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15h08

ANÁLISE SEMANAL DO MERCAO DA SOJA, DO MILHO E DO TRIGO

Comentários referentes ao período entre 09/11/2012 a 15/11/2012.

MERCADO DA SOJA

As cotações da soja despencaram em Chicago a partir do dia 09/11, após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA. As mesmas chegaram a US$ 14,11/bushel, para o primeiro mês cotado, no dia 12/11 (o mais baixo valor desde meados de junho), se elevando um pouco nos dias seguintes, porém, recuando novamente na quinta-feira (15), feriado nacional brasileiro. O fechamento deste dia 15/11, quando o mês de janeiro/13 passou a ser o primeiro mês cotado, ficou em US$ 14,02/bushel. Nesse contexto, o mês de maio veio a US$ 13,72/bushel no dia 13/11, fechando a quinta-feira (15) em US$ 13,62/bushel.

Efetivamente o relatório do USDA surpreendeu o mercado ao trazer uma safra final nos EUA maior do que os números, já corrigidos para cima, que o mercado indicava. Assim, enquanto o mercado esperava uma safra de 78 milhões de toneladas, o relatório indicou um volume final de 80,8 milhões de toneladas, com um incremento de 4% na produtividade média, em relação a outubro. Ao mesmo tempo, os estoques finais nos EUA, para o ano 2012/13 subiram a 3,81 milhões de toneladas. Desta forma, o patamar de preços médios para o ano, aos produtores estadunidenses, recuou para valores entre US$ 13,90 e 15,90/bushel. Em termos mundiais, o relatório elevou a produção global para 267,6 milhões de toneladas e os estoques finais a 60 milhões de toneladas. E isso que a projeção de safra brasileira e argentina se mantêm um tanto conservadora, com respectivamente 81 e 55 milhões de toneladas nesta próxima safra. As importações chinesas foram aumentadas para 63 milhões de toneladas nesse atual ano comercial, iniciado em outubro passado.

Por outro lado, além do relatório, outro fator baixista se fez presente no mercado. Trata-se do recuo na participação do capital financeiro especulativo. O mesmo, diante das dificuldades europeias em resolver seus problemas econômicos e da crise orçamentária que se avizinha nos EUA, se retiram de aplicações de maior risco, incluindo aí parte das commodities.

Os números acima são quase que definitivos, embora até janeiro sempre possa haver correções nestes relatórios do USDA. Afinal, a colheita dos EUA chega a 96% da área em 11/11, superando a média histórica, que é de 93% nessa época.

Por sua vez, os registros de exportação de soja dos EUA, na semana encerrada em 1º de novembro, apontaram um volume de 191.900 toneladas, ficando bem abaixo do que esperava o mercado. Já os embarques semanais, na semana encerrada em 08/11, ficaram em 1,74 milhão de toneladas, acumulando desde 1º de setembro um total de 11,8 milhões de toneladas, contra 8,55 milhões no ano anterior na mesma época, fato que ajuda a dar um certo suporte aos preços.


Paralelamente, o esmagamento de soja estadunidense, em outubro, atingiu a 4,18 milhões de toneladas, contra uma expectativa do mercado em 3,93 milhões.
Enquanto isso, na Argentina, até o dia 08/11, o plantio de soja atingia a 2,12 milhões de hectares ou 10,8% da área esperada, que é de 19,7 milhões de hectares para este ano. Em se confirmando esta área, a Argentina irá semear 4,5% a mais de área com soja, em relação ao ano anterior.

Pelo lado da demanda, o principal comprador mundial neste momento, a China, anuncia importações de 4,03 milhões de toneladas de soja em grão no mês de outubro, com 6% acima do comprado no mesmo mês de 2011. Todavia, em relação a setembro do corrente ano, o recuo nas compras é de 19%. No acumulado de janeiro a outubro as compras externas de soja, por parte dos chineses, subiram para 48,34 milhões de toneladas ou 16,6% acima do registrado no mesmo período do ano anterior. Do Brasil, os chineses compraram, nos primeiros 10 meses do ano, um total de 22,8 milhões de toneladas de soja, representando um incremento de 13% sobre igual período de 2011.

