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13h55

TRIGO: CLIMA SURPREENDE NO RS

Nos últimos dias, o produtor gaúcho foi surpreendido pela ocorrência de geadas tardias nas lavouras. O fenômeno aconteceu logo após algumas lavouras terem sofrido com granizo e acamamento pela chuva e vento forte. Os prejuízos só poderão ser quantificados na próxima semana, quando as plantas atingidas pela geada expressarem os estragos.

A falta de chuvas na instalação das lavouras de trigo já poderia reduzir os rendimentos da cultura, mas as intempéries da primavera estão surpreendendo técnicos e produtores no Rio Grande do Sul. De acordo com o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, as mudanças bruscas no clima são comuns nesta época do ano, com grandes oscilações nas temperaturas e precipitações que podem vir acompanhadas de fenômenos como o granizo, vendavais e, ainda que raras, também geadas. “A primavera chegou em 22 de setembro e representa um período de transição entre o frio e o calor, sendo marcada, no sul do País, por chuvas intensas e outras tempestades. Ainda, nesse ano, há a mudança de La Nina para El Nino, que, como de costume, poderá trazer chuvas acima do normal para os próximos meses”, explica o pesquisador.

Conforme o pesquisador da Embrapa Trigo, Eduardo Caierão, “muitas lavouras de trigo sofreram acamamento com vento forte e excesso de chuvas, com danos irreversíveis em muitas situações. Danos por granizo também ocorreram no Estado, de maneira moderada em algumas regiões e severa em localidades específicas. Quanto à geada, mesmo que ainda não seja possível quantificar os estragos, certamente ocorrerá redução na produtividade em algumas lavouras”, esclarece o pesquisador, ressaltando que as perdas podem ter sido maiores no milho.

Para a pesquisadora Jane Machado, da Embrapa Milho e Sorgo, lavouras de milho com mais de cinco folhas definitivas provavelmente, não conseguirão se recuperar e precisarão ser replantadas, mas plantas pequenas, com até cinco folhas, ainda podem se recuperar das intempéries.

DANOS POR GEADA NO TRIGO
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Ricardo Lima de Castro, o trigo é beneficiado por temperaturas relativamente baixas no período da emergência ao espigamento, quando o frio alonga o ciclo de desenvolvimento da cultura, resultando em plantas mais vigorosas e com maior acúmulo de biomassa, gerando espigas maiores. Contudo, se o frio é bom para o trigo, a geada quase sempre é prejuízo. Quase porque o período sensível da planta à geada vai do florescimento à maturação, sendo que a medida em que evolui o estádio da planta, diminuem os danos. “No florescimento, a geada pode causar perda de rendimento, porque nesta fase crítica as estruturas reprodutivas podem ser danificadas; no enchimento de grãos, quando os grãos estão em estado aquoso ou passando para leitoso, a geada pode estagnar o crescimento do grão, também afetando o rendimento”, esclarece o pesquisador. Segundo a Emater/RS, as lavouras gaúchas encontram-se em 50% na fase de floração e 40% em enchimento de grãos. Para dimensionar as perdas pela incidência de geadas no trigo é preciso aguardar alguns dias, ao redor de uma semana, quando as plantas afetadas apresentam claramente os estragos. A instituição prevê divulgar um novo informativo de acompanhamento da safra no prazo de 15 dias.

Para o Observador Meteorológico da Embrapa Trigo, Ivegndonei Sampaio, a menor temperatura nos últimos 32 anos no mês de setembro foi registrada em 2006, com -2,5ºC, que resultou nas geadas de forte intensidade no Rio Grande do Sul, afetando, na ocasião, algumas lavouras de trigo. A geada ocorre quando, associado à entrada de uma massa de ar frio, há um resfriamento intenso da superfície por perda de radiação de ondas longas durante a noite e as temperaturas ficam negativas. Essa situação aconteceu em praticamente toda a Região Sul nesta última semana de setembro. “Historicamente, a geada ocorre nos meses mais frios, em julho e agosto, mas geadas tardias, em setembro, também acontecem com freqüência no sul do Brasil”, explica o pesquisador Gilberto Cunha.

Fonte: Embrapa Trigo

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