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16h48

ANÁLISE DO MERCADO DA SOJA, DO MILHO E DO TRIGO - período entre 22/06/2012 a 28/06/2012

Comentários referentes ao período entre 22/06/2012 a 28/06/2012

MERCADO DA SOJA
As cotações da soja em Chicago subiram fortemente no início desta semana, se aproximando do limite de alta no dia 25/06. Após terem alcançado US$ 14,82/bushel nesse dia, depois de US$ 14,38 no dia 21/06, o fechamento para o primeiro mês (julho), ficou em US$ 14,66/bushel nesta quinta-feira (28).

O principal motivo se encontra na forte preocupação com o clima mais seco nos EUA nesse momento. Há déficit hídrico em várias regiões produtoras e as controvérsias climáticas são constantes, deixando o mercado ainda mais volátil.

Para se ter um ideia do problema, no final da semana anterior as notícias davam conta de boas precipitações nos dias anteriores à sexta-feira (22), novas precipitações estavam previstas para os dias seguintes e a normalização das chuvas a partir de meados de julho. Já na segunda-feira (25) o quadro que pesava sobre o mercado dava conta de tempo seco em boa parte do Meio Oeste estadunidense, sem grandes previsões de chuva para os dias seguintes, sendo que o sul da região produtora estava mais preocupante. (cf. Safras & Mercado)

O fato é que o clima estadunidense está longe de ser positivo nesse momento. Tanto é verdade que, até o dia 24/06, as condições das lavouras de soja atingiam a 15% entre ruins a muito ruins; 32% regulares e 53% entre boas a excelentes. Nesse último caso mais um recuo semanal, agora de três pontos percentuais em relação a semana anterior. Para o milho o quadro era de 14% entre ruins a muito ruins, 30% regulares e 56% entre boas a excelentes. Já o trigo de inverno se manteve em 17% entre ruins e muito ruins, 29% regulares e 54% entre boas a excelentes. O trigo de inverno registrou 4% entre ruins a muito ruins, 19% regulares e 77% entre boas a excelentes.

Esse elemento climático e os fatores financeiros mundiais que ainda enfraquecem o dólar mantiveram o quadro altista de forma importante.

Todavia, é bom destacar que, para a soja, o período crítico do clima ainda está distante, fato que permite esperar recuperação das lavouras. Entretanto, para o milho o quadro é mais grave, pois o período crítico está bem próximo e as perdas começam a ser consideradas. Tanto é verdade que os 54% de lavouras entre boas a excelentes, para o cereal, é o segundo pior indicativo da história do cereal para essa época do ano.

Paralelamente, como condicionante baixista, os embarques de soja pelos EUA, na semana encerrada em 21/06, atingiram apenas 249.900 toneladas, muito aquém do que o mercado esperava. No acumulado do ano comercial o total desde setembro/11 chega a 32,7 milhões de toneladas, contra 38,6 milhões em igual período do ano anterior. Quanto aos registros de exportação pelos EUA, na semana encerrada em 14/06 o volume chegou a 608.000 toneladas, ficando dentro da expectativa do mercado, porém, bem abaixo do um milhão de toneladas apontados na semana anterior.

Por sua vez, as projeções do mercado para a área plantada definitiva, a ser indicada no relatório deste dia 29/06, davam conta de um aumento na área de soja nos EUA, com a mesma podendo chegar a 30,58 milhões de hectares, contra 29,9 milhões indicados na intenção de plantio do mês de março. O número poderá ficar mesmo acima do semeado no ano passado, quando a área atingiu a 30,34 milhões de hectares. Talvez, esse número já esteja precificado pelo mercado, porém, se ele vier a ser confirmado pelo USDA, em seu relatório deste dia 29/06, poderemos ter uma pressão baixista nas cotações em Chicago. Já a área de milho era esperada em 38,83 milhões de hectares, ficando praticamente a mesma ao indicado na intenção de plantio e 4,4% superior ao semeado no ano anterior.

Enfim, a área total de trigo seria de 23 milhões de hectares, após 22,6 milhões na intenção de plantio e 22 milhões de hectares no ano anterior.

Na Argentina, a área semeada na safra 2011/12 teria ficado em 18,53 milhões de hectares, com recuo de 2% sobre a do ano anterior. Devido a seca, a produção final teria atingido apenas 40,3 milhões de toneladas, ou seja, 17,6% abaixo da registrada um ano antes.

Ao mesmo tempo, a comercialização da safra 2011/12 chegou a 64% do total, contra 58% em igual período do ano anterior. A colheita estando encerrada no momento.

