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16h02

ANÁLISE SEMANAL DO MERCADO DA SOJA, MILHO E TRIGO - período entre 08/06/2012 a 14/06/2012

Comentários referentes ao período entre 08/06/2012 a 14/06/2012

MERCADO DA SOJA

As cotações em Chicago, na primeira parte desta semana que passou, se mantiveram firmes, na esteira da piora na umidade do solo nos EUA e do que poderia vir do relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 12/06.
Após a quarta-feira (13), as cotações recuaram fortemente, rompendo novamente o piso dos US$ 14,00/bushel. O anúncio de chuvas importantes para a semana que se inicia e mesmo depois, e um relatório sem novidades, esfriou o mercado.
Além disso, a possibilidade de as coisas se organizarem um pouco melhor na Europa, a partir de uma eleição grega que deveria confirmar os menos radicais no poder (isso realmente se efetivou nesse domingo, 17/06, porém, sem que houvesse maioria na Assembleia) igualmente deixou o mercado menos tenso.

Assim, o fechamento do dia 14/06 ficou em US$ 13,86/bushel, enquanto na sexta-feira (15) o mesmo veio para US$ 13,76 para o primeiro mês cotado e apenas US$ 12,73/bushel para maio de 2013. Ou seja, a diferença entre a safra atual e a futura voltou a aumentar, dando conta do potencial de recuo existente em Chicago caso a safra estadunidense seja normal.

A respeito do relatório de oferta e demanda, a destacar apenas a pequena redução nos estoques finais dos EUA, para a safra 2012/13, com os mesmos passando agora para 3,81 milhões de toneladas, contra 3,95 milhões em maio. Todavia, o relatório aumentou um pouco os estoques finais mundiais, passando os mesmos para 58,5 milhões de toneladas em 2012/13.

Dito isso, as exportações de soja, por parte dos EUA, na semana encerrada em 07/06, ficaram em 386.900 toneladas, acumulando desde setembro/11 um total de 32,1 milhões de toneladas, contra 38,2 milhões um ano antes. Paralelamente, os registros de exportação de soja estadunidense, na mesma semana, ficaram em 1,0 milhão de toneladas, superando as expectativas do mercado.

Já o esmagamento de soja, em maio nos EUA, ficou em 3,76 milhões de toneladas, contra 3,58 milhões em abril e 3,27 milhões em maio/11. Com isso, o acumulado desde setembro/11 (atual ano comercial) chega a 33,4 milhões de toneladas, contra 33,1 milhões em igual período do ano anterior.

Enquanto isso, até o dia 10/06 o plantio de soja nos EUA alcançava 97% da área esperada, contra 85% na média histórica. Nesse momento o mesmo pode ser considerado concluído. As condições das lavouras pioraram, com 60% estando entre boas a excelentes, 30% regulares e 10% entre ruins a muito ruins. No milho, 66% acusavam boas a excelentes condições, 26% regulares e 8% ruins a muito ruins. E no trigo de inverno o quadro respectivo era de 53%, 30% e 17%. Já o trigo de primavera apresentava 75% das lavouras entre boas a excelentes condições, 21% regulares e 4% ruins a muito ruins.

Novas estimativas para a safra final da América do Sul, em 2011/12, dão conta de que a área total semeada foi de 47,46 milhões de hectares, com uma produção de apenas 115,8 milhões de toneladas, com o Brasil contribuindo com 66,3 milhões (números oficiais indicam 65,9 milhões); a Argentina com 41 milhões (números locais já dão conta de uma safra de apenas 39,9 milhões de toneladas); Paraguai com 4,4 milhões; Bolívia com 2,4 milhões e Uruguai com 1,6 milhão de toneladas. (cf. Safras & Mercado)

Pelo lado da demanda, a China importou 5,28 milhões de toneladas de soja em maio, elevando em 16% o volume adquirido em relação a maio/11. Nos cinco primeiros meses do ano, os chineses compraram 23,43 milhões de toneladas, com alta de 20,7% sobre igual período de 2011.

Enfim, os prêmios nos portos brasileiros estão subindo na medida em que a comercialização da atual safra já atinge 86% do volume disponibilizado. Os mesmos giraram entre 75 centavos de dólar por bushel e US$ 1,33 por bushel.
Isso vem ajudando a dar sustentação aos preços nacionais. Porém, para a safra futura, em Paranaguá (PR), por exemplo, os prêmios recuam dos atuais US$ 1,00/bushel para valores entre 9 e 11 centavos de dólar por bushel. No Golfo do México (EUA) o prêmio girou entre 65 e 68 centavos de dólar, enquanto em Rosário (Argentina) ficou entre 40 e 48 centavos.

