O Informativo COTRIJUI deste último domingo (05/08) abordou o tema: “Cenário Econômico Mundial”. Para falar sobre o assunto, o programa convidou o Prof. Argemiro Luís Brum, Doutor em Economia Internacional, para falar aos associados da Cooperativa sobre o descompasso mundial existente, não somente em relação às commodities, mas na economia em geral.
Segundo o Analista Econômico, esse descompasso teve inicio na já na crise de 2007. “Desde então, há uma desestruturação mundial que esta provocando sérios problemas e prejuízos para diversas economias no mundo.” Argemiro Brum citou como exemplo a economia na Grécia e Espanha, que apresentam altíssimos níveis de desemprego, somente na Espanha, o índice chega a 25% da população ativa, atingindo todas as outras potencias mundiais.
Brum destacou ainda que no Brasil a situação não é diferente. “Embora o governo venda a ideia de que a crise não seria tão grave, fomos atingidos há algum tempo e a situação aparece agora com redução na geração de empregos, desempregos em algumas situações. Os pacotes paliativos do Governo, induzem a população à um consumo cada vez mais, o que faz com que o índice de inadimplência aumente.” No primeiro semestre quase 20% das famílias brasileiras estavam inadimplentes.
Já no setor primário, tivemos uma seca significativa, no sul do Brasil e no sul da América do Sul. “Há um problema de safra significativo o que nos causou uma falta de liquidez para nossa economia em geral”, diz Brum. Sabemos que o Rio Grande do Sul depende consideravelmente do agronegócio, e quando este é atingido por intempéries, por exemplo, toda economia é atingida, o que piora o quadro, principalmente para nós do noroeste do estado, onde a seca foi mais forte.
Já se esperava uma elevação nos preços das commodities, visto que não há produto suficiente. Soma-se a isso a seca nos Estados Unidos, a maior desde 1956, o que prejudica aproximadamente 100 milhões de toneladas de milho. A soja, como possui o ciclo um pouco mais tardio, a previsão de quebra é um pouco menor, 10 milhões de toneladas. “A crise fez com que o setor financeiro começasse a atuar muito forte na bolsa de Chicago, comprando ativos, negócios de soja, elevando os preços e a seca colaborou para isso”, disse o Analista.
Estamos hoje numa situação de preços fora do normal. A soja, por exemplo, bateu dois recordes históricos apenas no mês de julho, chegando a valer U$ 17,57 o bushel no dia 20 de julho. “O resultado disso tudo é, que por um lado, estamos sendo extremamente positivos, pois preços altos em Chicago são preços altos também para nós. Somando ainda o cambio que mudou completamente de março para cá, o governo desvalorizando o real em 20% de março até hoje, e ao mesmo tempo os prêmios no porto subiram significativamente, já que falta produto devido a nossa seca. Tudo isso acabou levando os nossos preços em reais a níveis que ninguém imaginava, R$ 70,00/sc no balcão,” destacou o Argemiro.
Para o lado do produtor isso parece extremamente positivo, e na verdade é. Porém, a economia mundial não pode pagar esses preços. “Não é um caso apenas nosso, a economia mundial não pode pagar esses preços tão altos que estão aí. Há problemas em todos os lugares. O governo Argentino, por exemplo, vem bloqueando as exportações de soja, colocando um imposto sobre as importações (o confisco, que no inicio dos anos 80 também havia no Brasil), com o objetivo de evitar que os preços subam em demasia, e com isso evitar que os seus produtores tenham acesso a preços excelentes que tem hoje, provocando, é claro, revolta dos produtores. No Brasil não chegamos a esse extremo, mas estamos enfrentando dificuldades de liquidez com esses preços, em todas as áreas. Há uma situação geral das empresas, que estão em grandes dificuldades para conseguir enfrentar uma situação em que os preços disparam fora da normalidade”, destacou.
A China vem reagindo também a esses preços, anunciando nesse final de semana que colocará seus estoques finais de soja, estocados há muitos anos, no mercado interno para segurar a importação, que estava aumentando o custo de vida da população chinesa. “A demanda mundial não aguenta pagar preços desse tipo” ressalta.
Escute o programa na íntegra acessando o link “Informativo COTRIJUI” na página inicial deste site.