Ainda em termos mundiais, tem-se que a produção mundial de girassol em 2012/13 deverá estagnar, após o crescimento de 5,7 milhões de toneladas no ano anterior. Enquanto isso, o consumo mundial de óleos e gorduras deverá crescer apenas 5,4 milhões de toneladas em 2012/13. Enfim, a China, a Tailândia, a Coréia do Sul e o Japão aumentaram suas importações de grão e farelo de soja em 17% entre janeiro e maio de 2012, na comparação com o ano anterior.

Quanto aos prêmios nos portos, devido a menor safra brasileira e a rápida comercialização, os mesmos continuaram subindo. A semana terminou com valores entre US$ 1,15 e US$ 1,68/bushel nos diferentes portos brasileiros. Para a próxima safra a realidade é bem outra, sendo que Paranaguá já ingressou no prêmio negativo para abril/maio de 2013, com os valores ficando entre -5 e -7 centavos de dólar por bushel (isso em caso de safra brasileira normal). No Golfo do México (EUA) os prêmios oscilaram, nesse final de junho, entre 65 e 68 centavos de dólar por bushel. Já em Rosário (Argentina) os mesmos variaram entre 65 e 75 centavos.

No mercado brasileiro, os preços voltaram a subir. Além da forte elevação em Chicago, o Real passou a R$ 2,07, com picos acima disso, e os prêmios aumentaram. Assim, a média no balcão gaúcho encostou em R$ 60,00/saco, fechando a semana em R$ 59,92, enquanto os lotes atingiram o patamar de R$ 68,50 a R$ 69,00/saco. Nas demais praças, os preços médios dos lotes giraram entre R$ 62,70 em Barreiras (BA) e R$ 68,40/saco no oeste do Paraná. Na BM&F/Bovespa, o contrato para setembro/12 fechou em US$ 34,00/saco, enquanto o maio/13 ficou em US$ 28,76.

Em termos de mercado futuro, o Paraná indicou valores de R$ 62,00/saco em Paranaguá (porto), para março/13. No Rio Grande do Sul, a compra ficou em R$ 60,50/saco para maio/13. Em Goiás, as indicações de compra ficaram em R$ 53,00/saco para abril/13. No Triângulo Mineiro, no mesmo mês, o valor era de R$ 57,00/saco. Já na Bahia e Maranhão, para maio/13, os valores foram de R$ 53,80 e R$ 53,00 respectivamente. Em Tocantins, a compra igualmente ficou em R$ 53,00/saco para maio/13.

MERCADO DO MILHO

As cotações do milho em Chicago igualmente subiram bem durante a semana, rompendo o teto dos US$ 6,00/bushel. Após os US$ 5,86/bushel uma semana antes, o fechamento desta quinta-feira (28) ficou em US$ 6,52, contra US$ 6,49/bushel na véspera.

O clima igualmente é o fator central desse movimento, como já se havia alertado meses atrás. Nesse sentido, previsões de clima seco para os últimos 10 dias de junho, num momento em que 10% das lavouras estariam em fase de polinização, serviu para deixar o mercado nervoso. Entretanto, há projeções de chuvas entre os dias 30/06 e 02/07 na região do milho estadunidense.

Nesse contexto, até o dia 24/06, as lavouras de milho dos EUA apresentavam o seguinte quadro: 14% entre ruins a muito ruins, 30% regulares e 56% entre boas a excelentes, havendo um forte recuo nesse último caso em relação a semana anterior.

Para temperar esse entusiasmo altista o petróleo voltou a recuar em alguns momentos no mercado mundial, tendo chegado a US$ 78,00/barril no início da semana, fato que tira a competitividade do etanol de milho nos EUA. Ao mesmo tempo, as exportações semanais do cereal, de parte desse país, ficaram em somente 171.400 toneladas na safra velha e 210.600 toneladas na safra futura.

Para o relatório desse dia 29/06 o mercado espera uma área final semeada com milho, nos EUA, ao redor de 38,83 milhões de hectares, ou seja, sem grandes modificações em relação a intenção de plantio de março passado. Já os estoques trimestrais ficariam em 80,8 milhões de toneladas.

Na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB ficou em US$ 248,00 e US$ 147,50 respectivamente. Nota-se uma melhoria de preços junto ao produto argentino, na esteira de uma safra menor e, particularmente, do aumento dos preços mundiais do cereal.

No mercado brasileiro, o quadro de preços continua depressivo. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 23,93/saco, enquanto os lotes terminaram a semana entre R$ 25,25/saco e R$ 26,25/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 15,25/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,75/saco em Videira e Concórdia (SC). No geral, os preços nas regiões onde a safrinha começa a ser colhida, já estão abaixo de R$ 20,00/saco, chegando a R$ 13,00 e R$ 15,00/saco no Nortão mato-grossense.

