Comentários referentes ao período entre 24/08/2012 a 30/08/2012.
As cotações do trigo em Chicago subiram nesta última semana de agosto, fechando o dia 30/08 em US$ 8,80/bushel, após US$ 8,85 na véspera. O valor é praticamente o mesmo registrado no primeiro dia do mês de agosto. O mercado deste cereal, apesar da produção ser normal nos EUA, está sob pressão das perdas em outras regiões produtoras, como a Rússia, da redução de área importante na Argentina, e do movimento altista dos grãos vizinhos negociados na Bolsa de Chicago, no caso milho e soja.
Nos EUA, a colheita do trigo de primavera chegou a 89% da área no dia 26/08, contra a média histórica de 57% nesta época do ano. Ou seja, a mesma está bastante adiantada, trazendo uma oferta maior de trigo mais cedo.
Enquanto isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, referentes ao ano comercial 2012/13, iniciado em 01/06, chegaram a 468.800 toneladas, na semana encerrada em 16/08. O Japão foi o maior comprador com 88.500 toneladas.
Por sua vez, as inspeções de exportação de trigo por parte dos EUA atingiram a 513.915 toneladas na semana encerrada em 23/08. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de junho, o volume inspecionado chega a 6,3 milhões de toneladas, contra 7,5 milhões na mesma época do ano passado.
Paralelamente, o Conselho Internacional de Grãos reduziu sua estimativa de produção mundial de trigo para 2012/13. A mesma está agora em 662 milhões de toneladas, ou seja, três milhões a menos do que a estimativa anterior. A safra russa está estimada em apenas 41 milhões de toneladas, sendo que o mercado especula que o governo local proíba as exportações, embora os russos desmintam.
Pelo lado das importações, o Egito, através de sua estatal GASC, anunciou a compra de 180.000 toneladas de trigo da Rússia. 60.000 toneladas foram compradas a um preço de US$ 319,00/tonelada, outras 60.000 a US$ 320,94/tonelada e mais 60.000 toneladas a US$ 323,94/tonelada. O embarque está previsto para o período de 1º a 10 de outubro deste ano.
Outra notícia altista para o trigo veio da Argentina que informa uma área semeada com o cereal, em 2012/13, de apenas 3,6 milhões de hectares. Isso significa que o recuo da mesma, em relação ao ano anterior, não é mais de 17% e sim de 21,7%. Nessas condições, o volume a ser colhido, se nada ocorrer de ruim com o clima, deverá ser de apenas 11,5 milhões de toneladas, ou seja, 27% abaixo do colhido no último ano.
Somando o caso argentino, com outras situações regionais, o saldo dos estoques junto aos países do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai, irá recuar de 66% em 2012/13, ficando em apenas 1,5 milhão de toneladas, após 4,4 milhões um ano antes. A produção total destes países será de 14,7 milhões de toneladas, com um recuo de 18,2% sobre o ano anterior. Temos aí mais um fator de alta para o trigo brasileiro.
Já na Austrália, a maior região produtora de trigo está enfrentando forte seca. As projeções locais indicam perdas de até 50% na produção, com a mesma recuando para 6 milhões de toneladas, após 11,6 milhões do ano anterior. Se a região não receber chuvas até o próximo mês a realidade irá piorar ainda mais. Julho teria sido um dos meses mais secos da história local.
No Mercosul, o trigo para embarque entre setembro e outubro chegou entre US$ 340,00 e US$ 350,00/tonelada, se valorizando 3,3% em relação ao mês anterior e 8,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O trigo da nova safra a ser colhida está oscilando entre US$ 315,00 e US$ 325,00/tonelada. Já o trigo do Uruguai tem indicação para setembro a US$ 325,00/tonelada, com um recuo de 6,1% em relação ao mesmo período do mês anterior e ganho de 18,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O produto paraguaio, no FOB Foz do Iguaçu/PR está em apenas US$ 270,00/tonelada na venda. Já o trigo brasileiro para compra, com entrega entre dezembro e janeiro próximos fica em US$ 290,00/tonelada e para venda entre US$ 320,00 e US$ 325,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
No Brasil, os preços do cereal se mantiveram firmes, porém, sem grandes aumentos na semana. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 27,45/saco, enquanto os lotes registraram valores entre R$ 565,00 e R$ 570,00/tonelada. No Paraná, os lotes ficaram entre R$ 610,00 e R$ 619,00/tonelada.
Na prática, a estabilidade se deve a poucos negócios que se realizam no momento, pois à uma disparidade de preços entre o comprador e o trigo que começa a ser colhido no Paraná. Em Cascavel (PR), por exemplo, a indicação de compra está em R$ 580,00 por tonelada e a venda em R$ 640,00, assinalando uma alta mensal de 7,41% e ganhos anuais de 18,37%. Já em Santa Catarina o valor da tonelada de trigo está em R$ 570,00 para compra e R$ 635,00 para venda.
Efetivamente, no Paraná boa parte das lavouras está pronta para ser colhida. Em função disso, a Conab não realizou nenhum leilão de venda nesta semana e, no Paraná, os mesmos não deverão mais ocorrer devido a chegada da colheita nesse mês de setembro de forma mais intensa. Já no Rio Grande do Sul, onde a colheita se dará particularmente em novembro, mais leilões poderão ocorrer ainda. Tanto é verdade que a Conab agendou para o dia 04/09 um leilão de trigo a granel e ensacado nos Estados de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo. Na oportunidade, o total ofertado deverá alcançar o volume de 50.932 toneladas.
Apenas indústrias moageiras poderão participar dos leilões.
Paralelamente, pelo lado comprador, os moinhos que adquiriram o cereal dos estoques públicos não estão dispostos a entrar no mercado aos patamares pedidos pelos vendedores, iniciando um processo de pressão para baixa dos preços. Com estoques recompostos, aguardam que o aumento da oferta, no pico da colheita, ofereça melhores oportunidades de negócios. Com isso, a indicação nominal de interesse de compra no Paraná fica por volta de R$ 580,00. Por outro lado, as indústrias com necessidades de aquisições imediatas encontram um mercado com preços superiores a estes. O preço do produto, nesse caso, fica por volta de R$ 640,00 e R$ 650,00 por tonelada. (cf. Safras & Mercado)
Acima o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 03/08 e 30/08/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.