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09h38

MERCADO DAS COMMODITIES

COMENTÁRIOS REFERENTES AO PERÍODO ENTRE 19/10/2012 A 25/10/2012

MERCADO DA SOJA

As cotações da soja em Chicago, depois das baixas das últimas semanas, se recuperaram neste final de outubro, fechando a quinta-feira (25) em US$ 15,64/bushel, após US$ 15,70 na véspera. Em relação ao valor mais baixo obtido nestes últimos tempos (US$ 14,92/bushel em US$ 15/10), o ganho é de US$ 0,72/bushel.

Dentre os motivos, além do normal ajuste técnico após as baixas consideráveis, temos a contínua demanda pela soja dos EUA, mesmo com uma produção menor, fato que compromete os estoques finais; o quase término da colheita naquele país, indicando que novos volumes somente irão entrar no mercado mundial a partir de janeiro/fevereiro, quando a colheita no Brasil se inicia; e o recrudescimento das dificuldades econômicas nos países europeus, somado à indefinição quanto ao resultado das eleições presidenciais dos EUA, fato que leva os especuladores financeiros a buscarem refúgio nas bolsas de commodities.

Hoje, o mercado considera que a resistência a novas baixas em Chicago estaria ao redor de US$ 15,00/bushel. Isso porque, enquanto não entrar a safra sul-americana, o único fornecedor importante de soja no mundo continuará sendo os EUA, que realiza uma safra menor ao inicialmente esperado. Nesse contexto, tudo irá depender da demanda. Se a mesma não realizar um corte em suas importações, se adequando ao novo quadro de oferta, entre esse final de outubro e o final de fevereiro (momento da entrada da safra sul-americana) Chicago ainda poderá viver momentos de altas importantes em suas cotações.

Nesse sentido, a empresa privada Oil World informa que “as exportações mundiais de soja sofrerão uma queda sem precedentes em setembro de 2012/fevereiro de 2013, prevendo exportações de 38 milhões de toneladas, uma mínima de quatro anos, com impressionantes 4,8 milhões de toneladas a menos em comparação com o ano anterior." Muito desse movimento dependerá do que fará a China, mas Oil World avança que os chineses terão que reduzir suas compras externas e usar seus estoques nesse período, se não quiserem elevar novamente os preços mundiais da soja para níveis recordes.

Enquanto isso, os embarques semanais de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 18/10, chegaram a importantes 1,67 milhão de toneladas, após 1,59 milhão na semana anterior. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de setembro passado, o volume embarcado chega a 6,6 milhões de toneladas, contra 4,3 milhões no mesmo período do ano anterior. Essa realidade vem reestimulando os preços e cria a necessidade de ajustes importantes nas compras dos importadores se não quiserem ver os preços da oleaginosa baterem em novos recordes históricos.

Quanto a colheita nos EUA, até o dia 21/10 cerca de 80% da área havia sido colhida, contra 69% na média histórica.
Já as exportações líquidas estadunidenses, no ano 2012/13, iniciado em 1º de setembro, atingiram a 523.400 toneladas em 11/10, sendo a China o maior comprador com 268.400 toneladas.

Por falar em China, o país asiático anunciou que importou 4,97 milhões de toneladas de soja em grão em setembro, com aumento de 20% sobre setembro de 2011. Nos nove primeiros meses do ano a China importou 44,3 milhões de toneladas, com aumento de 18% sobre o mesmo período do ano anterior.

Desse total, os chineses compraram 3,36 milhões de toneladas da Argentina, isso nos primeiros oito meses do ano (janeiro a agosto), se consolidando como principais compradores do produto argentino. Todavia, em relação ao mesmo período do ano passado, registra-se um recuo nas compras de procedência argentina de 21%.

Por sua vez, a Argentina anunciou um esmagamento de soja ao redor de 2,81 milhões de toneladas em agosto passado, contra 3,02 milhões em igual mês de 2011. No acumulado de seu ano comercial, iniciado em abril, a Argentina já teria esmagado 16,26 milhões de toneladas, contra 17,3 milhões em igual período do ano anterior.

Ao mesmo tempo, em número consolidados, a Argentina informa que sua produção de soja em 2011/12 atingiu apenas 40,1 milhões de toneladas, contra 48,9 milhões no ano anterior e uma projeção, para a futura safra, que está entre 55 e 60 milhões de toneladas segundo o governo local (para o USDA o volume a ser colhido ficaria em 52 milhões de toneladas, talvez 55 milhões se o clima verdadeiramente ajudar).

Desta safra velha, os produtores argentinos já haviam negociado 85% do total até meados deste mês de outubro. Em igual momento do ano anterior, a percentagem negociada era de 93%.

Os prêmios nos portos brasileiros, para março/13 oscilaram entre 15 e 29 centavos de dólar por bushel, enquanto na Argentina (Rosário), para abril/13, os mesmos ficaram entre zero e menos 5 centavos por bushel.

