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08h19

TRIGO: MOMENTO DE CONTROLAR DOENÇAS FÚNGICAS

No Brasil, cerca de 15 doenças podem ocorrer nas lavouras de cereais de inverno, mas na Região Sul, onde está 90% da produção nacional de trigo, quatro grupos são os que mais causam problemas: oídio, ferrugem, manchas e giberela. De acordo com a Embrapa Trigo, as perdas em rendimento de grãos causadas pelas doenças em trigo são na média de 44,6 %, o equivalente a 1.152 kg/ha (19,2 sacas de 60 kg) de trigo por hectare. Não está aqui computada a qualidade dos grãos colhidos, fator esse importante no momento da comercialização do produto pelo agricultor.

O aumento das chuvas na primavera é comum no sul do país, favorecendo as doenças de espiga, como a giberela, o que torna o uso de fungicida uma ferramenta importante para estabilizar a produção de grãos. Contudo, para obter sucesso no controle de doenças fúngicas, é fundamental o uso de métodos integrados de controle: “O controle de doenças tem mais chances de sucesso quando associa procedimentos como tratamento de sementes, semeadura na época indicada, adubação equilibrada, rotação de culturas, escolha adequada da cultivar e, por último, o tratamento da parte aérea com fungicidas. É arriscado depender somente do fungicida porque o clima pode não colaborar, dificultando as operações na lavoura e a própria eficácia do produto”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leodato Nunes Maciel.

Atualmente, existem 79 produtos registrados para tratamento da parte aérea do trigo e outros 11 produtos indicados para o tratamento de sementes. Como os gastos com defensivos representam 16% do investimento na lavoura, vale a pena comparar o custo no tratamento de sementes – R$ 6,00 a R$ 25,00/ha – com o custo do tratamento com fungicidas na planta – R$ 19,50 a R$ 75,00/ha. “Nos últimos dez anos, o custo do controle químico tem se tornado relativamente menor, o que acabou ampliando o uso das pulverizações. Mas se houver o tratamento de sementes, a aplicação na parte aérea pode ser adiada. No caso do oídio por exemplo, dependendo do fungicida, a proteção das plantas pode ficar ativa por até 60 dias após a emergência”, avalia João Leodato.

QUANDO APLICAR O FUNGICIDA

O uso de fungicidas deve garantir a sustentabilidade econômica e ambiental da atividade agrícola. Por isso, se a doença não ocorre ou se não é econômico fazer o seu controle, não se justifica aplicar fungicida, pois contribui para a poluição ambiental e aumento do custo de produção. Satisfazendo os princípios básicos do manejo integrado de doenças, a pesquisa desenvolveu como critério para o controle com fungicidas o Limiar de Dano Econômico (LDE), considerando aspectos como nível de incidência, estádio de desenvolvimento das plantas, expectativa de produtividade da lavoura e custo da operação, entre outros. O LDE representa a quantidade máxima de doença tolerável economicamente na cultura do trigo, assim, se o LDE for alcançado é recomendado o controle da doença, mas caso seja ultrapassado, as perdas decorrentes serão irrecuperáveis. Por esse motivo, os fungicidas não devem ser aplicados de forma preventiva (sem doença) ou tardiamente (ultrapassando o LDE). As equações para o cálculo do LDE estão disponíveis nas Indicações Técnicas para Trigo e Triticale 2012 que podem ser acessadas no site www.cnpt.embrapa.br.

- MANCHAS FOLIARES: as mais frequentes são macha marrom, mancha amarela e mancha das glumas. O controle principal é a rotação de culturas, que pode reduzir a incidência de manchas em até sete vezes, associado ao tratamento de sementes e ao uso de cultivares resistentes. O monitoramento da lavoura deve iniciar a partir do alongamento, mas para determinar para determinar o controle das manchas é preciso fazer amostragem de plantas infectadas em vários pontos da lavoura.

- OÍDIO: controle deve contar com o tratamento de sementes, uso de cultivares resistentes e tratamento com fungicida. O controle do oídio em cultivares suscetíveis é mais econômico via tratamento de sementes do que por meio da aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos. O monitoramento da doença deve começar no afilhamento do trigo.

- FERRUGEM DA FOLHA: existem cultivares resistentes no mercado, mas frequentemente a resistência é quebrada com um novo surto da doença. A fase mais crítica para o aparecimento das primeiras pústulas de ferrugem nas folhas é a partir do florescimento.

- GIBERELA: como não existem cultivares resistentes, o controle depende essencialmente do manejo, começando pelo escalonamento da semeadura, o que evita que as plantas de trigo cheguem ao espigamento todas ao mesmo tempo ampliando os danos. O monitoramento da lavoura deve começar no espigamento, antes mesmo do florescimento, até a fase final de enchimento de grãos. De uma maneira geral, estima-se que a eficiência dos fungicidas seja de, no máximo, 50 a 60%. Outra alternativa é acompanhar a previsão climática através de modelos de simulação da epidemia, como a ferramenta SISALERT:TRIGO (www.sisalert.com.br) que pode ser utilizada para conhecer o risco relativo de ocorrência da giberela nas lavouras de trigo.

Foto: Mancha das glumas
Fonte: Embrapa Trigo

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