Comentários referentes ao período entre 16/11/2012 a 22/11/2012.
As cotações do trigo em Chicago, nesta semana mais curta devido ao feriado nos EUA na quinta-feira (22), apontaram para uma estabilidade. O fechamento no dia 21/11 ficou em US$ 8,45/bushel, sem surpresas.
Por sua vez, as vendas líquidas dos EUA, em trigo, para o ano 2012/13, iniciado em 1º de junho, bateram em 314.600 toneladas na semana encerrada em 08/11. As Filipinas, com 99.700 toneladas, e a Nigéria, com 81.000 toneladas, foram os principais compradores.
Paralelamente, as inspeções de exportação estadunidenses de trigo atingiram a 302.079 toneladas, na semana encerrada em 15/11. No acumulado do ano, iniciado em 1º de junho, temos um total de 11,9 milhões de toneladas, contra 13,7 milhões um ano antes.
Vale destacar ainda que as condições das lavouras de trigo nos EUA se encontram com 34% entre boas a excelentes, 42% regulares e 24% entre ruins a muito ruins.
Por outro lado, a produção de trigo da Rússia, efetivamente vai confirmando o prejuízo obtido em função do clima. A quebra de safra está estimada em 18 milhões de toneladas, fato que leva a produção final do país para apenas 38 milhões de toneladas. Isso permitirá exportações de apenas 10 milhões de toneladas, ou 52% abaixo do vendido ao exterior no ano comercial anterior. Nesse contexto, o mercado estima que os estoques russos de trigo caiam para 4,9 milhões de toneladas, ou 53% menores do que o ano anterior. Tem-se aí, portanto, mais um fator altista para as cotações internacionais do cereal nos próximos meses.
A tal fator ainda se soma a menor safra argentina que, por questões climáticas, pode ficar até mesmo abaixo de 11,5 milhões de toneladas.
Nesse contexto, os preços do trigo no Mercosul já contabilizam a menor safra que a região terá neste ano 2012/13, na medida em que as perdas no Brasil igualmente já estão consolidadas. Assim, o Up River argentino aponta um valor FOB de US$ 340,00/tonelada na compra e US$ 360,00/tonelada na venda. No Uruguai, o trigo velho já está em US$ 330,00/tonelada na compra. No Paraguai, a tonelada atinge a US$ 295,00 na compra e US$ 305,00 na venda FOB. Já o trigo para exportação do Brasil está na faixa de US$ 330,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)
Efetivamente, aos poucos os órgãos estatísticos vão aproximando os números da safra brasileira de trigo à realidade. Novas estimativas privadas dão conta de que a produção nacional deva ficar em 4,15 milhões de toneladas neste ano de 2012/13. O novo corte se deve à exclusão de parte da safra que virou triguilho, o qual será direcionado à ração animal. Em nosso entender, nessas condições, o volume final nacional ainda deverá recuar mais, podendo ficar entre 3,8 e 4,0 milhões de toneladas, já que o restante da safra gaúcha a ser colhida (cerca de 20%) dificilmente apresentará qualidade para farinha. Em sendo assim, as importações de trigo pelo Brasil podem mesmo superar as 7 milhões de toneladas no ano.
Os preços do trigo continuam divididos em dois grandes grupos. O trigo pão, de qualidade superior, que hoje tem pouca oferta, em especial no Rio Grande do Sul, fechou a semana com o balcão pagando R$ 30,79/saco, enquanto os lotes se mantêm firmes. Já o trigo de qualidade inferior vive preços entre R$ 20,00 e R$ 25,00/saco. Vale salientar que, comparativamente a anos atrás, mesmo o triguilho obtém, atualmente, preços relativamente interessantes. Na média, os lotes gaúchos fecharam a semana entre R$ 590,00 e R$ 595,00/tonelada, enquanto no Paraná os mesmos ficaram entre R$ 660,00 e R$ 675,00/tonelada.
Afora isso, a colheita em Santa Catarina chega a 50% do total, com muitas regiões apresentando igualmente perdas importantes. Quanto ao Paraná, onde a colheita está encerrada, a comercialização do cereal já atinge a 42% do total obtido. Nesse momento, os compradores procuram evitar aumentar ainda mais os preços internos do trigo, enquanto os produtores aguardam que a paridade de importação, em especial a relacionada com o trigo argentino, suba um pouco mais visando aumentar os ganhos. O fato é que, em média, em relação ao ano passado, os preços do trigo no Brasil, no disponível, já subiram 45%, enquanto no balcão ganharam 36%. (cf. Cepea/ESALQ)
Pelo sim ou pelo não, o fato é que a importação de trigo voltou a encarecer nestes últimos dias, em especial pela desvalorização do real nesta semana, mas também porque os preços mundiais se mantêm em elevação diante de quebras na oferta.
Enfim, na paridade de importação, o trigo argentino sendo cotado a US$ 350,00/tonelada FOB no porto, mais as despesas e o câmbio atual no Brasil, chega posto nos moinhos paulistas a R$ 851,00/tonelada. Nestas condições, o trigo do norte do Paraná poderia ser vendido em até R$ 740,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
Abaixo segue o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 26/10 e 22/11/2012.