O Presidente da COTRIJUI Carlos Domingos Poletto acaba de retornar de recente viagem de estudo aos Estados Unidos. Em conjunto com uma comitiva formada por dirigentes de 22 cooperativas de produção do Brasil, filiadas à Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola – Coodetec-, durante uma semana, eles visitaram produtores, cooperativas e centros de biotecnologia da Monsanto, empresa com quem a Coodetec mantém parceria tecnológica no Brasil.
“O objetivo maior foi a troca de experiências, onde procuramos avaliar níveis tecnológicos e de competitividade entre os dois países. O Brasil está ingressando na era da transgenia, enquanto os norte-americanos já estão completando uma década de convivência com os transgênicos, que hoje estão plenamente incorporados ao processo produtivo. A experiência acumulada ao longo desses anos é vital para apontar caminhos seguros para o agronegócio brasileiro”, observa o presidente da Coodetec, Irineo da Costa Rodrigues.
A comitiva brasileira manteve reuniões e trocou experiências também com dirigentes das Cooperativas Agri Pride F.S. Inc, de Naschville (Illinois) e Top AG, de Okwville (Missouri). São cooperativas formadas por médios produtores, que se especializaram como prestadoras de serviços e operam em sistema de gestão empresarial. Elas prestam serviços similares aos oferecidos pelas Cooperativas brasileiras, como comercialização da produção, aquisição de insumos, armazenagem e transporte de safras.
Dez anos de defasagem
As sementes transgênicas tiveram seu plantio liberado nos EUA em 1996. Na última safra, elas ocuparam 27 milhões de hectares, ou 92% da área de plantio de soja. As sementes transgênicas de milho também lideraram, com 55% da área. O algodão transgênico representou 79% da área.
Nos Estados Unidos também existem grupos ambientalistas, mas a reação contrária à transgenia não convenceu a sociedade e os próprios consumidores. De um modo geral, prevalece o consenso de que o transgênico implica ainda na redução da aplicação de agrotóxicos, extremamente nocivos à saúde dos próprios consumidores. O consumidor sabe que o transgênico demanda uso menor de agrotóxico.
Enquanto o Brasil inaugura nesta safra, o plantio oficializado de sementes transgênicas, o agricultor norte-americano já trabalha com a segunda geração de organismos geneticamente modificados. Híbridos de milho com três genes já estão disponíveis. Eles conferem resistência a ervas daninhas, a lagartas do cartucho e também a pragas da raiz. Com melhor ramificação de raízes, as plantas apresentam a vantagem adicional de resistir mais à falta de umidade.
A soja “Vestive”, lançada este ano, tem baixo teor de óleo saturado. Sementes de algodão transgênicas, além de RR, também controlam insetos. Nos laboratórios de pesquisa norte-americanos estão sendo desenvolvidos outros avanços, que estarão disponíveis nas próximas safras, como híbridos de milho com maior teor de lisina, variedades resistentes à seca e ferrugem, entre outras.
Produtividade
As regiões de Missouri e Illinois, visitadas pelos dirigentes brasileiros, apresentam níveis médios de produtividade elevadíssimos. A soja tem rendimento médio de 4.000 quilos/hectare, o trigo atinge 5000 quilos/hectare e o milho rende 11.000 quilos/hectare.
Um fator que pende em favor do agricultor brasileiro é o custo da terra. Em Missouri e Illinois, um hectare custa algo em torno de R$ 25 mil, mais que o dobro da cotação do RS.