivo de diversas culturas e em especial no cultivo da soja. Uma boa definição desse conceito foi publicada recentemente pela associação oficial dos analistas de sementes dos estados unidos (AOSA, 2009): “São aquelas propriedades das sementes que determinam o seu potencial para uma emergência rápida e uniforme e o desenvolvimento de plântulas normais sob ampla diversidade de condições de ambiente.”

Essa definição contempla diversos parâmetros importantes que merecem destaque:
Como estresses, podem ser exemplificadas algumas situações como: profundidade excessiva de semeadura; compactação superficial ou assoreamento em consequência da ocorrência de chuvas pesadas após a semeadura; semeadura em condições de solo com baixas temperaturas, comuns no Sul do país; ataque de fungos de solo a sementes; seca após a semeadura. Semeadura de alto vigor sempre apresentam vantagens nessas situações em relação a uma semente vigorosas assegura o estabelecimento de uma população adequada de plantas, mesmo sob condições estressantes.

Toda cultivar de soja requer uma população de plantas ideal para a atenção de máximas produtividades. É importante que essa população seja atingida após a semeadura. A utilização de sementes de alto vigor facilita em muito para que isso seja alcançado. Porém deve-se enfatizar que é importante que essa população seja composta por plantas de alto desempenho, que assegurarão, como mencionado anteriormente maior produtividade.

Muitos produtores ainda não tem a perfeita noção dessa informação e que suas vantagens, e ainda creem que basta obter a população ideal de plantas, encomendada para cada cultivar, para que o estabelecimento e a produtividade da lavoura estejam assegurados. Isso, sem se levar em consideração o nível de vigor das sementes utilizadas na semeadura. Pode-se citar o exemplo daquele produtor que adquire sementes de vigor médio ou baixo e ainda acredita que, com o aumento da densidade de semeadura, poderá obter o estande ideal de plantas para aquela cultivar. Isso pode até ser verdadeiro, porem será que as plantas que compõem essa população são de alto desempenho? Mesmo obtendo a população ideal de plantas, esta tudo resolvido? Com certeza não! Serão descritos a seguir diversos trabalhos de pesquisa que dão embasamento para essa afirmativa.

EFEITO DO VIGOR SOBRE A PRODUTIVIDADE
Esse tema tem sido amplamente estudado para a soja e para diversas culturas no Brasil e em diversos outros países. No Brasil, um dos primeiros trabalhos realizados sobre o tema em soja foi relatado por França-Neto e outros pesquisadores (1983). Nesse trabalho, foram avaliadas as três cultivares de soja mais cultivadas a época no estado do Paraná (Paraná, Davis e Bossier), com três níveis de vigor (alto, médio e baixo). Foi realizada uma alta densidade de semeadura e, após a emergência, foi realizado um desbaste, deixando a mesma população de plantas para todos os tratamentos (400 mil plantas/há), que era a população recomendada para as referidas cultivares na época da execução do trabalho. Na colheita, as plantas originadas de sementes de alto vigor foram 12,8% mais altas do que as de baixo vigor e a produtividade foi superior em 24,3%.

Mais recentemente, Kolchinski e outros (2005), em trabalho realizado em Pelotas RS, trabalharam com níveis de vigor, a partir de vigor baixo, com 70% de emergência em canteiro e 75% de germinação até vigor alto, com emergência de 95% e germinação de 94%. Esses níveis de vigor foram criados mediante a mescla de sementes de alto e baixo; 50% alto e 50% baixo; 25% alto e 75% baixo e 100% de baixo vigor. Os autores verificaram que as plantas oriundas de sementes do mais alto vigor produziram 25% a mais de vagens por planta, resultando em parcelas experimentais com 35% a mais de rendimento de grãos em relação às oriundas de sementes de baixo vigor.

