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15h46

MERCADO DAS COMMODITIES

Comentários referentes ao período entre 14/09/2012 a 20/09/2012.

MERCADO DA SOJA

As cotações da soja tiveram um forte movimento de baixa nesta semana. Aquilo que se anunciava (um mercado sob influência de forte presença especulativa financeira, e um movimento altista muito atípico em relação ao milho e trigo, sugerindo correção em determinado momento) parece ter iniciado. Dito de outra maneira, bastaram medidas mais sólidas de apoio a economia dos EUA e da Europa, e o início da colheita nos EUA, para que as cotações cedessem. Pode ser início de nova tendência, porém, ainda é cedo para uma certeza.

Dito isso, o fato é que depois de quebrar mais um recorde histórico em 04/09, quando o bushel bateu em US$ 17,71, o mercado flutuou um pouco abaixo disso, acabando por fechar, neste dia 20/09 em US$ 16,18, perdendo US$ 1,53/bushel em duas semanas, sendo que a queda mesmo se deu nos últimos dias.

Pelo lado financeiro, o Comitê Federal de Mercado Aberto do Banco Central dos EUA (FED) anunciou que aumentará o volume mensal de compra de títulos atrelados a hipotecas para algo em torno de US$ 40 bilhões e que alongou até meados de 2015 o prazo pelo qual pretende manter as taxas de juros entre zero e 0,25% ao ano. Até o momento, o Federal Reserve vinha adquirindo de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões por mês em títulos atrelados a hipotecas.As compras refletiam a política da instituição de reinvestir o dinheiro gerado pelos ativos que possui em carteira. Posteriormente, o Fed afirmou que ainda comprará mais US$ 23 bilhões em títulos atrelados a hipotecas. (cf. Safras & Mercado)

Pelo lado da oferta de soja, a colheita dos EUA, até o dia 16/09 atingia a 10% da área total, contra 4% na média histórica, e a produtividade se mostrava superior ao esperado. Ao mesmo tempo, as condições das lavouras voltaram a melhorar um pouco, com 33% entre boas a excelentes, 31% regulares e 36% entre ruins a muito ruins. Para o milho, 24% entre boas a excelentes, 26% regulares e 52% entre ruins a muito ruins. Na soja, até a data indicada 57% das lavouras estavam em estágio de maturação.

Por sua vez, os registros de exportação, na semana encerrada em 13/09, atingiram a 717.700 toneladas, ficando dentro da expectativa do mercado. Já os embarques de soja pelos EUA, na mesma data, atingiram a 271.000 toneladas, acumulando desde 1º de setembro (início do ano comercial 2012/13) um total de 614.300 toneladas, contra 670.400 toneladas no mesmo período do ano anterior.

Além disso, as abundantes chuvas ocorridas em boa parte do Brasil e a Argentina dão indicativos de que o plantio poderá iniciar a contento, estimando-se uma safra recorde.

Enquanto isso, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja atingiu 3,39 milhões de toneladas em agosto, contra 3,74 milhões em julho. No acumulado do ano comercial 2011/12, iniciado em 1º de outubro de 2011, o esmagamento total chega a 41,2 milhões de toneladas, contra 39,5 milhões em igual período do ano anterior.

Pelo lado da demanda, a China anuncia que suas importações de soja, em setembro, poderão chegar a 4,1 milhões de toneladas. Para agosto o volume teria sido de 4,42 milhões de toneladas. No acumulado do ano as importações do produto somaram 39,34 milhões de toneladas, com 17,4% acima de igual período do ano passado. A China comprou 21,641 milhões de toneladas de soja em grão no Brasil entre janeiro e agosto, segundo a SECEX. Isso significa 23% sobre as 17,53 milhões de toneladas compradas em igual período do ano anterior.

Por sua vez, os prêmios nos diferentes portos brasileiros, para a futura safra, já recuaram fortemente, ficando entre 7 centavos de dólar por bushel e menos 10 centavos, para março/13. Para abril/maio Paranaguá, por exemplo, indica prêmio negativo entre 10 e 20 centavos de dólar por bushel.

No Brasil, os preços começaram a recuar na esteira do recuo de Chicago, mesmo com prêmios elevados e um câmbio que se mantém ao redor de R$ 2,02. Mesmo assim, o balcão gaúcho ainda fechou com média semanal de R$ 75,00/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 85,25 e R$ 86,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 70,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 84,50/saco em Cascavel (PR).

