Comentários referentes ao período entre 16/11/2012 a 22/11/2012
Chicago trabalhou em queda durante parte da semana, chegando a atingir, no primeiro mês cotado, a US$ 13,83/bushel no dia 16/11. Posteriormente, houve leve recuperação, com o fechamento da quarta-feira (21) ficando em US$ 14,08/bushel (na quinta-feira, 22/11, foi feriado nos EUA – Dia de Ação de Graças). Desde meados de junho a Bolsa não rompia o piso dos US$ 14,00/bushel. Lembrando que dois meses e meio antes a mesma havia batido o recorde histórico, com US$ 17,71/bushel no dia 04/09. Ou seja, em 75 dias as perdas se aproximaram de quatro dólares por bushel. Vale registrar igualmente o fraco desempenho do farelo e do óleo, com os mesmos chegando a US$ 424,60/tonelada curta e 47,05 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente, igualmente no dia 16/11. No caso do óleo, foi o segundo menor valor do ano, superado apenas pelos 47,02 centavos registrados em 13/11.
No geral, a melhor colheita nos EUA, confirmada pelo relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 09/11, e a sensível melhora nas condições climáticas gerais da América do Sul (novas chuvas estão previstas para o final desta semana na Argentina e sul do Brasil) puxam o mercado para baixo. Além disso, as especulação financeira caminha de forma mais lenta em relação a soja nesse momento. Obviamente, daqui em diante será o clima na América do Sul o grande fator de influência no comportamento das cotações em Chicago, acompanhado não de muito longe da especulação financeira, às voltas com as dificuldades econômicas na Europa e no EUA.
Dito isso, teria havido ainda durante a semana que passou o cancelamento de compras de soja feitas pela China, confirmando que os chineses estão procurando usar os estoques internos na expectativa de que os preços mundiais recuem mais.
Paralelamente, os embarques de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 15/11, ficaram em 1,69 milhão de toneladas, acumulando desde 1º de setembro um total de 13,5 milhões de toneladas, contra 9,7 milhões em igual período do ano anterior. Ou seja, pelos embarques, a demanda pela soja estadunidense continua muito firme, o que pode servir como fator de sustentação aos atuais preços. Já os registros de exportação, na semana encerrada em 08/11, atingiram a 585.200 toneladas, ficando acima das expectativas do mercado.
Pelo lado consumidor, a China teria comprado 22,8 milhões de toneladas de soja em grão do Brasil, nos primeiros 10 meses deste ano, contra 20,2 milhões em igual período do ano anterior. Isso representa um aumento de 13% no período, confirmando que os chineses se mantêm como grande e principal comprador da soja brasileira, assim como os principais compradores individuais da soja mundial.
Na Argentina, o Ministério da Agricultura informa que o país irá semear um recorde de 19,36 milhões de hectares em soja neste ano 2012/13, contra 18,67 milhões no ano anterior. Nesse sentido, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 15/11, os produtores argentinos teriam semeado 4,34 milhões de hectares. A referida Bolsa, inclusive, estima que a área semeada possa ser ainda maior do que a anunciada oficialmente, ficando em 19,7 milhões de hectares.
Por sua vez, os prêmios nos portos, para março/13, fecharam a semana entre 27 e 39 centavos de dólar por bushel no Brasil; entre 70 e 85 centavos no Golfo do México (EUA); e entre menos 5 e mais 5 centavos em Rosário (Argentina).
No mercado brasileiro, onde os preços atuais são mais políticos do que propriamente um reflexo da realidade de mercado, já que praticamente toda a soja da última safra estaria comercializada, a média gaúcha no balcão ficou em R$ 65,36/saco. Já os lotes oscilaram entre R$ 75,80 e R$ 76,80/saco, enquanto nas demais praças nacionais os mesmos ficaram entre R$ 62,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 75,00/saco no norte do Paraná. Na BM&F/Bovespa o contrato março fechou a semana em US$ 30,65/saco, enquanto o maio/13 ficou em US$ 29,85/saco. Vale destacar que a desvalorização do Real durante a semana, com picos próximos a R$ 2,10, auxiliou a manter os preços mais elevados na moeda nacional.
Vale registrar ainda que o plantio da nova safra de soja brasileira, até o dia 16/11, atingia a 66% da área esperada no país, sendo 28% no Rio Grande do Sul, 89% no Paraná, 90% no Mato Grosso, 91% no Mato Grosso do Sul (onde há alguns bolsões de seca), 68% em Goiás, 58% em São Paulo, 37% em Minas Gerais, 20% na Bahia, e 62% em Santa Catarina. (cf. Safras & Mercado)
A mesma fonte projeta que o Brasil irá exportar 54,85 milhões de toneladas do complexo soja em 2013, o que seria um novo recorde histórico, após 48,22 milhões na estimativa para 2012. Desse total, 37,5 milhões serão em soja em grão, 15,6 milhões em farelo de soja e 1,75 milhão de toneladas em óleo de soja. Obviamente, tudo isso, se a produção final confirmar o volume de 82 milhões de toneladas esperadas. Aos preços médios atuais, o Brasil exportaria um total de US$ 28,6 bilhões apenas com o complexo soja, o que manteria o mesmo ao redor de 10% a 11% do total anual das exportações brasileiras.
Enfim, os preços futuros, nas diferentes praças nacionais, fecharam a semana da seguinte forma: Paraná, US$ 30,30/saco em Paranaguá (porto) para março; Rio Grande do Sul; R$ 61,50 no FOB interior para maio; no Mato Grosso (Rondonópolis), R$ 54,00 para março; no Mato Grosso do Sul, R$ 53,00 também para março; em Goiás, US$ 26,00 para fevereiro/março; no Distrito Federal, R$ 53,50 para maio; em Minas Gerais, R$ 54,00 para abril, na região de Uberlândia; na Bahia, US$ 25,30 para maio; no Maranhão, R$ 54,00 para maio; no Piauí, R$ 55,20 também para maio; e no Tocantins, R$ 53,00/saco igualmente para maio/13. (cf. Safras & Mercado)
Abaixo o gráfico da variação de preços da soja no período de 26/10 a 22/11/2012.