Enfim, os prêmios nos portos brasileiros fecharam a semana entre 25 e 37 centavos de dólar por bushel, para março próximo. Na Argentina, Rosário indicou prêmio entre 5 e menos 5 centavos para abril/maio. Já no Golfo do México (EUA) os prêmios ficaram entre 70 e 80 centavos de dólar por bushel para março/13.

No mercado brasileiro, os preços médios recuaram durante a semana em função de Chicago. A queda só não foi maior porque o Real se desvalorizou um pouco, chegando a R$ 2,07. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 64,00/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 76,00 e R$ 77,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes giraram entre R$ 64,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 76,00/saco no norte do Paraná.

Na BM&F/Bovespa o contrato para março/13 fechou a semana em US$ 31,02/saco, enquanto maio/13 ficou em US$ 29,69/saco.

O plantio da nova safra brasileira avança rapidamente, embora mais lento do que no ano anterior. E isso igualmente pressiona Chicago para baixo. Todavia, o sul do país começa a enfrentar problemas com a falta de chuvas (nos primeiros 15 dias de novembro não choveu na região produtora), embora ainda seja cedo para se indicar perdas. Assim, até o dia 09/11 o Brasil havia semeado 54% da área esperada, sendo 15% no Rio Grande do Sul, 44% em Santa Catarina, 78% no Paraná, 78% igualmente no Mato Grosso, 83% no Mato Grosso do Sul, 50% em Goiás, 45% em São Paulo, 25% em Minas Gerais e 10% na Bahia.

A preocupação maior fica por conta do sul do país, onde a meteorologia descarta a presença do fenômeno El Niño a partir de novembro, com o clima ficando normal. Ora, normalidade climática no verão do Rio Grande do Sul significa períodos de estiagem. Espera-se que os mesmos não cheguem nos momentos cruciais da soja.

Quanto aos preços futuros, no Paraná, para março, o saco ficou cotado a US$ 30,50 no porto de Paranaguá. No Rio Grande do Sul o FOB interior o valor fechou a semana em R$ 60,50/saco para maio/13. Já no Mato Grosso, para março, o sado ficou em R$ 54,00 em Rondonópolis. No Mato Grosso do Sul, valores em R$ 53,50/saco também para março. Em Goiás indicações de US$ 25,50/saco, na compra, para fevereiro e março. No Distrito Federal valores de R$ 53,00/saco para abril, enquanto em Minas Gerais, a região de Uberlândia indicou preço de R$ 53,50/saco para abril. Na Bahia, valores igualmente em US$ 25,50/saco para maio, na compra. Já no Maranhão o saco ficou em R$ 51,00 para maio, seguido do Piauí em R$ 53,00 para junho. Enfim, Tocantins apontou a safra futura em R$ 50,70/saco, na compra, para maio. (cf. Safras & Mercado)

Nas novas condições de cotação em Chicago, o valor do saco de soja para o produtor gaúcho, em abril/maio, no balcão, em permanecendo o câmbio ao redor de R$ 2,02 e os atuais prêmios médios, passa a oscilar entre R$ 45,00 e R$ 51,00. Isto em caso de safra cheia.

MERCADO DO MILHO

As cotações do milho em Chicago oscilaram bem menos, comparativamente à soja. O fechamento desta quinta-feira (15) ficou em US$ 7,21/bushel, após US$ 7,18 no dia 12/11.