Na BM&F/Bovespa, o contrato novembro/12 ficou em US$ 41,29, enquanto o março/13 chegou a US$ 33,55/saco. Já o maio/13 se estabeleceu em US$ 31,25/saco.

Quanto aos preços futuros, o Paraná trabalhou com US$ 32,50/saco para março/13 no porto de Paranaguá. Já no Rio Grande do Sul, o interior cotou a R$ 66,50/saco para maio/13. No Mato Grosso, a região de Rondonópolis cotou o saco a R$ 56,00 para março/13, enquanto Dourados (MS) ficou em R$ 55,00/saco para o mesmo mês. Goiás trabalhou com valores de R$ 59,00/saco para fevereiro/março do próximo ano, enquanto a região de Brasília ficou em R$ 57,00/saco para abril/13. Em Minas Gerais, para o mesmo mês, o saco ficou em R$ 60,00. Na Bahia, para maio/13, o valor chegou a R$ 59,00/saco e no Maranhão a R$ 56,00/saco. No Piauí, valor de R$ 59,00/saco para junho/13, enquanto no Tocantins o mesmo ficou em R$ 55,00/saco para maio/13. (cf. Safras & Mercado) É bom lembrar que tais valores, no balcão, aos produtores rurais, no momento da colheita, tendem a ser bem mais baixos.

Tanto é verdade que o balcão gaúcho, numa projeção para abril/13, tomando como referência Chicago para maio/13, prêmio para maio/13 e o dólar atual, indica valores ao redor de R$ 55,00/saco no momento. Isso representa uma redução superior a R$ 10,00/saco sobre o que está sendo oferecido no FOB interior nesse momento. E com tendência a recuar mais em caso de safra recorde, como se espera, caso o clima colabore.

MERCADO DO MILHO

As cotações do milho em Chicago, pelos motivos já conhecidos, tiveram oscilações bem menores do que as da soja nesta semana. Mesmo assim, o mercado terminou a semana em baixa, com o bushel fechando o dia 20/09 em US$ 7,46, contra US$ 7,76 uma semana antes.

A pressão baixista, que atingiu mais a soja, tem no fato de que o fluxo de investidores saindo de commodities e fluindo para títulos imobiliários nos EUA, após o pacote do FED, o ponto central do movimento das cotações. Além disso, notícias de chuvas na América do Sul e colheita em forte ritmo nos EUA ajudaram a pressionar o mercado. Enfim, boatos de que a China estaria liberando estoques estratégicos para evitar importações neste momento, completaram o quadro.

Por sua vez, os embarques de milho pelos EUA, na semana anterior, ficaram em 708.911 toneladas, superando as expectativas do mercado. No entanto, a colheita do cereal naquele país já havia superado os 25% da área até o dia 16/09, havendo grandes possibilidades de a mesma se encerrar até o final da primeira quinzena de outubro. Nesse sentido, os produtores estão acelerando as vendas, fato que pressiona momentaneamente os preços para baixo.

Diante disso, preocupa o fato de que a demanda mundial possa não arrefecer diante de preços mais baixos, fato que pode causar problemas de oferta futura diante da enorme quebra de safra nos EUA. Ou seja, o espaço para novas baixas nas cotações do milho poderia estar bastante limitado até o início do próximo ano, quando entra a safra sul - americana. Nesse contexto, ganha importância o relatório de estoques trimestrais nos EUA a ser anunciado no próximo dia 28/09.

Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB fechou a semana valendo respectivamente US$ 272,00 e US$ 167,50, ambas para setembro.

Já os preços no Brasil ficaram da seguinte forma: o balcão gaúcho a R$ 28,32/saco. Enquanto isso, os lotes no Brasil giraram entre R$ 32,25/saco no norte gaúcho e R$ 16,50/saco em Sorriso (MT). Assim, por enquanto, mesmo com a forte exportação do cereal, o mercado brasileiro e sul-americano vem cedendo em seus preços, puxados pela enorme safrinha colhida. Ou seja, o fôlego que as altas de Chicago tinham oferecido em julho e agosto, parece ter se esgotado, por enquanto, nesse mês de setembro.

Falando em exportações, para setembro o Brasil já nomeou navios para 3,88 milhões de toneladas e outubro já disporia de 1,2 milhão de toneladas nomeadas. Nas primeiras duas semanas de setembro o país exportou 1,5 milhão de toneladas.

