Comentários referentes ao período entre 31/08/2012 a 05/09/2012
MERCADO DA SOJA
Nesta curta semana, onde houve feriado nos EUA no dia 03/09 (Dia do Trabalho naquele país) e feriado no Brasil neste dia 07/09 (Dia da Independência), a soja bateu um novo recorde histórico no dia 04/09 ao alcançar US$ 17,71/bushel para o primeiro mês cotado. Posteriormente, o fechamento da quarta-feira (05) acusou um forte ajuste técnico, com o bushel fechando em US$ 17,48. Mesmo assim, a Bolsa entrou setembro se mantendo nas máximas históricas. Vale destacar igualmente que a diferença deste fechamento com o de maio/13 caiu significativamente, já que este mês fechou na quarta-feira (05) em US$ 16,13. Ou seja, de uma diferença de cerca de três dólares entre o mês presente e maio/13, registrada em julho e alguns momentos de agosto, nesse início de setembro a mesma recuou para US$ 1,35/bushel. Enfim, a média de agosto ficou em US$ 16,95/bushel, contra US$ 16,58 em julho e US$ 13,64 em agosto de 2011. Dessa forma, o ganho médio do bushel de soja, em um ano (agosto/11 a agosto/12) é de US$ 3,31 ou 24,3%.
Por enquanto, apesar de algumas melhoras climáticas em determinadas regiões, as condições das lavouras nos EUA não mudaram. No dia 02/09 as mesmas estavam com 37% entre ruins a muito ruins, 33% regulares e 30% entre boas a excelentes. No milho, o quadro era respectivamente de 52%, 26% e 22%. No caso da soja, naquela data 19% das lavouras estavam em maturação, contra 9% na média histórica.
Por sua vez, a colheita nos EUA deverá se intensificar no final deste mês, fato que poderá forçar um recuo temporário das cotações, porém, com intensidade relativamente pequena. A quebra na safra e os baixos estoques deverão manter esse mercado pressionado, pelo menos até se consolidar o plantio da América do Sul e sua posterior colheita, no início de 2013. O quadro geral está a exigir um racionamento do consumo, diante de preços mundiais tão elevados. Isso provavelmente poderá ser a causa de recuos das cotações, no futuro, até que a oferta volte a se normalizar em 2013, caso o clima colabore tanto na América do Sul quanto na do Norte.
Paralelamente, as exportações líquidas dos EUA em soja, para o ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de setembro ficaram em 731.400 toneladas, enquanto os registros de exportação, na semana encerrada em 23/08, atingiram a 721.300 toneladas.
Por outro lado, o ano comercial 2011/12 fechou no dia 30/08/12 com embarques de 411.700 toneladas naquela semana. Com isso, no acumulado do ano comercial o total alcançou 37,16 milhões de toneladas, contra 40,54 milhões um ano antes.
Pelo lado da demanda, as importações de soja por parte da China teriam atingido a 4,7 milhões de toneladas em agosto, contra 5,87 milhões em julho. Para o segundo semestre a previsão é de que as importações chinesas alcancem 25,5 milhões de toneladas, contra 29 milhões no mesmo período de 2011. Nesse contexto, a participação brasileira nas vendas para a China, em agosto, diminuiu, porém, no acumulado dos oito primeiros meses do ano os embarques para o país asiático somaram 21,6 milhões de toneladas, contra 17,5 milhões em igual período do ano anterior.
O prêmio nos portos brasileiros continuou elevado, girando entre US$ 2,00 e US$ 3,30/bushel para setembro. Enquanto isso, para abril/maio de 2013, Paranaguá estabelece prêmios negativos entre 10 e 18 centavos de dólar por bushel nesse momento. No Golfo do México (EUA) o prêmio oscilou entre 65 e 75 centavos de dólar por bushel para setembro. Já em Rosário (Argentina), para abril/maio de 2013 o prêmio gira entre menos 10 e menos 15 centavos de dólar por bushel. Nota-se, portanto, que na América do Sul a próxima safra, esperada cheia, aponta prêmios totalmente diferentes dos atuais, fato que deve puxar para baixo os preços locais da soja no momento da futura colheita.
Por enquanto, no atual contexto, os preços da soja no Brasil continuaram em elevação. A média gaúcha, no balcão, bateu em R$ 74,44/saco nesta primeira semana de setembro, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 85,35 e R$ 86,15/saco, não havendo praticamente mais soja disponível da última safra. No restante do país, os lotes oscilaram entre R$ 77,30/saco em Barreiras (BA) e R$ 87,90/saco em Cascavel (PR), na média semanal.