O relatório de oferta e demanda do USDA, apesar de correções para cima na safra dos EUA, apresentou números pouco contundentes e ficou dentro do esperado pelo mercado. A produção final estadunidense de milho está agora estimada em 272,5 milhões de toneladas, contra 272 milhões em outubro. Os estoques finais do cereal, para 2012/13 subiram um pouco, se estabelecendo em 16,4 milhões de toneladas. O patamar de preços médios aos produtores dos EUA baixo para valores entre US$ 6,95 e US$ 8,25/bushel. Em termos mundiais, a safra total está agora em 839,7 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais chegam a 118 milhões. A Argentina ainda está com projeção de colheita em 28 milhões de toneladas e o Brasil em 70 milhões. As exportações brasileiras ficam em 16 milhões de toneladas.

Dito isso, a exportação por parte dos EUA , na semana anterior, chegou a apenas 157.600 toneladas, indicando o aperto na oferta nacional. Afinal, o restabelecimento de estoques convenientes naquele país somente se dará com a futura safra, a partir de setembro/13. Até lá, o mercado local continuará pressionado. Além disso, o Japão, que havia comprando 900.000 toneladas do Brasil, diante do embarque que está atrasado (pelo velho problema da falta de infraestrutura nacional), alerta que poderá se direcionar ao milho dos EUA. (cf. Safras & Mercado)

Enquanto isso, a tonelada FOB do cereal, na Argentina e no Paraguai, fechou a semana em US$ 280,00 e US$ 160,00 respectivamente.
Já no mercado brasileiro, a média gaúcha no balcão se manteve em R$ 28,00/saco, enquanto os lotes giraram ao redor de R$ 34,50/saco na região de Passo Fundo. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 18,50/saco em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 34,75/saco nas regiões catarinenses de Videira, Concórdia e Chapecó.

Os altos preços do milho no mercado brasileiro deverão continuar, especialmente no sul do país onde o clima já provocou prejuízos no plantio precoce e, agora, pela falta de chuvas em novembro, pode trazer novos estragos. Além disso, a exportação brasileira, até o dia 09/11, chegou a 1,52 milhão de toneladas, indicando que novembro pode chegar a 3 milhões de toneladas se houver logística para tanto. As nomeações de navios, aliás, indicam volume ao redor de 3,6 milhões de toneladas.

Por enquanto, toda a oferta que surge no mercado interno está sendo rapidamente absorvida pela exportação ou pelas compras internas. No porto, o prêmio para exportação, que chegaram a menos 40 centavos de dólar por bushel, já estão em mais 5 centavos, refletindo que o Brasil não disporia de grande excedente de milho para janeiro/fevereiro, apesar da espetacular safrinha que colheu. (Safras & Mercado) Em isso se confirmando, os preços do cereal no país não deverão baixar, pelo menos até a colheita de verão, em fevereiro/março. Dali em diante, tudo irá depender do real volume que a futura safra registrará. Pelo sim ou pelo não, Estados como o Rio Grande do Sul, em particular, poderão ter enormes dificuldades de abastecimento para os meses futuros.

Até o dia 1º de novembro a safra de milho de verão no Centro-Sul brasileiro estava com 61% da área semeada, estando hoje quase encerrada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Enfim, a semana encerrou com as importações, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 49,30/saco para o produto dos EUA e R$ 41,99/saco para o produto da Argentina, ambos para novembro. Já o produto argentino, para dezembro, ficou em R$ 42,24/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá atingiu os seguintes valores: R$ 34,06/saco para novembro; R$ 34,21 para dezembro; R$ 34,47 para janeiro; R$ 34,05 para fevereiro; R$ 33,89 para março; R$ 33,90 para abril; R$ 32,92 para maio e R$ 29,24/saco para setembro. (cf. Safras & Mercado)

MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo em Chicago registraram um constante movimento de recuo nesta semana pós-relatório do USDA. Após ter atingido a US$ 9,02/bushel no dia 08/11, o primeiro mês cotado fechou o dia 15/11 em US$ 8,45/bushel.

