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14h16

ANÁLISE SEMANAL DO MERCADO DA SOJA, MILHO E TRIGO

Comentários referentes ao período entre 10/08/2012 a 16/08/2012.

SOJA:

As cotações da soja oscilaram bastante na semana tendo, inclusive, voltado a superar os US$ 17,00/bushel após o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 10/08, embora o mesmo tenha confirmado o que o mercado esperava. Todavia, novas chuvas durante a semana, embora fracas, e previsão de mais chuvas para os próximos dias, sobre as regiões produtoras dos EUA, enfraqueceram o movimento de alta mais para o final da semana. Mesmo assim, o fechamento desta quinta-feira (16) ficou em elevados US$ 16,56/bushel. É bom destacar que, para maio/13, Chicago fechou o dia 16/08 em US$ 14,59/bushel, mantendo a tendência de baixa para os meses futuros.

O relatório do USDA, em síntese, trouxe o seguinte:

1) para 2012/13 a produtividade está agora estimada em 2.427 quilos/hectare, com recuo de 10,9% sobre o anunciado em julho passado;

2) a produção estadunidense está agora estimada em 73,3 milhões de toneladas, com recuo de 14 milhões de toneladas em relação ao inicialmente previsto. Em julho ainda se falava em 83 milhões de toneladas;

3) os estoques finais dos EUA recuaram para apenas 3,12 milhões de toneladas, com perda de 11,5% sobre julho;

4) com isso, os preços médios aos produtores dos EUA, para a atual safra, foram elevados para um patamar compreendendo valores entre US$ 15,00 e US$ 17,00/bushel;

5) em termos mundiais, a produção global foi reduzida para 260,5 milhões de toneladas, mas mesmo assim quase 30 milhões acima do registrado no ano anterior;

6) a produção chinesa de soja ficou estimada em 12,6 milhões de toneladas, enquanto as importações recuaram para 59,5 milhões, após 61 milhões estimadas em julho;

7) os estoques mundiais da oleaginosa recuaram para 53,4 milhões de toneladas, perdendo 4,1% sobre julho;

8) a futura produção brasileira está estimada agora em 81 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina em 55 milhões de toneladas;

9) sobre a safra 2011/12, houve corte nos estoques finais, com os mesmos ficando agora em 3,9 milhões de toneladas, após 4,6 milhões em julho;

10) enfim, a produção mundial da safra 2011/12 ficou em 236,1 milhões de toneladas e estoques finais em 51,9 milhões de toneladas. A safra dos EUA foi de 83,2 milhões, enquanto a brasileira se situou em 65,5 milhões e a da Argentina em 41 milhões de toneladas, embora nesse último caso as estatísticas locais falem de 39,9 milhões de toneladas. Já as importações chinesas se situaram em 57,5 milhões de toneladas (nota-se que as futuras compras chinesas aumentariam apenas 2 milhões de toneladas em relação a esse número do ano de 2011/12).

Paralelamente, os embarques semanais dos EUA, na semana encerrada em 09/08, registraram 427.200 toneladas, acumulando desde setembro/11 o volume de 35,7 milhões de toneladas, contra 39,8 milhões um ano antes.

Enquanto isso, o esmagamento de soja nos EUA, em julho, chegou a 3,74 milhões de toneladas, superando a expectativa do mercado e acumulando, desde setembro/11, um total de 40,8 milhões de toneladas, contra 39,7 milhões em igual momento do ano anterior.

Por sua vez, o retorno das chuvas, mesmo que irregulares e intensidade fraca, acabou melhorando um pouco a qualidade das lavouras estadunidenses. Assim, no dia 12/08 havia 38% das lavouras em condições entre ruins a muito ruins, 32% regulares e 30% entre boas a excelentes (nesse último caso, 29% na semana anterior). Para o milho, os percentuais respectivos ficaram em 51%, 26% e 23%, piorando levemente o quadro em relação a semana anterior. O estágio das lavouras de soja, na data indicada, era de 97% em floração e 83% em frutificação.

Se as chuvas continuarem, mesmo que esparsas, parte das perdas indicadas até o momento pode ser revertida, mudando um pouco o panorama do mercado.