Quanto aos preços futuros, no Paraná março/13, para compra em Paranaguá (porto) chegou a US$ 35,00/saco. A um câmbio de R$ 2,03 (fechamento desta quarta-feira, dia 05/09) isso representa R$ 71,05/saco. No interior gaúcho, a compra para maio/13 ficou em R$ 67,50/saco. No Mato Grosso, a região de Rondonópolis, para fevereiro/13 praticou valores de R$ 62,00/saco. No Mato Grosso do Sul, para março/13, os valores ficaram em R$ 60,00/saco. Já em Goiás, valores de R$ 63,00/saco na compra para fevereiro e março de 2013. O mesmo valor foi registrado em Uberlândia (MG) para abril/13. Na Bahia, Barreiras praticava R$ 61,50/saco para maio/13, enquanto no Maranhão, Balsas indicava R$ 61,00/saco para o mesmo mês futuro. No Piauí, a soja futura esteve cotada a R$ 62,00/saco para julho/13 enquanto Tocantins indicava valores de R$ 60,80/saco para maio/13. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, pela menor oferta de produto neste ano, já em agosto o Brasil acusa menor exportação de soja em grão. Segundo o MDIC (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior) o país exportou apenas 2,4 milhões de toneladas de soja no mês passado. Isso representa 41,4% a menos do que o embarcado em julho passado e 34,7% a menos do que o exportado em agosto de 2011.
MERCADO DO MILHO
As cotações do milho fecharam a quarta-feira (05/09) em US$ 7,89/bushel, mantendo seu patamar de oscilação iniciado no início de julho passado. A média de agosto ficou em US$ 8,03/bushel, contra US$ 7,77 em julho/12 e US$ 7,13/bushel em agosto de 2011. Nota-se, portanto, que, apesar da enorme quebra de safra nos EUA e da forte redução de seus estoques, as cotações do milho não oscilam tão fortemente quanto a soja. Isso nos leva a crer que um forte ajuste para baixo nos valores da soja, na medida em que as safras mundiais se normalizarem, poderá ocorrer. Mesmo porque a especulação financeira em Chicago igualmente tende a mudar parcialmente de rumo caso a economia mundial venha a dar algum sinal de melhoria para 2013.
Joga em favor da manutenção de preços ainda elevados em Chicago o fato da safra mundial de trigo também ser menor, devido a quebra russa e a redução da área na Argentina. Ao mesmo tempo, continua a indefinição do governo estadunidense sobre a redução na produção de etanol para liberar mais milho para as rações animais e exportação.
Afora isso, um novo problema surge no cenário da colheita dos EUA. Após 10% da área cortada, o produto obtido apresenta alta concentração de aflotoxina, fato que bloqueia as exportações. Isso deverá, inclusive, favorecer as vendas do cereal por parte do Brasil e da Argentina.
Até o dia 02/09 as condições das lavouras estadunidenses se encontravam com 52% entre ruins a muito ruins, 26% regulares e 22% entre boas a excelentes, percentual idêntico ao da semana anterior.
O mercado espera agora o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 12/09. As primeiras projeções privadas indicam uma produção final dos EUA entre 254,1 e 269,3 milhões de toneladas. A FC Stone avança uma produtividade média de apenas 7.622 quilos/hectare. Pelo sim ou pelo não, tais números já estariam precificados pelo mercado, devendo causar poucas alterações nas cotações caso forem confirmados oficialmente.
Paralelamente, a tonelada FOB de milho argentino e paraguaio ficou respectivamente em US$ 290,00 e US$ 195,00, se mantendo nos valores da semana anterior.
No Brasil, os preços do cereal se mantiveram elevados. O balcão gaúcho fechou a semana com a média de R$ 27,68/saco, enquanto os lotes oscilaram ao redor de R$ 33,75/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes subiram, exceção feita ao Centro-Oeste onde a pressão da safrinha é muito grande, forçando recuo de preços. Assim, em Sorriso (MT) a média ficou em R$ 18,75/saco, enquanto em Santa Catarina a média alcançou R$ 34,75/saco.
A confirmação de uma exportação de 2,7 milhões de toneladas de milho em agosto e a nomeação de 3,5 milhões de toneladas para setembro dão sustentação ao mercado nacional. O mesmo assiste a um escoamento para o exterior acima do imaginável até meados do ano, eliminando em boa parte a pressão da safrinha recorde. Pelo menos por enquanto, a tal ponto que já começam preocupações oficiais quanto a necessidade de estoques públicos para conter a alta interna do produto.