Enquanto isso, no Brasil novas projeções de Safras & Mercado indicam uma área a ser semeada com soja, nesta safra 2012/13, de 27,3 milhões de hectares, a qual resultaria, em clima normal, um total de 82,5 milhões de toneladas. Em isso se confirmando, a área e a produção nacional aumentariam respectivamente de 8,6% e 23,8% sobre a frustrada safra passada. Segundo a mesma fonte, o Paraná semearia 4,7 milhões de hectares para um produção de esperada de 14,8 milhões de toneladas; o Rio Grande do Sul 4,48 milhões de hectares para 12,5 milhões de toneladas; Santa Catarina 490.000 hectares para 1,5 milhão de toneladas; Mato Grosso 7,8 milhões de hectares para 24,6 milhões de toneladas; Goiás 2,8 milhões de hectares para 8,5 milhões de toneladas; Mato Grosso do Sul 1,9 milhão de hectares para 5,7 milhões de toneladas; Minas Gerais 1,15 milhão de hectares para 3,4 milhões de toneladas; São Paulo 670.000 hectares para 1,9 milhão de toneladas; Bahia 1,25 milhão de hectares, para 3,7 milhões de toneladas; Maranhão 620.000 hectares, para 1,8 milhão de toneladas; e Piauí 510.000 hectares para 1,5 milhão de toneladas.

Nesse sentido, até o dia 19/10, o plantio de soja no Brasil atingia a 16% da área esperada, sendo 1% no Rio Grande do Sul; 36% no Paraná; 26% no Mato Grosso; 27% no Mato Grosso do Sul; 3% em Goiás e 9% em Santa Catarina. É bom frisar que, apesar das chuvas terem retornado em grandes proporções no sul do Brasil, o Centro-Norte nacional vem enfrentando déficit hídrico, fato que começa a preocupar o mercado quanto a semeadura da nova safra da oleaginosa.

Nesse contexto geral, os preços locais, a partir de um câmbio estacionado ao redor de R$ 2,02 por dólar, subiram um pouco, com a média gaúcha no balcão ficando em R$ 65,03/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 73,50 e R$ 76,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 69,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 78,25/saco em Cascavel (PR). Na BM&F/Bovespa o contrato novembro/12 ficou em US$ 37,50/saco, o contrato março/13 ficou em US$ 32,62/saco e o contrato maio/13 em US$ 31,56/saco.

Quanto aos preços futuros, no Paraná, para março/13 a compra foi cotada a US$ 32,40/saco no porto de Paranaguá. No Rio Grande do Sul, o FOB interior ficou em R$ 64,00/saco para maio/13; no Mato Grosso R$ 55,00/saco para março/13 em Rondonópolis; no Mato Grosso do Sul em R$ 54,00 também para março; em Goiás US$ 28,00/saco para fevereiro/março do próximo ano; na região do Distrito Federal, R$ 56,00 para abril/13; em Minas Gerais , R$ 57,00 para abril/13 em Uberlândia; na Bahia US$ 27,00/saco para maio/13, enquanto no Maranhão, para o mesmo mês, R$ 55,50/saco. Enfim, no Piauí, para junho/julho do próximo ano o saco de soja ficou em R$ 57,00, enquanto no Tocantins o valor futuro ficou em R$ 54,50/saco para maio/13. (cf. Safras & Mercado)


MERCADO DO MILHO

As cotações do milho sofreram menos oscilações nesta semana, fechando a quinta-feira (25) em US$ 7,42/bushel, contra US$ 7,60 uma semana antes.

A tendência em Chicago continua sendo de alta para o cereal diante da forte quebra na safra dos EUA, porém, Chicago ainda não reproduziu adequadamente esse sentimento nesses últimos dias. Vale notar que o clima mais seco no Centro-Norte brasileiro causa algumas preocupações, embora as chuvas tenham retornado na semana em regiões do Centro-Oeste. Consta que a situação mais grave estaria em Goiás e na Bahia.

Paralelamente, nos EUA as exportações da semana foram muito baixas, refletindo a menor oferta para este ano comercial. As mesmas atingiram apenas 243.926 toneladas. Além disso, os produtores estadunidenses, na expectativa de preços ainda mais altos, estão vendendo muito pouco do que sobrou de suas colheitas. Assim, no curto prazo não está descartada a possibilidade do bushel de milho voltar a superar os US$ 8,00. Especialmente porque a colheita se aproxima do final, havendo 87% da área já cortada, fato que está confirmando a forte quebra já estimada.

Um outro elemento que ajudou ao milho foi a forte elevação das cotações do trigo no final desta semana, puxadas pelo anúncio da Ucrânia de bloquear suas exportações do cereal, devido a quebra de safra, a partir de 15 de novembro próximo. Há um receio de que a Rússia venha a fazer o mesmo, repetindo o quadro de dois anos atrás.

Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB fechou a semana na média de US$ 283,00 e US$ 155,00 respectivamente.

No Brasil, os preços se mantiveram firmes, diante da forte exportação, puxada pela escassez de oferta nos EUA. As nomeações de navios apontam um total de embarque em outubro ao redor de 4,2 milhões de toneladas (na semana anterior um novo recorde foi batido, com 1,19 milhão de toneladas embarcadas, com o mês de outubro já acumulando um total de 2,47 milhões de toneladas vendidas). Para novembro já há nomeações de 1,2 milhão de toneladas.

Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 28,07/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 33,00 e R$ 33,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes giraram entre R$ 18,00/saco no nortão do Mato Grosso e R$ 34,25/saco em Videira (SC).

Enfim, a importação no CIF indústrias brasileiras, fechou a semana em R$ 49,62/saco para o produto dos EUA e R$ 41,65/saco para o produto argentino, ambos para outubro. Já o milho da Argentina, para novembro, ficou em R$ 41,28/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá ficou em R$ 33,59/saco para outubro; R$ 33,66 para novembro; R$ 33,67 para dezembro; R$ 33,45 para janeiro; R$ 33,54 para fevereiro; R$ 33,89 para março; R$ 33,36 para abril; e R$ 33,55/saco para maio/13.

Nessas condições, considerando que haverá redução na área semeada com a nova safra de verão nacional, além de quebras importantes nos Estados do Sul do país, os preços do milho no Brasil não apresentam tendência de redução, pelo menos até a futura colheita.

MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo em Chicago subiram novamente nesta semana, particularmente após o anúncio de que a Ucrânia deverá bloquear suas exportações do cereal a partir de 15 de novembro devido a safra reduzida. Tal comportamento poderá ser seguido pela Rússia. A Ucrânia teria produzido apenas 15,5 milhões de toneladas, contra 22,1 milhões um ano antes. Assim, o fechamento desta quinta-feira (25) ficou em US$ 8,72/bushel, após US$ 8,84 na véspera e US$ 8,68 uma semana antes.

Paralelamente, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, na semana encerrada em 11/10, ficaram em 410.000 toneladas para o ano comercial 21012/13, iniciado em 1º de junho. O principal comprador foi Filipinas com 87.900 toneladas. Por sua vez, as inspeções de exportação, na semana encerrada em 18/10, chegaram a 446.314 toneladas. No acumulado do ano comercial iniciado em 01/06 as inspeções somam 10,7 milhões de toneladas, contra 12 milhões no mesmo período do ano anterior.

Enquanto isso, a colheita do trigo de inverno nos EUA alcançou a 81% da área estimada, até o dia 21/10. A média histórica nesta época é de 80%.

Por outro lado, na Argentina, se confirma a tendência de uma produção de 11,5 milhões de toneladas, com exportações de apenas 5 milhões, porém, esses volumes podem ser menores ainda. Segundo a Bolsa de Buenos Aires, a produção final poderá ficar em tão somente 10,1 milhões de toneladas devido ao excesso de chuvas sobre as regiões produtoras do vizinho país, algo se repete no sul do Brasil.

No Mercosul, as cotações junto aos portos argentinos oscilou entre US$ 327,00 e 340,00/tonelada para novembro. Em Baia Blanca, para janeiro, a compra ficou em US$ 330,00/tonelada. No Uruguai, a indicação de compra esteve a US$ 325,00/tonelada, enquanto no Paraguai o valor ficou o mesmo, para embarque em dezembro.

No Brasil, os preços se mantiveram firmes, porém, estacionários pela pressão da colheita que ocorre nesse momento. Assim, o balcão gaúcho fechou na média de R$ 29,92/saco nesta semana, enquanto os lotes giraram entre R$ 580,00 e R$ 640,00/tonelada, para o produto superior. No Paraná, os lotes estiveram entre R$ 640,00 e R$ 680,00/tonelada.

Importante se faz destacar que os moinhos, no momento, além do produto nacional, importam o cereal do Paraguai e da Argentina, a preços interessantes.

Quanto à colheita, a quebra de safra no Rio Grande do Sul vai se confirmando e o percentual de 40% poderá ser ampliado, especialmente em se somando o fator qualidade ao trigo colhido. A produtividade média do que já foi colhido gira entre 1.500 quilos a 3.600 quilos/hectare (25 a 60 sacos por hectare), havendo muita disparidade regional. O PH tem variado entre 70 e 82, havendo casos abaixo de 70. No caso da qualidade, o problema já está se refletindo nas exportações, onde 100.000 toneladas em contratos já teriam sido canceladas. As indicações de preço para exportação, no FOB Rio Grande, ficaram em US$ 325,00/tonelada, o que corresponderia a R$ 585,00/tonelada no interior do Estado. (cf. Safras & Mercado)

No Paraná, a produção de trigo está estimada em 2,21 milhões de toneladas, sendo que até o dia 15/10 cerca de 72% das lavouras já estavam colhidas.

Enfim, hoje o trigo argentino chega aos moinhos paulistas a US$ 396,00/tonelada, correspondendo a R$ 803,00/tonelada ao câmbio atual. Com isso, para chegar ao mesmo valor desse produto o trigo do norte do Paraná teria que ser vendido a R$ 694,00/tonelada (com frete e ICMS incluídos). Segundo ainda Safras & Mercado, isso estaria mostrando que a paridade de exportação não está longe dos preços pagos pelos moinhos neste momento.

Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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