Quanto à demanda, a China indicou importações de 5,87 milhões de toneladas de soja em julho, com aumento de 10% sobre o mesmo mês do ano anterior. Sobre junho, o ganho foi de 4%. No acumulado dos primeiros sete meses do ano, as importações chinesas somam 34,9 milhões de toneladas, com alta de 20% sobre o mesmo período de 2011.

Já na Argentina, os produtores locais negociaram 77% da safra 2011/12, contra 70% em igual período do ano passado. Ainda no vizinho país, a soja transgênica de segunda geração Intacta RR2 PRO também foi aprovada. A Monsanto espera agora a aprovação da China, já que os europeus a teriam aprovado dias atrás.

Enfim, os prêmios nos diferentes portos tiveram o seguinte comportamento: no Golfo do México (EUA), valores entre 95 centavos de dólar e US$ 1,00/bushel; em Rosário (Argentina) valores entre US$ 1,00 e US$ 1,20/bushel; e nos diferentes portos brasileiros, valores entre US$ 1,80 e US$ 2,70/bushel. Alerta-se que, para abril/maio de 2013, em Paranaguá, o prêmio gira entre -3 e -8 centavos de dólar por bushel.

No mercado brasileiro, os preços continuaram elevados, também mantidos por elevados prêmios, como vimos, e um câmbio que permaneceu em R$ 2,02. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 70,03/saco em média semanal, enquanto os lotes giraram entre R$ 80,50 e R$ 83,00/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 70,50/saco em Sapezal e R$ 82,50/saco no oeste do Paraná. Quanto aos preços futuros, o interior gaúcho, para maio/13, registrou R$ 63,00/saco. No Mato Grosso, Rondonópolis cotou, para março/13, o saco a US$ 26,50. Isso, ao câmbio de hoje, equivale a R$ 53,53/saco. No Mato Grosso do Sul, a região de Dourados, para março/13, registrou valor de R$ 56,00/saco. Em Goiás, para o mesmo mês, o saco ficou em R$ 61,00. Em Minas Gerais, para abril/13, a região de Uberlândia cotou o saco a R$ 59,00. Na Bahia, o preço futuro na compra bateu em US$ 26,00 para maio/13, enquanto no Maranhão tivemos R$ 56,00/saco. No Piauí, a região de Uruçuí registrou valores de R$ 56,00/saco para maio/13, enquanto Pedro Afonso, no Tocantins ficou em R$ 55,60/saco para o mesmo mês. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, na BM&F/Bovespa o mês de setembro fechou a semana em US$ 40,69/saco, enquanto novembro encerrou a US$ 39,36/saco. Já o contrato para maio/13 ficou em US$ 31,25/saco

MILHO

As cotações do milho em Chicago igualmente oscilaram bastante na semana, influenciadas pelo relatório do dia 10/08 e pelo retorno de chuvas parciais em algumas áreas de milho dos EUA. O fechamento desta quinta-feira (16) ficou em US$ 7,97/bushel, consolidando valores elevados para o cereal.

O relatório do USDA acabou confirmando o esperado pelo mercado:

1) a produção dos EUA está agora estimada em apenas 273,6 milhões de toneladas, contra 375 milhões inicialmente projetada;

2) os estoques finais caíram para tão somente 16,5 milhões de toneladas, sendo o pior estoque desde 1995;

3) a área a ser colhida caiu para 39,4 milhões de hectares, com uma produtividade média 7.748 quilos/hectare ou 129,1 sacos por hectare;

4) o patamar de preços médios ao produtor dos EUA passou a valores entre US$ 7,50 e US$ 8,90/bushel;

5) a produção mundial de milho recuou agora para 849 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais ficaram estimados agora em 123,3 milhões de toneladas;

6) a produção brasileira e argentina de milho está respectivamente estimada em 70 milhões e 28 milhões de toneladas;

7) enfim, as exportações brasileiras de milho ficaram indicadas em 14 milhões de toneladas.

Os números dos EUA, segundo analistas estadunidenses, somente foram possíveis devido a um forte corte na demanda. Resta saber se o que foi posto no papel irá realmente se confirmar na prática. Por enquanto, a demanda pelo milho dos EUA continua forte, preocupando o mercado. Tanto é verdade que há receios de que o governo adote medidas de racionamento interno de forma a garantir o abastecimento local. A ONU solicitou ao governo dos EUA que adote medidas para conter a produção de etanol de milho. Diante disso, os preços em Chicago recuaram parcialmente nesta semana.