Até o dia 24/08 o Centro-Sul brasileiro havia colhido 82% da safrinha, sendo 96% no Mato Grosso, 95% em Goiás, 65% no Mato Grosso do Sul, 55% em São Paulo e 72% no Paraná. (cf. Safras & Mercado)
Enfim na importação CIF indústrias brasileiras, o saco de milho, para setembro, valia R$ 50,32 para o produto dos EUA e R$ 42,77 para o produto argentino. Nesse último caso, para outubro, o valor era de R$ 43,02/saco no início de setembro. Já na exportação, o transferido via Paranaguá indicou os seguintes valores: R$ 34,51/saco para setembro; R$ 34,70 para outubro; R$ 34,90 para novembro; R$ 34,93 para dezembro; R$ 35,07 para janeiro; R$ 35,26 para fevereiro; R$ 34,91 para março e R$ 34,61/saco para abril.
MERCADO DO TRIGO
As cotações do trigo em Chicago, após terem ultrapassado os US$ 9,00/bushel em duas oportunidades em agosto, iniciaram setembro em recuo, com o fechamento desta quarta-feira (05) em US$ 8,45/bushel, após a média de agosto ter batido em US$ 8,76, contra US$ 8,61 em julho e US$ 7,17/bushel em agosto de 2011.
As vendas líquidas de trigo dos EUA, no ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de junho, atingiram a 508.400 toneladas na semana encerrada em 23/08. A Nigéria foi o maior comprador com 124.500 toneladas. Já as inspeções de exportação do cereal atingiram a 692.876 toneladas na semana do 30/08. No acumulado do ano comercial iniciado em junho passado, as inspeções somam 7,03 milhões de toneladas, contra 8,16 milhões no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, a produção da Austrália se confirma igualmente menor, com a mesma devendo atingir a 25 milhões de toneladas, após o recorde de 29,5 milhões no ano anterior. Mas há projeções internas de volume ainda menor, ficando as mesmas entre 21 e 23 milhões de toneladas.
Na Rússia, a colheita da nova safra 2012/13 deverá ficar mesmo em 41 milhões de toneladas, contra 56,2 milhões da safra anterior. Com essa quebra, devido ao clima seco, a Rússia terá apenas 8 milhões de toneladas para exportação, contra 21,6 milhões no ano anterior.
Soma-se isso à redução de 21,7% na área cultivada da Argentina e o quadro mundial está formado para que os preços internacionais do cereal se mantenham elevados, pelo menos pelo restante de 2012.
Tanto é verdade que no Mercosul, o porto argentino Up River acusa um valor de compra de US$ 330,00/tonelada, com pequena desvalorização de 2,9% em um mês, enquanto Necochea apresenta alta de 6,5% em 30 dias, com a tonelada no mesmo valor. Já a safra futura argentina apresenta preços de venda em US$ 335,00/tonelada, com alta de 12,1% em um mês. No Uruguai, a tonelada FOB de trigo local chegou a US$ 320,00, com recuo de 3% em relação ao mês anterior. No Paraguai, a entrada da nova safra reduz o preço da tonelada para US$ 260,00, com perdas de 17,5% em relação ao mês anterior. Enfim, a safra brasileira, a ser entregue em dezembro, apresenta indicação de compra a US$ 290,00/tonelada (ao câmbio de hoje equivale a R$ 35,32/saco) e de venda a R$ 320,00/tonelada (R$ 39,00/saco). (cf. Safras & Mercado)
No mercado brasileiro, os preços continuam subindo. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 28,23/saco, enquanto os lotes se estabilizaram entre R$ 565,00 e R$ 570,00/tonelada. Já no Paraná houve aumento novamente dos preços, com os lotes passando a valores entre R$ 623,00 e R$ 638,00/tonelada. Todavia, nesse Estado, o trigo de qualidade superior, semelhante ao argentino, não está sendo vendido por menos de R$ 700,00/tonelada (R$ 42,00/saco). Os negócios ainda estão lentos, pois a colheita está apenas iniciando e a quantidade não é suficiente para atender ao mercado. Além disso, há problemas de qualidade em parte do volume colhido, fato que leva os moinhos locais a considerarem os valores pedidos muito altos.
No Rio Grande do Sul, onde a colheita se dará apenas em novembro, as altas temperaturas começam a provocar problemas de doenças fúngicas segundo a Emater local.
Ao mesmo tempo, a CONAB realizou mais um leilão de venda no dia 04/09, negociando 92% de um total disponibilizado de 50.932 toneladas. Os valores negociados fecharam na média de R$ 540,00 a R$ 550,00/tonelada. Espera-se pelo menos mais um leilão oficial nesse Estado antes do início da colheita.
Enfim, diante de preços do milho em constantes altas, o farelo de trigo começa a ter enorme procura no mercado brasileiro. Em Santa Catarina, por exemplo, a tonelada do produto está em R$ 480,00, com ganhos de R$ 10,00/tonelada em relação a semana anterior. Além disso, no norte gaúcho e muitas regiões catarinenses as chuvas voltaram a rarear a partir de meados de agosto, contrariando as expectativas.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.