Comentários referentes ao período entre 02/11/2012 a 08/11/2012.
As cotações do trigo em Chicago, ao contrário da soja e do trigo, subiram fortemente na semana. Após atingirem a US$ 8,94/bushel no dia 07/11, romperam o teto dos US$ 9,00, fechando a quinta-feira (08), véspera do relatório de oferta e demanda do USDA, em US$ 9,02/bushel.
As notícias de quebra na safra de inverno dos EUA e a menor oferta mundial, com problemas agora na Argentina, que já tinha uma safra reduzida, aqueceram o mercado mundial.
Nesse meio-tempo as inspeções de exportação dos EUA chegaram a 380.918 toneladas na semana encerrada em 1º de novembro. No acumulado do ano comercial, iniciado em junho, as inspeções somam 11,3 milhões de toneladas, contra 12,9 milhões um ano antes.
Por sua vez, a colheita de trigo de inverno nos EUA atingiu a 92% da área estimada até o dia 04/11.
Pelo lado da demanda, o Egito anunciou compras de 300.000 toneladas de trigo da Romênia, Rússia e França, com valores entre US$ 353,61 a US$ 355,88/tonelada, com embarques previstos na segunda quinzena de dezembro próximo.
Sobre a Ucrânia, onde pairam as principais atenções nos últimos tempos, tem-se que as exportações de trigo atingiram 4,12 milhões de toneladas entre o começo do atual ano comercial, em 1º de julho, e 1º de novembro, se aproximando do limite de 5 milhões de toneladas previstos pelo governo para o ano, segundo a Confederação Agrária do país. O governo havia dito anteriormente que uma restrição às exportações do cereal poderia ser imposta a partir de 15 de novembro, quando as vendas devem alcançar 5 milhões de toneladas, para evitar uma redução na disponibilidade local causada pela fraca safra este ano devido a seca. A Confederação disse que o total do grão exportado em outubro chegou ao recorde mensal para o país de 2,9 milhões de toneladas, com exportadores tirando seu produto do país antes das restrições serem impostas. Entre julho e outubro o total de grãos exportado foi de 8,5 milhões de toneladas. O ministro da agricultura espera uma safra entre 46 milhões e 46,5 milhões de toneladas, contra 56,7 milhões de toneladas do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
No Mercosul, os preços FOB da tonelada de trigo, nos diferentes portos argentinos ficaram da seguinte maneira: no Up River a US$ 335,00, enquanto em Baia Blanca a US$ 352,00, ambos na compra. No Uruguai, o trigo velho ficou em US$ 330,00. Já no Paraguai a tonelada subiu para US$ 295,00. Enquanto isso, o trigo brasileiro para exportação ficou na faixa de US$ 325,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)
No Brasil, os preços se mantiveram firmes para o produto de qualidade superior. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 30,43/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 592,00 e R$ 598,00/tonelada, em média. Nesse último caso, nota-se um claro recuo nos valores do cereal, diante da falta de qualidade do produto gaúcho devido as intempéries. No Paraná, onde igualmente há trigo com problemas de qualidade, porém, em menor escala, os lotes oscilaram entre R$ 672,00 e R$ 675,00/tonelada.
Diante da oferta mundial menor e dos problemas em diferentes países produtores, a busca pelo trigo brasileiro de qualidade aumentou nesse início de novembro, confirmando que o produto nacional terá como grande destino a exportação e outro tanto a ração animal.
No Paraná, a colheita chega a 90% da área, enquanto no Rio Grande do Sul a mesma atinge a 61%, contra 52% na média histórica. O clima quente e seco destes primeiros oito dias de novembro colaborou para um grande avanço na colheita gaúcha. Todavia, a qualidade do produto está comprometida ao redor de 60% da safra que será efetivamente colhida (há importantes perdas físicas igualmente).
Enfim, a paridade de importação indica que o trigo argentino é cotado a US$ 352,00/tonelada FOB nos portos. Com as despesas de frete, demais taxas e considerando a taxa de câmbio a R$ 2,03, o produto chegaria CIF moinhos paulistas a R$ 831,00/tonelada. Neste caso, para chegar ao mesmo patamar do importado às indústrias paulistas, o trigo do norte do Paraná poderia ser vendido por até R$ 721,00/tonelada. Ou seja, há um espaço para que o mesmo seja mais valorizado. (cf. Safras & Mercado)
Abaixo segue o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 12/10 e 08/11/2012.