Soma-se a isso o fato de que o relatório de condições das lavouras dos EUA praticamente nada modificou em relação a semana anterior, confirmando que as chuvas ocorridas estancaram, por enquanto, as quebras. Assim, 51% das lavouras estão entre ruins e muito ruins, 26% regulares e 23% entre boas a muito boas.

Vale ainda destacar que as exportações semanais estadunidenses de milho atingiram a 928.000 toneladas, ficando acima do esperado pelo mercado, fato que ajuda a sustentar os preços elevados, mesmo com a ameaça de o governo local restringir exportações e reduzir a produção de etanol de milho para que sobre mais cereal para a ração animal local e mesmo exportações.

A colheita do cereal começou lentamente em algumas regiões dos EUA, porém, ainda há pouco milho para embarcar no interior, fato que eleva os prêmios no Golfo. Mas esse pouco colhido permite segurar um pouco a pressão de consumo no interior do país. Dito isso, o mercado aguarda as notícias e avaliações do CropTour na próxima semana para checar os números em relação à projeção do USDA. Além disso, o foco é que nestes níveis de preços a demanda não será contida e isto poderá causar altas mais agressivas adiante. (cf. Safras & Mercado)

Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB ficou, respectivamente, em US$ 290,00 e US$ 202,50.

Nesse contexto mundial, os preços no Brasil se mantiveram firmes e até mesmo em elevação mais uma vez. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 26,55/saco, enquanto os lotes, no Rio Grande do Sul, fecharam a semana entre R$ 32,00 e R$ 34,00/saco. Nas demais praças do país, os lotes oscilaram entre R$ 19,75/saco em Sorriso (MT) e R$ 34,25/saco em Concórdia e Videira (SC). Nota-se que os preços estacionam no Mato Grosso em função da forte entrada da safrinha.

O que vem auxiliando muito nesse novo comportamento altista é a forte demanda pelo milho brasileiro no exterior, diante da ameaça de falta de oferta por parte dos EUA. Tanto é verdade que nos primeiros 10 dias de agosto o país já exportou 752.800 toneladas, o que reporta uma venda total no mês acima de 2 milhões de toneladas, o que seria um recorde mensal. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, a semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 49,19/saco para o produto oriundo dos EUA e R$ 42,46/saco para o produto da Argentina, ambos para agosto. Já para setembro o produto argentino manteve os R$ 42,46/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, registrou R$ 34,30/saco para agosto; R$ 34,43 para setembro; R$ 34,63 para outubro; R$ 34,66 para novembro; 34,92 para dezembro; R$ 35,07 para janeiro/13; R$ 35,26 para fevereiro e R$ 35,48/saco para março de 2013.

TRIGO

As cotações do trigo em Chicago, após baterem acima de US$ 9,00/bushel, recuaram durante a semana, fechando a quinta-feira (16) em US$ 8,61/bushel. Na prática, o relatório do USDA trouxe informações baixistas ao cereal, embora o mesmo esteja muito balizado pelo comportamento da soja e do milho na Bolsa.

Quanto ao relatório, o mesmo trouxe as seguintes informações:

1) a área semeada com trigo nos EUA foi mantida em 19,7 milhões de hectares, todavia a produtividade média foi elevada para 3.126 quilos/hectare ou 52,1 sacos/hectare;

2) a produção final dos EUA foi elevada para 61,7 milhões de toneladas, sendo 2% superior ao anunciado em julho;

3) os estoques finais do cereal, para 2012/13, foram elevados para 19 milhões de toneladas nos EUA;

4) mesmo assim, o patamar de preços médios a ser recebido pelos produtores estadunidenses foi elevado para valores entre US$ 7,60 e US$ 9,00/bushel;

5) em termos mundiais, a safra estimada passa para 662,8 milhões de toneladas, com um recuo de 4,7% sobre a realizada no ano anterior;

6) os estoques finais mundiais recuam para 177,2 milhões, contra 197,6 milhões de toneladas um ano antes;

7) enfim, a produção do Brasil e da Argentina está estimada em 5 e 11,5 milhões de toneladas respectivamente.

Paralelamente, a colheita do trigo de inverno nos EUA já alcançava 94% da área no dia 12/08, contra a média histórica de 91%.

Enquanto isso, as vendas líquidas de trigo no ano comercial 2012/13, iniciado em 01/06, atingiram a 665.300 toneladas na semana encerrada em 02/08. A Nigéria foi o principal comprador com 116.400 toneladas. Por sua vez, as inspeções de exportação de trigo dos EUA atingiram a 604.293 toneladas na semana encerrada em 09/08. No acumulado do ano comercial iniciado igualmente em 01/06 as inspeções atingem a 5,18 milhões de toneladas, contra 5,77 milhões um ano antes.

Nesse contexto, o Egito anunciou a compra de 120.000 toneladas de trigo da Rússia e Ucrânia, sendo que 60.000 toneladas foram ao preço de US$ 313,00/tonelada na Rússia e outras 60.000 toneladas a US$ 313,88/tonelada na Ucrânia. O embarque está previsto para o período de 21 a 30 de setembro próximo. (cf. Safras & Mercado)

No Mercosul, o porto argentino Upriver indicou negócios, para agosto/setembro, a US$ 335,00/tonelada, representando um aumento de 8,1% em relação ao mesmo período de um mês atrás. Em Bahia Blanca a referência de compra esteve em US$ 305,00/tonelada, com alta de 1,7% em comparação com o mês anterior. Na região portuária de Necochea a indicação foi de US$ 320,00/tonelada, com elevação de 10,3% em comparação com o mesmo período do mês passado. No Uruguai a referência de compra ficou em US$ 330,00/tonelada, com alta mensal de 22,2%. Já no Paraguai, a indicação de compra ficou em US$ 320,00/tonelada, com variação positiva de 23,1% no mês. Mesmo com o recuo das cotações em Chicago os preços no Mercosul têm se mantido estáveis, pois existem pressões em função das perdas causadas pela baixa umidade em importantes países produtores e da redução da área plantada na Argentina.

No Brasil, os preços continuaram em alta, com o balcão gaúcho batendo agora em R$ 25,91/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 555,00 e R$ 570,00/tonelada. No Paraná, os lotes ficaram entre R$ 590,00 e R$ 600,00/tonelada. Nesse último caso, o valor do saco de trigo equivale a R$ 36,00.
A tendência continua sendo agora de um mercado com preços melhores para essa nova safra brasileira. Dentre eles temos o aumento dos preços mundiais, a redução na área da Argentina, a quebra na safra da Rússia, a redução da área semeada no Paraná, com a consequente redução na produção nacional.

Por outro lado, no Paraná, de acordo com o Deral, encontram-se em boas condições 86% das lavouras, 12% em condições médias e 2% em condições ruins.

Paralelamente, a Conab anuncia uma safra nacional de 5,3 milhões de toneladas. Mais otimista do que o USDA e mesmo os analistas privados nacionais, tal produção ainda assim será 8% menor do que a registrada no ano passado. Todavia, para isso o clima tem de colaborar, fato que preocupa. Até o momento as lavouras nacionais estão muito boas, porém, o anúncio de fortes chuvas em setembro e outubro, devido a chegada do fenômeno climático El Niño, poderá frustrar parte da safra, pelo menos em qualidade. Devido a redução na área paranaense, em função do milho safrinha, o Rio Grande do Sul, se o clima deixar, poderá colher 2,65 milhões de toneladas (3,3% abaixo do colhido no ano anterior), porém, liderar a produção nacional desta feita.

Dito isso, o mercado do trigo nacional continua muito ligado aos leilões de venda da Conab. No dia 10/08 a Companhia negociou um total de 87.009 toneladas de uma oferta de 101.403 toneladas. O valor médio da tonelada ficou em R$ 556,00, superando os R$ 501,00 demandados inicialmente pela Conab. A pouca oferta nacional do produto e as dificuldades maiores na importação elevam os preços nacionais, inclusive nos leilões. Um novo leilão ocorreria nesse dia 17/08, com oferta de 101.017 toneladas.

Enfim, vale ainda destacar que em Goiás a colheita começou e os preços se situam em R$ 600,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário

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