O mercado não vê saída para o forte recuo de preços que se avizinha, a partir da safrinha colhida, mesmo que as exportações avancem bem. Nesse último caso, o problema volta a ser a falta de infraestrutura portuária. Santos e Paranaguá estariam lotados e com atrasos de navios em até 30 dias para a soja e com navios para o milho sem poderem atracar para o carregamento em junho. E a tendência, para o milho, é de piorar o quadro. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, na importação CIF indústrias brasileiras o produto dos EUA fechou junho a R$ 45,72/saco, enquanto o argentino ficou em R$ 38,16, repetindo esse preço igualmente para julho. Já a exportação, no transferido via Paranaguá, fechou junho em R$ 27,92/saco; julho ficou em R$ 28,09; agosto em R$ 27,79; setembro em R$ 27,45; outubro em R$ 27,24; novembro em R$ 26,94; dezembro em R$ 27,45 e janeiro/13 em R$ 26,90/saco.

MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo em Chicago voltaram a romper o teto dos US$ 7,00/bushel nesta semana, algo que somente tinha sido visto em um dia deste ano (para o primeiro mês cotado), quando em 21/05 o mercado chegou a US$ 7,04/bushel. Desta feita, os preços foram mais longe, atingindo a US$ 7,32 no dia 27/06 e fechando a quinta-feira (28) em US$ 7,26/bushel.

O motivo está nos problemas climáticos pontuais nos EUA e na quebra de safra na Rússia e outros países, embora o volume global ainda tenda a ser muito importante nesse ano. Soma-se a isso uma forte dose de especulação financeira em Chicago.

Dito isso, as vendas líquidas dos EUA, em trigo, chegaram a 842.000 toneladas para o ano 2012/13, iniciado em 01/06, na semana encerrada em 14/06. Já as inspeções de exportação de trigo estadunidense, na semana encerrada em 21/06 o volume alcançou a 530.243 toneladas. No acumulado do ano comercial, iniciado neste 1º de junho, o total chega a 1,71 milhão de toneladas, contra 2,12 milhões em igual período do ano anterior.

Por sua vez, as condições das lavouras de trigo de inverno, nos EUA, ficam em 54% entre boas a excelentes, 29% regulares e 17% entre ruins e muito ruins. Quanto ao trigo de primavera, 77% estavam entre boas e excelentes condições, 19% regulares e 4% entre ruins e muito ruins.

Paralelamente, novas estimativas para a safra da Austrália dão conta de que a mesma, em 2012/13, chegaria a 26 milhões de toneladas, com recuo de 12% sobre o ano anterior. Segundo o USDA, as exportações desse país da Oceania recuariam para 20,5 milhões de toneladas, porém, o mesmo se manteria como o segundo maior exportador mundial de trigo, sendo superado apenas pelos EUA, que espera exportar 31,3 milhões de toneladas nesse novo ano comercial.

No Mercosul, os preços do trigo repercutiram os aumentos de Chicago. O Up River argentino, para julho/agosto, ficou em UDS$ 279,00/tonelada, com ganho de 11,2% sobre o mês anterior. Em Bahia Blanca, a tonelada foi a US$ 285,00, com alta de 9,6% em relação ao mês de maio. Em Necochea o valor ficou em US$ 272,00/tonelada, recuando 10,1% sobre o mesmo período do mês anterior. Já no Uruguai, a compra ficou em US$ 255,00/tonelada, com alta mensal de 2%, e no Paraguai a compra ficou em US$ 235,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

No Brasil, diante das dificuldades cada vez maiores de se encontrar trigo Tipo 1 Pão, os importadores voltaram às importações, mesmo com um câmbio entre R$ 2,00 e R$ 2,10. O preço médio no balcão gaúcho ficou em R$ 23,91/saco, praticamente sem mercado para essa qualidade de produto. Já os lotes oscilaram entre R$ 462,50 e R$ 476,00/tonelada (R$ 27,75 e R$ 28,56/saco). No Paraná, os lotes ficaram entre R$ 520,00 e R$ 530,00/tonelada (R$ 31,20 e R$ 31,80/saco).

Por outro lado, o leilão de venda de trigo da Conab, em 21/06, acabou decepcionando o mercado. Foram vendidas apenas 38.000 toneladas entre o Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A qualidade dos lotes e os prazos para pagamento teriam sido os motivos desse comportamento. Para esse 28/06 novos leilões estavam previstos, com o mercado esperando que a qualidade do produto ofertado fosse melhor e os prazos de pagamento mais flexíveis. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, o plantio no Paraná estaria praticamente encerrado, enquanto no Rio Grande do Sul junho termina com 55% a 60% da área semeada.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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