Outro trabalho muito interessante sobe o tema foi desenvolvido por Pinthus e outros pesquisadores. (1979), que trabalharam com a cultivar de soja Clark. Os autores semearam a cultivar em centenas de potes com cerca de 10 cm de diâmetro, com uma semente por pote. Após a emergência, cada pote foi identificado, de acordo com a velocidade de emergência das plântulas: as que emergiram muito rapidamente, aos quatros dias, foram classificadas como vigor muito alto; aos seis dias, vigor médio; aos sete e oito dias, vigor baixo. Essas plântulas foram transplantadas para condições de campo em parcelas experimentais, cada uma composta por duas linhas com 6 m de comprimento e com uma densidade de 12,5 plantas/m linear. Aos 60 dias após a emergência, foi verificado que as plantas originadas de sementes de vigor muito alto produziram 41% nais de matéria seca em relação às de baixo vigor. Por ocasião da colheita essas plantas tiveram uma produtividade 31% superior em ralação as de baixo vigor.

Um aspecto comum entre esses três trabalhos, que foram realizados em condições bem diversas, foi que o aumento na produtividade de grãos, com o uso de sementes de elevado vigor, variou de 24,3% a 35%, índices muito expressivos e significativos. Vale ressaltar que esses desempenhos ocorreram em condições experimentais e representaram respostas extremas de aumento de rendimento. Caso essas respostas, sejam obtidas em lavoura e ao redor de 5% a 10%, mesmo que inferiores, com certeza, serão significativa, justificando a utilização de sementes de alto vigor.

Cervieri filho (2005), em estudos conduzidos em Alto Taquari, MT, com plantas individuais de duas cultivares de soja, Monsoy 9914 e Monsoy 9350, relatou a produção de grãos por planta, com base em dois níveis de vigor: alto, caracterizado por plântulas que emergiram mais radicalmente, ou seja, até o quinto dia após a semeadura; e baixo, aquelas que emergiram após o quinto dia. Por ocasião da colheita, as plantas originadas de sementes de alto vigor da cultivar Monsoy 9914 produziram 13,7 g de grãos, ao passo que plantas de sementes de baixo vigor produziram apenas 7,0 g, significando uma diferença de até 99,7% a mais. Resultados similares foram observados para plantas da cultivar Monsoy 9350, com um aumento de 95,7%. Vale enfatizar que essas diferenças altamente significativas foram constatadas em plantas individuais mais marcantes do que os observados em populações de plantas trabalhos conduzidos por Schuch e outros pesquisadores (2009) e por Panozzo e outros (2009) constataram efeitos positivos do alto vigor sobre a produção em plantas individuais de soja, com aumentos não tão expressivos como os relatados por Cevieri filho (2005), mas superiores a 20% na produção por planta.

A comparação de respostas dos possíveis efeitos do vigor das sementes em diferentes populações de plantas de soja foi realizada nos Estados Unidos, por pesquisadores liderados por TeKrony (1987). Quando foram estudados os efeitos do vigor em altas populações, ou seja, acima de 343mil plantas/ha, não foram constatados os efeitos do vigor das sementes sobre a produtividade. Entretanto, esses efeitos foram significativamente evidenciados em populações mais baixas de plantas, entre 115 a 150 mil plantas/há.

Vantagens do uso de sementes vigorosas
Sumarizando todas as informações que foram mencionadas anteriormente e as incluídas nos trabalhos de pesquisa citados acima, pode-se concluir que:
• Na instalação da cultura da soja é de suma importância utilizar sementes do mais alto vigor, visando obter um estande adequado, com plantas vigorosas;

• Sementes de alto vigor têm maiores índices e velocidade de germinação e de emergência, mesmo em condições de estresse, como por exemplo: quando a semeadura é realizada com maior profundidade, quando há compactação superficial ou assoreamentos na linha de semeadura, quando ocorrem ataques de fungos, ou com a ocorrência de baixas temperaturas por ocasião da semeadura;


• Plântulas que emergem mais cedo têm vantagens competitivas sobre as que emergem mais tarde, pois tem melhor aproveitamento de agua, luz e nutrientes e o processo fotossintético das plantas é iniciado mais cedo e de maneira mais eficiente;

• Plantas vigorosas apresentam uma taxa de crescimento maior, tendo maior acumulo de matéria seca e resultando em plantas com melhor estrutura de produção, ou seja, maior área foliar e melhor sistema radicular;


• Essas plantas têm maior capacidade de produção de vagens e sementes e, consequentemente, tem um maior potencial de rendimentos de grãos.
Fonte: Seed News, novembro de 2012.

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