As cotações do trigo acompanharam o movimento da soja e do milho em Chicago, saindo de US$ 9,43/bushel no dia 20/07 para US$ 8,78 no dia 24/07, voltando para US$ 9,14 no dia 30/07 para finalmente fechar a quinta-feira (02/08) em US$ 8,65/bushel. A média de julho ficou em US$ 8,61/bushel, contra US$ 6,56 em junho.
Embora o clima seco de verão não tenha sido tão prejudicial ao trigo nos EUA, houve perdas localizadas e, particularmente, na safra de inverno do cereal.
Por sua vez, as inspeções de exportação dos EUA, em trigo, alcançaram o volume de 583.365 toneladas na semana encerrada em 26/07, contra 321.020 toneladas na semana anterior, em número revisado. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de junho, o volume alcança 3,99 milhões de toneladas, contra 5,03 milhões em igual período do ano anterior.
Por outro lado, na Rússia, a safra 2012/13 foi revisada para baixo, perdendo agora 8% e ficando em 45 milhões de toneladas. Com isso, o recuo total da produção será de 20%, mas ainda assim um volume superior as 41,5 milhões de toneladas da safra 2010/11. Pelo sim ou pelo não, o fato é que a nova produção indica um recuo de 59% sobre o produzido em 2011/12. Diante disso, a Rússia poderá impor novamente restrições às suas exportações de trigo, alavancando ainda mais os preços mundiais do cereal.
Enquanto isso, na Argentina o plantio da safra 2012/13 chegou a 88% da área no dia 26/07. A área total esperada seria de 3,82 milhões de hectares, contra 4,63 milhões no ano anterior. Ou seja, a Argentina terá uma área semeada em recuo de 17,5% sobre o ano passado. Isso contribui igualmente para se esperar preços mais altos no Brasil no próximo ano e explica igualmente porque o mercado brasileiro, nas últimas semanas, vem reagindo.
Quanto aos preços no Mercosul, os mesmos continuam subindo na esteira do mercado mundial. Na Argentina, o Up River, para agosto/setembro, bateu em US$ 340,00/tonelada, com variação positiva de 25,5% em um mês. Em Bahia Blanca a tonelada chegou a US$ 305,00 na compra, com alta de 15,1% em 30 dias. Na região de Necochea o preço chegou a US$ 315,00/tonelada, com elevação de 25% sobre o mesmo período do mês anterior. No Uruguai, a compra ficou em US$ 330,00/tonelada, ganhando 33,6% em um mês. Enfim, no Paraguai, a compra ficou em US$ 315,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
Nesse contexto, a média do produto mercosulino fica ao redor de US$ 315,00/tonelada. Diante de um dólar valendo um pouco mais de R$ 2,00, o produto importado está muito caro, favorecendo o consumo do trigo nacional. O problema é que praticamente não há mais produto de qualidade superior no mercado brasileiro. Dessa forma, os lotes no Paraná fecharam a semana entre R$ 549,00 e R$ 559,00/tonelada, e no Rio Grande do Sul em R$ 526,00/tonelada. Por sua vez, o trigo de qualidade inferior, no balcão gaúcho, fechou a semana em R$ 25,75/saco, já valendo mais do que o milho.
Diante deste quadro de altas praticamente constantes, a CONAB continua realizando leilões de venda de trigo. Nesse dias 02/08 três leilões teriam sido realizados, com oferta total de 85.000 toneladas entre os Estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Enfim, a safra atual de trigo no Rio Grande do Sul encontra um clima, até o momento, propício para o desenvolvimento da planta, sendo que o plantio finalmente está concluído. Já no Paraná, a área recuou em 28%, passando para 1,06 milhão de hectares. Espera-se uma produtividade média de 2.890 quilos/hectare (se o clima deixar), o que seria 22% acima da realizada no ano anterior, quando houve quebra na produção paranaense. Diante disso, a produção final poderá alcançar 2,21 milhões de toneladas, com um recuo de 10% sobre o ano anterior. (cf. Emater e Deral)
Acima o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 06/07 e 02/08/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário