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10h26

ANÁLISE SEMANAL DO MERCADO DA SOJA, DO MILHO E DO TRIGO- período entre 15/06/2012 a 21/06/2012

Comentários referentes ao período entre 15/06/2012 a 21/06/2012

MERCADO DA SOJA

As cotações da soja em Chicago voltaram a subir nesta semana, retornando a patamares superiores aos US$ 14,00/bushel. O fechamento desta quinta-feira (21) ficou em US$ 14,38, de pois de US$ 14,46 na véspera e contra US$ 13,86/bushel na quinta-feira anterior (14). As razões deste novo pique dos preços se encontram particularmente no clima dos EUA, onde as preocupações com a possível falta de umidade nos solos estadunidenses se tornam uma constante. Como o esperado, o período de volatilidade se faz presente, a partir do encerramento do plantio, e o clima se torna, até setembro/outubro um dos elementos centrais de influência em Chicago. Além disso, o dólar voltou a perder um pouco de força na economia global, diante de encaminhamentos mais concretos à crise europeia (mesmo que nada esteja definido), fato que eleva as cotações das commodities em geral, pelo menos no curto prazo.

Na verdade, as informações climáticas provenientes dos EUA, como sempre ocorrem nesta época do ano, são contraditórias. Enquanto algumas previsões indicavam, no final de semana anterior, pouca chuva e clima seco e quente para os próximos 10 dias, relatórios sobre a umidade dos solos dava conta de que de 11 Estados analisados, as condições melhoraram em 7 e pioraram apenas em 4 desses Estados. Ou seja, por enquanto, a safra dos EUA continua normal, com potencial de produção dentro do esperado pelo mercado, isto é, acima de 87 milhões de toneladas. Aliás, volume confirmado pelo USDA em seu relatório de oferta e demanda anunciado dia 12/06.

Por sua vez, os embarques de soja pelos EUA, na semana encerrada em 14/06, ficaram em apenas 214.900 toneladas, contra 444.900 toneladas (revisado) na semana anterior. No acumulado desde setembro/11 o volume chega a 32,4 milhões de toneladas, contra 38,4 milhões em igual período do ano anterior.

Paralelamente, caminhando no sentido de que o clima mais seco já estaria prejudicando determinadas regiões nos EUA, as condições das lavouras, em 17/06, reduziram bastante o percentual de boas a excelentes. O mesmo ficou em 56% contra 60% na semana anterior. Já as lavouras em estado regular chegavam a 32% do total e ruins a muito ruins a 12%. No milho, 9% estavam entre ruins a muito ruins, 28% regulares e 63% entre boas a excelentes. Nota-se que, se há problemas climáticos no Meio-Oeste estadunidense, mesmo que as regiões de produção sejam diferentes, há uma disparidade muito grande entre a soja e o milho quanto a qualidade das lavouras, o que nos deixa antever que em algum ponto as verificações meteorológicas podem não estar expressando totalmente a realidade. Dito de outra forma, a qualidade das lavouras de soja pode ser superior ao que vem sendo anunciado, ou a do milho inferior aos percentuais indicados. Enfim, o trigo de inverno apresentou 17% de lavouras entre ruins a muito ruins, 29% regulares e 54% entre boas a muito boas. Já o trigo de primavera ficou com 3% entre ruins a muito ruis, 21% regulares e 76% entre boas a excelentes.

Afora isso, no próximo dia 29/06 teremos o relatório definitivo sobre a área realmente semeada nos EUA. Aparentemente não deverá haver surpresas, porém, o analista privado Informa Economics avançou a projeção de um aumento de área para 30,74 milhões de hectares, contra os 29,9 milhões que vêm sendo anunciados até o momento pelo USDA e superior mesmo aos 30,3 milhões semeados no ano anterior. Caso esse número venha a ser oficializado, haverá uma diferença para mais de 2,8% na área semeada, em relação a intenção de plantio indicada em março passado, o que pode levar Chicago a recuos importantes no início de julho.

Na Argentina, a colheita se aproxima do final e os números definitivos rondam os 40 milhões de toneladas, com possibilidade de serem um pouco menores. O vizinho país igualmente sofreu muito com a seca deste último verão.

Os prêmios nos diferentes portos brasileiros subiram muito, fechando a semana entre US$ 1,20 e US$ 1,75 por bushel. É bom destacar que enquanto Paranaguá, por exemplo, trabalha hoje com prêmios entre US$ 1,20 e US$ 1,25, para abril/13 (futura safra) os mesmos prêmios estão tão somente entre zero e 5 centavos de dólar por bushel. Ou seja, tanto em Chicago como aqui no Brasil, todos os indicativos apontam, em caso de safra normal nos EUA e na América do Sul, forte queda nos preços da soja para a safra 2012/13.

No Brasil, no momento, os preços da soja, aproveitando-se da recuperação de Chicago, da manutenção de um câmbio acima de R$ 2,00 por dólar (R$ 2,03) e, particularmente, pelo fato de que os prêmios ultrapassaram US$ 1,00/bushel nos diferentes portos devido a escassez de produto (as vendas por parte dos produtores já alcançam cerca de 90% da safra no país e 70% no Rio Grande do Sul, por exemplo), subiram novamente. O balcão gaúcho fechou em média a R$ 57,54/saco, enquanto os lotes trabalharam na média de R$ 65,50 a R$ 67,00/saco.
Nos demais Estados brasileiros, os lotes oscilaram entre R$ 60,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 67,00/saco em Cascavel e Pato Branco (PR). Na BM&F/Bovespa, o contrato para julho/13 fechou na média de US$ 33,45/saco, enquanto para setembro/12 ficou em US$ 33,59/saco. Já para maio/13 o valor ficou em US$ 28,65/saco.

Em termos de preços futuros, no Paraná o mercado trabalhou, na compra, com R$ 60,50/saco no FOB Paranaguá para março/13. No Rio Grande do Sul, o interior acusou valores de R$ 58,00/saco para maio/13. Em Goiás, a soja futura esteve indicada a US$ 25,70/saco para fev/13 (considerando que o câmbio venha a R$ 1,95 no início do próximo ano, como o mercado espera, esse valor representaria hoje R$ 50,11/saco). Na região de Brasília o preço futuro de compra, para abril/13, chegou a R$ 50,50/saco. Em Minas Gerais o mesmo atingiu a R$ 54,00 no Triângulo Mineiro, para o mesmo mês. Já na Bahia e Maranhão, o saco para maio/13 ficou respectivamente em R$ 51,00 e R$ 51,50, ambos para compra. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, conforme os últimos levantamentos realizados, a safra sul-americana ficará mesmo em 115,8 milhões de toneladas, sendo trituradas 75,35 milhões. Desse total, 36 milhões serão no Brasil; outros 36 milhões na Argentina; 1,5 milhão no Paraguai; 1,8 milhão na Bolívia e 50.000 toneladas no Uruguai. Já as exportações totais de grãos de soja montariam a 39,53 milhões de toneladas, com recuo de 20% sobre o ano anterior. Desse total sul-americano, o Brasil contribuirá com 29,3 milhões de toneladas (-13% sobre o ano anterior); a Argentina com 6 milhões (-32%); o Paraguai com 2,48 milhões (-52%); a Bolívia com 200.000 toneladas e o Uruguai com 1,55 milhão de toneladas (+4% sobre o ano anterior). A exportação de farelo pela América do Sul, em 2011/12, chegaria a 44,8 milhões de toneladas, sendo 14,3 milhões pelo Brasil e 28,5 milhões pela Argentina. O consumo interno de farelo na América do Sul será de apenas 15,07 milhões de toneladas, sendo 14,1 milhões somente no Brasil. Por sua vez, as exportações de óleo de soja sul-americanas somariam 5,9 milhões de toneladas, com 1,3 milhão (-25% sobre o ano anterior) de parte do Brasil; e 4,0 milhões (-8%) por parte da Argentina. O consumo total regional em óleo de soja somaria 8,6 milhões de toneladas, sendo 5,6 milhões no Brasil e 2,8 milhões na Argentina. (cf. Safras & Mercado)

MERCADO DO MILHO

As cotações do milho em Chicago igualmente subiram durante a semana, porém, sofreram um forte recuo na quinta-feira (21), quando o fechamento ficou em US$ 5,86/bushel, após US$ 6,12 no dia 19/06 e US$ 5,79 no dia 15/06. Ou seja, a volatilidade deste mercado é igualmente forte, pelos mesmos motivos apontados na soja.

Dito isso, o destaque fica por conta a projeção privada sobre a real área semeada com milho nos EUA, a qual será divulgada no próximo relatório do dia 29/06. Segundo a Informa Economics, a área com o cereal ficaria em 39,16 milhões de hectares, contra 38,8 milhões que o USDA vem estimando. Nota-se que tanto para o milho quanto para a soja teria havido um aumento na área semeada recentemente nos EUA. Caso isso se confirme, teremos um elemento baixista para as cotações em Chicago.

Por outro lado, o USDA indicou que as condições das lavouras de milho nos EUA, até o dia 17/06, eram de 9% entre ruins a muito ruins, 28% regulares e 63% entre boas a excelentes, contra 66% nesse último caso na semana anterior.
Por sua vez, as exportações de milho pelos EUA, na semana anterior, ficaram em 627.602 toneladas, sem surpresas ao mercado.

Vale ainda destacar que os baixos preços atuais do petróleo, no mercado mundial, com o barril oscilando entre US$ 80,00 e US$ 84,00, retiram competitividade das usinas de etanol de milho nos EUA, com as mesmas chegando a margens negativas. Esse fato igualmente retira maiores possibilidades de recuperação nos preços locais do cereal, pelo menos no curto prazo.

Na Argentina, a tonelada FOB melhorou um pouco de preço, com a semana fechando em US$ 239,00 para junho, contra US$ 233,00 na semana anterior. Já no Paraguai, a tonelada FOB permaneceu em US$ 142,50.

No Brasil, os preços do milho se mantiveram em baixa. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 23,79/saco, enquanto os lotes trabalharam entre R$ 25,25 e R$ 25,75/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 14,25/saco no Nortão mato-grossense (Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde) e R$ 25,75/saco nas regiões catarinenses de Videira, Concórdia e Campos Novos.

A safrinha está em início de colheita e o volume, como destacamos no comentário passado, pode chegar a um recorde ainda maior, ao redor de 38 ou 39 milhões de toneladas. Nessas condições, o recuo significativo dos preços do milho, no segundo semestre, em todas as regiões nacionais, é iminente. Já não se descarta preços abaixo de R$ 10,00/saco no Centro-Oeste, para o final do ano, assim como preços ao redor de R$ 15,00 a R$ 16,00/saco no Sul do país. Nesse último caso, tudo dependendo do custo do frete para trazer o produto do Centro-Oeste brasileiro. Por falar em frete, além da “nova lei do caminhoneiro”, o governo volta a acenar com a possibilidade de aumento nos preços dos combustíveis para as próximas semanas.

Efetivamente, as mais recentes estimativas privadas sobre a safra brasileira de milho dão conta de que área total nacional teria ficado em 14,76 milhões de hectares, com aumento 19,5%, sendo que apenas a área da safrinha cresceu 26,4%, ficando em 6,76 milhões de hectares. Desta forma, a produção nacional de milho, para 2011/12, está agora estimada em excepcionais 71,9 milhões de toneladas, sendo 36,7 milhões somente com a safrinha (número que pode ainda ser revisto para cima). A produção total do Paraná (safra e safrinha) chegaria a 18,7 milhões de toneladas, a do Rio Grande do Sul em apenas 3,37 milhões, a do Mato Grosso em 14,3 milhões, a de Goiás em 8,3 milhões e a de Minas Gerais em 6,1 milhões de toneladas. Nessas condições, os estoques finais de milho, para 2011/12 passaram a ser estimados em 10,7 milhões de toneladas, mesmo com exportações otimistas de 12,4 milhões no ano. (cf. Safras & Mercado) Nesse sentido, estamos falando de um dos maiores estoques finais de milho da história brasileira.

No mercado do sorgo, enquanto a média gaúcha esteve em R$ 20,33/saco nesta semana, em São Paulo o produto, para julho, já está em R$ 17,00/saco no interior, sinalizando a mudança no quadro de preços que vem se aproximando a partir do término da colheita da safrinha.

Enfim, na importação, o CIF indústrias brasileiras, chegou a R$ 43,13/saco para o produto oriundo dos EUA em junho. Também para esse mês, o produto argentino ficou em R$ 36,22/saco. Para julho, o produto da Argentina recua para R$ 35,60/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá atingiu, para junho, R$ 25,98/saco; para julho, R$ 26,13; para agosto, R$ 26,23; para setembro, R$ 26,61; para outubro, R$ 26,59; para novembro, R$ 25,95; para dezembro, R$ 26,71; e para janeiro/13, R$ 25,92/saco.

MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo em Chicago seguiram o mesmo comportamento da soja e do milho, durante a semana. Após registrarem US$ 6,09/bushel no dia 15/06, saltaram para US$ 6,64 no dia 20/06, fechando a quinta-feira (21) em US$ 6,61/bushel.

Os motivos são os mesmos indicados no comentário da soja, feito acima, com o agravante de que a safra final dos EUA, nesse ano, será um pouco menor (ver números do relatório do USDA do dia 12/06), além de haver quebras de safra na Rússia e outros países devido a falta de chuvas.

Dito isso, o analista privado Informa Economics avançou que a área final semeada com trigo nos EUA, a ser anunciada em 29/06, teria ficado em 23,3 milhões de hectares. Isso representa um aumento de 1,29 milhão de hectares sobre 2011, e de 700.000 hectares em relação ao que o USDA está estimando para o corrente ano. A questão é: se todas essas três culturas (soja, milho e trigo) irão acusar aumento de área, de onde efetivamente sairá essa área?

Por outro lado, as inspeções de exportação estadunidenses, em trigo, chegaram a 561.159 toneladas na semana encerrada em 14/06. Na semana anterior o volume havia alcançado 609.110 toneladas em número revisado. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de junho (2012/13), o total soma 1,17 milhão de toneladas, contra 1,47 milhão em igual momento do ano anterior. Paralelamente, a colheita de trigo de inverno atingiu a 35% da área estimada nos EUA, até o dia 17/06. Na média histórica, para esse período, o percentual é de 16%. Segundo dados oficiais, 54% das lavouras estão em situação entre boas a excelentes, 29% regulares e 17% entre ruins a muito ruins. Quanto ao trigo de primavera, as condições das lavouras eram de 3% entre ruins a muito ruis, 21% regulares e 76% entre boas a excelentes.

Na Argentina, por sua vez, o governo anuncia que disponibilizará 6 milhões de toneladas da atual safra para exportação, volume já esperado pelo mercado.
Enquanto isso, no Mercosul, os preços permaneceram estáveis. O Up River argentino ficou em US$ 256,00/tonelada para os embarques programados em julho e agosto, com variação positiva de 6,2% no mês. Em Bahia Blanca a referência de compra ficou em US$ 265,00/tonelada, com alta de 5,2% em relação ao mês anterior. Na região portuária de Necochea a indicação foi de US$ 252,00/tonelada, queda de 6,3% em comparação com o mesmo período mês passado. No Uruguai a referência de compra ficou em US$ 247,00/tonelada, com alta mensal de 2,9%. Já no Paraguai, a indicação de compra chegou a US$ 230,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

Por outro lado, no Brasil os preços pouco evoluíram durante a semana. A média gaúcha, no balcão, ficou em R$ 24,10/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 462,50 e R$ 470,00/saco. No Paraná, os lotes giraram entre R$ 517,00 e R$ 521,00/tonelada.

O mercado nacional continua com preços mais atrativos em relação ao exterior, graças a desvalorização do Real, porém, praticamente não há trigo de qualidade superior tipo pão à disposição no país.

Novos leilões de venda do produto por parte do governo ocorreriam nesse dia 21/06, com a inclusão do Rio Grande no Sul nos mesmos. Ao total seriam disponibilizadas cerca de 116.000 toneladas. Devido a falta de produto de qualidade esperava-se uma boa demanda pelos lotes ofertados. Os preços iniciais a serem praticados nos leilões seriam, para o trigo Pão Tipo 1, no Paraná e Rio Grande do Sul, R$ 477,00/tonelada (antigo preço mínimo). Para São Paulo o pão Tipo 1 seria de R$ 535,00/tonelada e o Tipo 2 em R$ 491,00/tonelada. O melhorador no Paraná seria ofertado por R$ 500,00/tonelada e no Mato Grosso do Sul por R$ 560,00/tonelada.

Quanto ao plantio da nova safra, o Paraná já estaria com 75% da área semeada, enquanto o Rio Grande do Sul, bem mais atrasado, chega a 40% graças ao avanço dos últimos dias.

Enfim, em função da desvalorização do Real, o preço do trigo e da farinha importados ficou mais alto. Assim, o preço do pão e de outros derivados de trigo subiu para os consumidores no Brasil nesses últimos dias. Em alguns casos a alta superou a 10%.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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