No Brasil, os preços médios semanais melhoraram, puxados inicialmente por Chicago e, particularmente, pelo câmbio, que chegou a trabalhar em até R$ 2,08 durante a semana que passou, antes da nova intervenção do Banco Central na sexta-feira (15). Assim, a média gaúcha no balcão chegou a R$ 55,91/saco, enquanto os lotes variaram entre R$ 63,50 e R$ 64,50/saco. Nas demais praças, a média dos lotes girou entre R$ 57,30/saco em Barreiras (BA) e R$ 63,65/saco em Cascavel (PR). Já na BM&F/Bovespa, o contrato para setembro/12 ficou em US$ 31,81/saco, enquanto para maio/13 esteve em US$ 27,30/saco.

A comercialização da atual safra brasileira já atingia 86% do total em 1º de junho, contra 66% na média histórica. Os produtores estão aproveitando os excelentes preços, além de anteciparem possíveis recuos para a safra futura. Tanto é verdade que de uma futura safra projetada em 79,4 milhões de toneladas, cerca de 25% já teria sido vendido, contra 4% na média normal para esta época do ano. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, quanto aos preços futuros, o norte do Paraná, para maio/13, cotou na compra o saco a R$ 55,00. No Rio Grande do Sul, o interior cotou, para o mesmo mês futuro, o valor de R$ 56,50/saco para compra. Em Goiás, a soja futura, para fevereiro/13, esteve a US$ 24,40/saco, enquanto a região de Brasília ficou em R$ 50,00/saco para abril/13. Na região mineira de Uberlândia, a compra ficou em R$ 53,00/saco para abril/13. Já na Bahia, a compra para maio/13 esteve a R$ 49,50, enquanto no Maranhão atingiu a R$ 50,00/saco. Em Tocantins, para o mesmo mês, a compra registrou igualmente R$ 50,00/saco. Todos excelentes preços a julgar pela tendência de queda que o mercado vem apontando, em caso de safra normal, para 2012/13.

MERCADO DO MILHO

As cotações do milho em Chicago oscilaram menos que a soja, porém, agindo em sentido inverso. Após recuarem durante a semana, acabaram fechando a mesma no terreno positivo, rompendo o piso dos US$ 6,00/bushel. O fechamento do dia 14/06 ficou em exatos US$ 6,01/bushel.

O motivo é a possível redução do potencial produtivo nos EUA devido a um início de seca em determinadas regiões produtoras, embora as chuvas estejam previstas para os próximos 10 dias. Tanto é verdade que o fechamento do dia 15/06 veio para US$ 5,79/bushel.

Na prática, o relatório de oferta e demanda, ao confirmar os números de maio, acabou sendo mais uma vez baixista para o milho. Enquanto a produção e os estoques finais foram mantidos em níveis recordes, no cenário mundial o relatório aumentou as duas cifras, passando a produção para 949,93 milhões de toneladas e os estoques finais para 155,74 milhões de toneladas. Ainda nos EUA não houve modificação sobre o volume de milho a ser utilizado para a fabricação de etanol, com o mesmo ficando em 127 milhões de toneladas.

Assim como no caso da soja, a preocupação do mercado, diante da tendência de baixa das cotações nos meses futuros, a partir de uma safra cheia nos EUA, fica sendo apenas o clima naquele país. Dito de outra maneira, diante da crise mundial, agravada pela realidade europeia, apenas uma frustração da safra dos EUA fará as cotações voltarem a subir. E o mercado estará atento a isso durante toda a atual safra, pois a colheita de milho nos EUA se dará apenas a partir de setembro.

Por outro lado, as exportações estadunidenses da semana anterior foram ruins, ficando em apenas 434.494 toneladas, decepcionando o mercado. Junto a isso, as condições das lavouras nos EUA, até o dia 10/06, indicaram que 72% estariam entre boas a excelentes, contra 69% que era a expectativa do mercado.
Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB fechou a semana em US$ 233,00 e US$ 137,50 respectivamente.

No Brasil, os preços voltaram a perder força. O balcão gaúcho trabalhou com valores em R$ 24,03/saco, enquanto os lotes fecharam a semana oscilando ao redor de R$ 25,75/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 13,25 em Sorriso (MT) e R$ 25,75/saco em Videira (SC). Os valores mato-grossenses indicam a forte pressão baixista que a safrinha vem fazendo.

Aliás, a safrinha já teve seu processo de colheita iniciado e seu volume final está sendo revisado para cima. O mesmo deverá alcançar entre 36 e 38 milhões de toneladas, se constituindo num recorde histórico. Com isso, mesmo exportando até 12 milhões de toneladas de milho (nesse momento ainda bastante difícil), o país terá um recorde histórico em estoque final do cereal, com o mesmo, na melhor das hipóteses bater em 7,5 milhões de toneladas, porém, podendo mesmo ultrapassar as 10 milhões de toneladas. Nessas condições, o recuo dos preços futuros do milho no Brasil inteiro é uma tendência plausível e clara. No Sul do país, onde a seca reduziu a produção da safra em pelo menos 50%, a tendência é de preços abaixo de R$ 20,00/saco no segundo semestre. No Centro-Oeste, não será surpresa se os preços vierem abaixo de R$ 10,00/saco no final da colheita da safrinha. Em isso acontecendo, os preços no sul brasileiro poderão recuar para níveis mais próximos de R$ 16,00/saco, caso não haja aumento sensível no custo do frete para trazer o produto do Centro-Oeste e/ou do Paraná.

Enfim, a semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 41,93/saco para o produto procedente dos EUA e R$ 35,72 para o produto da Argentina, ambos para junho. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou R$ 26,74/saco para junho/12 e R$ 24,93/saco para janeiro/13.

MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo em Chicago acabaram terminando a semana mais fracas do que o final da semana anterior, com o dia 14/06 fechando em US$ 6,23/bushel e o dia 15/06 em US$ 6,10/bushel.

E isso que o relatório do USDA, em 12/06, acabou trazendo um recuo na produção e estoques finais dos EUA e do mundo. Porém, o mercado já havia precificado tais informações. Assim, a produção final dos EUA, no atual ano, está agora projetada em 60,8 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais ficariam, em 2012/13, em 18,89 milhões. Já a produção mundial 672 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais caem para 185,8 milhões. Mesmo assim, números suficientes para abastecer o mercado mundial e não causar pressões sobre os preços. Tanto é verdade que o USDA colocou o patamar médio de preços, para esse novo ano estadunidense, entre US$ 5,60 e US$ 6,80/bushel, contra a média de US$ 7,25/bushel recebida pelos produtores dos EUA em 2011/12.

As vendas líquidas dos EUA, no ano comercial 2011/12, iniciado em junho, ficaram em 165.700 toneladas na semana encerrada em 31/05. Já as vendas referentes ao ano 2012/13 chegaram a 1,3 milhão de toneladas na mesma semana, com a Nigéria sendo o maior comprador ao atingir 79.300 toneladas.

Por sua vez, as inspeções de exportação dos EUA chegaram a 585.515 toneladas, na semana encerrada em 07/06, primeira semana do novo ano comercial 2012/13.

Na Austrália, a produção de trigo deverá ser 18% menor do que a do ano anterior, devido a um período de seca. Com isso, a mesma atingiria 24,1 milhões de toneladas.

Já no Mercosul, os preços fecharam a semana na seguinte situação: no Up River argentino, para junho/julho, a tonelada ficou em US$ 261,00, com variação positiva de 8,3% sobre o mês anterior. Em Bahia Blanca o valor esteve em US$ 270,00/tonelada, com alta de 7,1%. Na região portuária de Necochea a tonelada ficou em US$ 257,00, recuando 8,4% sobre o valor do mês anterior. No Uruguai, o valor ficou em US$ 249,00/tonelada, com alta mensal de 3,8% e no Paraguai a indicação de compra ficou em US$ 232,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

No mercado interno brasileiro, apesar de praticamente não se encontrar mais trigo de qualidade superior, tipo pão, os preços reagiram pouco. A média gaúcha, no balcão, para o produto médio, ficou em R$ 23,72/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 462,50 e R$ 469,50/tonelada. No Paraná, os lotes se mantiveram em valores entre R$ 515,00 e R$ 517,50/tonelada. Na prática, com um câmbio superando os R$ 2,00 por dólar, o produto nacional se mantém mais barato do que o importado, porém, as ofertas de produto de qualidade escassearam.

Quanto a nova safra, o plantio no Paraná, nesta semana que passou, atingia a 68% da área esperada, sendo que 96% das lavouras estavam em boas condições.
No Rio Grande do Sul, as últimas chuvas aceleraram o plantio, porém, o mesmo continua muito atrasado, podendo comprometer a expectativa de um aumento importante na área cultivada.

No caso gaúcho, além das questões inerentes ao próprio mercado do produto, que continua difícil, a nova preocupação dos triticultores é produzir com a qualidade exigida pela Instrução Normativa nº 38/2010, que se mostra mais rigorosa em relação à qualidade do produto. Na prática, se a maioria dos produtores semear sem muito cuidado tecnológico, apostando mais no clima, pois o objetivo primeiro é ter acesso ao crédito para contar com liquidez operacional até a próxima safra de verão, haverá pouco trigo para um mercado exigente. Ou seja, infelizmente o mercado do trigo no Brasil em geral e no Rio Grande do Sul em particular, está tão ruim nos últimos anos que o produtor aumenta a área semeada em função do crédito, desejando mesmo que haja frustração de safra, posteriormente, para poder ter acesso ao Proagro. Nessas condições, mais uma vez a safra nacional deverá ficar na dependência dos leilões de PEP e Pepro organizados pelo governo, como já era esperado.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário

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