Comentários referentes ao período entre 12/10/2012 a 18/10/2012.
As cotações do trigo em Chicago, após recuarem para US$ 8,47/bushel no dia 16/10, fecharam esta quinta-feira (18) em US$ 8,68, contra US$ 8,86/bushel uma semana antes.
Nos EUA, o plantio do trigo de inverno chegou, em 14/10, a 71% da área esperada ficando dentro da média histórica.
Na Austrália, as vendas do cereal, no ano 2011/12 ultrapassaram a 20 milhões de toneladas em agosto, pela primeira vez na história de um ano comercial. Forte demanda da Ásia estaria na origem desta performance.
No Mercosul, os preços praticados na Argentina giram entre US$ 335,00 e US$ 350,00/tonelada. No Uruguai a tonelada da safra nova, para dezembro/janeiro está cotada a US$ 330,00. Ainda na Argentina, é importante destacar, como fator altista para o Brasil, o fato de que a nova safra será bem menor, ficando ao redor de 11,5 milhões de toneladas (menos 23,3% sobre o ano anterior). Além disso, o atual ano comercial iniciou com 3,66 milhões de toneladas em estoque. Com a nova safra, o novo ano comercial 2012/13 (início em dezembro de 2012) deverá começar com apenas 647.000 toneladas. No conjunto dos três fornecedores do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) o ano 2011/12 começou com 4 milhões de toneladas em estoque, com uma produção de 18 milhões de toneladas. Neste ano comercial 2012/13, a produção regional será de 14,1 milhões de toneladas, com o volume disponível para exportação recuando para 8 milhões de toneladas. Com isso os estoques finais, em novembro/13 somarão apenas 873.000 toneladas. (cf. Safras & Mercado) Esse quadro de menor oferta nos vizinhos coincide com uma produção menor no Brasil, agora atingida por fortes intempéries no sul do país (apenas no Rio Grande do Sul, as perdas em volume e qualidade do produto poderão chegar a 40%). Ou seja, os elementos estão reunidos para que o próximo ano seja de continuidade de preços mais aquecidos para o trigo brasileiro.
Dito isso, no Paraná a colheita já atinge a 70% da área, enquanto o Rio Grande do Sul avança para 30% em meados de outubro. Mesmo assim, o preço no balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 29,45/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 600,00 e R$ 640,00/tonelada. No Paraná, os lotes ficam entre R$ 640,00 e R$ 690,00/tonelada. Esses preços, em média, estão 35% mais elevados do que os praticados no ano passado na mesma época, tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul. Em dólar, o ganho médio é de 17% nos dois Estados, enquanto na Argentina os preços subiram 37% e em Chicago 36% em um ano. Assim, os preços brasileiros ainda possuem um espaço razoável para mais elevações. (cf. Safras & Mercado)
Todavia, apesar disso e mesmo com uma oferta menor no país, a pressão da colheita, a partir de novembro, deverá debilitar momentaneamente os preços internos, embora a importação continue muito cara.
Enfim, na paridade de importação, a semana fechou com o trigo argentino posto CIF em São Paulo a R$ 831,00/tonelada. Com isso, o trigo procedente do norte do Paraná poderia ser vendido a R$ 722,00/tonelada (com um frete de R$ 95,00/tonelada e ICMS de 2%), segundo Safras & Mercado.
Infelizmente para boa parte dos produtores gaúchos, mais uma vez o clima não permitirá que os mesmos tirem muito proveito desta grande melhoria nos preços do trigo, pois além de perdas físicas, muitas lavouras registram perdas sérias na qualidade do produto. Porém, para os que conseguirem uma colheita normal, os ganhos com o trigo serão interessantes e, pela primeira vez, após alguns anos, não dependerão dos leilões de PEP e outros instrumentos oficiais de comercialização.
Acima o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 21/09 e 18/10/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.