Enfim, a importação no CIF indústrias brasileiras atingiu a R$ 48,86/saco para o produto dos EUA e R$ 40,28 para o produto argentino, ambos para setembro. Já para outubro, o produto argentino permaneceu em R$ 40,28/saco. Quanto as exportações, no transferido via Paranaguá, o valor atingiu a R$ 31,31/saco para setembro; R$ 31,17 para outubro; R$ 31,10 para novembro; R$ 31,58 para dezembro; R$ 31,75 para janeiro; 31,50 para fevereiro; R$ 31,75 para março; e R$ 31,48/saco para abril/13. (cf. Safras & Mercado)

MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo em Chicago praticamente ficaram estáveis durante a semana, apesar do forte movimento baixista da soja. O bushel do cereal fechou a quinta-feira (20) em US$ 8,79, mesmo valor registrado há uma semana.

As vendas líquidas dos EUA, na semana encerrada em 06/09, chegaram a 381.800 toneladas para o ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de junho. O México foi o maior comprador com 86.600 toneladas desse total.

Por sua vez, a Argentina confirma uma área semeada de apenas 3,6 milhões de hectares, o que significa recuo de 21,7% sobre o ano anterior. Assim, será preciso um clima excelente para que o volume colhido fique ao redor de 11 milhões de toneladas apenas (menos 17,5% sobre o colhido no ano anterior). O vizinho país terá, assim, apenas 5,5 milhões de toneladas para exportar, contra 7,2 milhões um ano antes.

Paralelamente, segundo o USDA, a safra mundial 2012/13 terá uma redução de 36 milhões de toneladas, criando um déficit, em relação ao consumo mundial, de 77 milhões de toneladas. Esse é mais um fator que tem dado sustentação às cotações do trigo em Chicago, fato que mantém elevados os preços do cereal no Brasil.

No Mercosul, o preço básico argentino gira entre US$ 325,00 e US$ 335,00/toneladas, enquanto no Uruguai o mesmo estaria ao redor de US$ 300,00/tonelada e no Paraguai a US$ 280,00/tonelada no FOB Foz do Iguaçu.

Nessas condições, o mercado brasileiro se mantém firme. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 28,54/saco em termos médios. Já os lotes giraram entre R$ 580,00 e R$ 600,00/tonelada. No Paraná, o produto de qualidade superior segue ao redor de R$ 700,00/tonelada, enquanto o mercado geral negocia o produto entre R$ 640,00 e R$ 700,00/tonelada.

Na paridade de importação, o cereal argentino, procedente de Baia Blanca, é cotado a US$ 330,00/tonelada, chegando aos moinhos paulistas a US$ 388,00/tonelada. Pelo câmbio atual, esse valor corresponde a R$ 785,00/tonelada. Assim, para chegar ao mesmo nível de preços do produto argentino, o trigo do norte do Paraná poderia ser vendido até a R$ 681,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)

Enquanto isto, no Rio Grande do Sul , os moinhos têm comprado pouco, esperando a entrada da nova safra sul-americana. A indicação para exportação da nova safra está ao redor de R$ 620,00/tonelada, posto em Rio Grande. Cerca de 900.000 toneladas já teriam sido fixadas.

Todavia, um fator novo surgiu nesta semana. Os fortes temporais ocorridos no dia 18/09 nas regiões produtoras gaúchas provocaram muitos estragos nas lavouras, havendo casos de perda total no trigo. Os dados totais não foram ainda contabilizados, mas provavelmente o Estado gaúcho não terá mais a produção inicialmente esperada e muito menos a qualidade desejada em parte de sua futura produção. Além disso, muitas lavouras já vinham sofrendo antes com a falta de chuvas e o forte calor.

Para completar o quadro, a Conab anunciou mais um leilão de venda de trigo para o dia 25/09, incluindo também o Paraná. Essa decisão revoltou o setor produtivo desse Estado, que está em plena colheita. O total oferecido no leilão será de 51.684 toneladas, fato que travou o mercado nacional.

Enfim, segundo a Secex, o Brasil teria importado em agosto um total de 783.800 toneladas de trigo. Esse volume seria 55% superior ao comprado em julho e o maior do ano. Nos primeiros oito meses de 2012 as importações nacionais do cereal somam 4,4 milhões de toneladas ou 17,4% acima de igual período de 2011. No mesmo período, as importações de farinha de trigo somaram 425.800 toneladas, sendo 8% a menos do que o registrado no mesmo período de 2011. (cf. Safras & Mercado e Cepea)
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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