Comentários referentes ao período entre 06/09/2012 a 13/09/2012
As cotações do trigo em Chicago igualmente recuaram nos últimos dias, passando de US$ 8,84/bushel em 07/09, para US$ 8,60 no dia 11/09, subindo um pouco após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA. O fechamento desta quinta-feira (13) ficou em US$ 8,79/bushel.
O relatório indicou o seguinte:
1) nada de novo na produção dos EUA, confirmando o volume total de 61,7 milhões de toneladas e estoques finais para 2012/13 em 19 milhões;
2) redução no patamar de preços a serem recebidos pelos produtores estadunidenses do cereal, com o mesmo ficando agora entre US$ 7,50 e US$ 8,70/bushel;
3) no cenário mundial, a produção global recuou para 658,73 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais vieram para 176,71 milhões de toneladas;
4) a produção argentina foi mantida em apenas 11,5 milhões de toneladas, enquanto a brasileira permaneceu em 5 milhões;
5) a produção russa perdeu quatro milhões de toneladas, ficando ainda mais abaixo do que o até então anunciado, atingindo a 39 milhões de toneladas;
6) já a produção da Austrália foi mantida em 26 milhões de toneladas;
7) as importações brasileiras de trigo estão projetadas em 7 milhões de toneladas.
Dito isso, a colheita do trigo de primavera nos EUA chegou a 95% da área até o dia 02/09. Ao mesmo tempo, a colheita do trigo de inverno já foi encerrada.
No Mercosul, além da produção argentina já indicada, as quais permitiriam vendas externas de no máximo 5,5 milhões de toneladas pelo vizinho país, o Paraguai espera colher 1,3 milhão de toneladas, com exportações de 1,2 milhão, enquanto o Uruguai chegaria a 1,9 milhão de toneladas e potencial exportador de 1,5 milhão de toneladas pelo menos. Todavia, o analista privado Safras & Mercado aponta produção de apenas 1,45 milhão de toneladas e exportações ao redor de 1,0 milhão. O mercado mercosulino espera que a demanda brasileira aumente e escoe parte de sua produção.
Já os preços nos vizinhos países indicaram, na Argentina, valores de US$ 330,00/tonelada no Up River e Necochea, com ganhos entre 12% a 15% sobre o mês anterior. Para a nova safra, Necochea aponta valores entre US$ 325,00 e US$ 330,00/tonelada. Em Baia Blanca a tonelada chega a US$ 325,00 para embarque em janeiro. No Uruguai a compra esteve a US$ 300,00/tonelada, enquanto no Paraguai o produto posto em Foz do Iguaçu ficaria em US$ 280,00/tonelada. Enfim, o trigo do Rio Grande do Sul (safra nova) esteve indicado para compra a valores entre US$ 310,00 e US$ 312,00/tonelada (isso equivale, ao câmbio atual, a R$ 37,57 e R$ 37,81/saco).
Enquanto isso, no Paraná, a tonelada chega, hoje, facilmente a R$ 700,00 (R$ 42,00/saco) para o melhor tipo de trigo. Já no Rio Grande do Sul os produtores estariam pedindo R$ 34,80/saco ou R$ 580,00/tonelada.
Pela paridade de importação, o trigo cotado a US$ 325,00/tonelada em Baia Blanca (Argentina) chegaria aos moinhos de São Paulo em torno de US$ 383,00/tonelada. Ao câmbio atual isso representa R$ 774,00/tonelada. Para chegar ao mesmo patamar do produto argentino, o cereal do norte paranaense poderia ser vendido por até R$ 670,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)
Ora, em termos médios, a semana fechou com o balcão gaúcho valendo R$ 28,79/saco para o produto mediano, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 565,00 e R$ 570,00/tonelada. Já no Paraná, os lotes ficaram entre R$ 670,00 e R$ 685,00/tonelada.
No Paraná, a colheita avança (34% das lavouras estão em fase de maturação) e a qualidade do produto começou a melhorar substancialmente (mesmo com o clima mais seco e quente, com quebras localizadas, 75% das lavouras do Paraná estão em excelente estado fitossanitário). Para essa nova safra, os compradores locais indicam preços entre R$ 630,00 e R$ 640,00/tonelada. Sem os leilões oficiais, a paridade do mercado passa a ser o trigo paraguaio. O mesmo, CIF Curitiba estaria em US$ 320,00/toneladas, o que representa algo em torno de R$ 650,00/tonelada ao câmbio atual. Já nos moinhos paulistas, o produto chegaria a US$ 370,00/tonelada, o que resulta numa paridade de R$ 650,00/tonelada no norte do Paraná. (cf. Safras & Mercado)
Pelo lado do Rio Grande do Sul, as lavouras de trigo foram atingidas por forte calor e seca no final de agosto e início de setembro. Todavia, as boas chuvas do final de semana do feriadão da Independência, acompanhadas de clima mais frio, melhoraram as condições gerais das lavouras gaúchas.
Enfim, importante se faz lembrar que a Conab, em seu 12º levantamento de safra, estima a produção nacional de trigo 2012/13 em 5,22 milhões de toneladas (volume superior do indicado pelo USDA), sendo esta 9,8% abaixo do colhido no ano anterior. A área semeada ficou 13,1% abaixo do ano anterior no país. Por enquanto, a produtividade média nacional está estimada em 2.773 quilos/hectare, com alta de 3,8% sobre o ano anterior. O Rio Grande do Sul deverá colher, se o clima deixar, um total de 2,65 milhões de toneladas, ou seja, 3,3% a menos do que as 2,74 milhões colhidas em 2011/12. A área gaúcha cresceu 4,7%. Já no Paraná, a colheita deverá atingir a 2,12 milhões de toneladas, ou seja, menos 15% sobre o colhido no ano anterior.
Acima o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 17/08 e 13/09/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e Estudos de Mercado Agropecuário.