O relatório de oferta e demanda do dia 09/11 não indicou novidades, confirmando a safra dos EUA em 61,7 milhões de toneladas e os estoques finais, para 2012/13, um pouco mais elevados, em 19,1 milhões de toneladas. O patamar de preços médios para o ano, aos produtores locais, ficou entre US$ 7,75 e US$ 8,45/bushel.

Já a produção mundial de trigo foi reduzida para 651,43 milhões de toneladas, porém, isso não se refletiu nos estoques finais mundiais, pois os mesmos foram elevados em pouco mais de um milhão de toneladas, ficando em 174,18 milhões de toneladas. A produção da Argentina continuou estimada em apenas 11,5 milhões de toneladas e a brasileira em 5 milhões, apesar das quebras de safra. O Brasil deverá importar 7 milhões de toneladas, segundo ainda o USDA.

Dito isso, as vendas líquidas dos EUA, em trigo, no ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de junho, ficaram em 209.400 toneladas na semana encerrada em 1º de novembro. A Coreia do Sul foi a maior compradora, com 101.700 toneladas. Já as inspeções de exportação atingiram a 284.607 toneladas na semana encerrada em 08/11. No acumulado do ano-comercial, as inspeções chegam a 11,6 milhões de toneladas, contra 13,1 milhões no mesmo período do ano anterior.

No Mercosul, os portos argentinos registraram os seguintes preços pela tonelada FOB, na compra: Up River em US$ 342,00; Baia Blanca em US$ 352,00. No Uruguai, o valor da tonelada do trigo velho ficou em US$ 330,00, enquanto no Paraguai os preços subiram para US$ 295,00. Já o produto para exportação brasileiro ficou em US$ 325,00.

Em termos de Brasil, a qualidade do trigo está bastante comprometida e, na medida em que avança a colheita, tal panorama vai se confirmando cada vez mais. Assim, a oferta de trigo de qualidade superior será ainda menor do que o ultimamente estimado. Nesse contexto, os preços da tonelada no Rio Grande do Sul ficaram entre R$ 580,00 e R$ 600,00. Por sua vez, no Paraná, o produto com melhor qualidade está entre R$ 640,00 e R$ 680,00/tonelada. O preço médio de balcão, no mercado gaúcho, para o trigo de qualidade superior, ficou em R$ 30,88/saco.

Nesse momento, até mesmo as regiões produtoras de Santa Catarina acusam perdas de qualidade importantes em seu trigo. Há muito triguilho que começa a ficar disponível, o que poderá segurar um pouco e momentaneamente os preços do milho nesses mercados.

Enquanto o Paraná já colheu cerca de 95% de sua área, o Rio Grande do Sul chega ao redor de 70%, com um produto de qualidade ruim na maior parte dos casos, devido as fortes intempéries ocorridas a partir de 18/09 e que duraram até o final de outubro.

Por enquanto, a Conab, em seu mais recente relatório, estima a produção brasileira de trigo em 4,4 milhões de toneladas, sendo esta 23% menor do que o registrado na safra anterior. Todavia, esse volume poderá ser ainda menor, sem falar na grande perda de qualidade que boa parte do mesmo comporta. A produtividade média do país, por enquanto, recuou para 2.371 quilos/hectare. O Rio Grande do Sul, com 2,05 milhões de toneladas estimadas ainda seria o maior produtor nacional neste ano, porém, com uma produção 25,5% menor do que a registrada no ano passado.

Enfim, a semana terminou indicando o trigo argentino a US$ 352,00/tonelada nos portos. Considerando a despesa de frete e outros custos, e o novo câmbio de R$ 2,07, o produto chegaria CIF moinhos paulistas a R$ 846,00/tonelada. Assim, para chegar ao mesmo patamar do produto importado, o trigo do norte do Paraná poderia ser vendido a R$ 736,00/tonelada. Ou seja, o produto de qualidade ainda tem um espaço para subir de preço no mercado brasileiro.

Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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