Comentários referente ao período entre 01/06 e 07/06/2012
MERCADO DA SOJA
Nesta semana mais curta no Brasil, devido ao feriado de Corpus Christi na quinta-feira (07), o mercado internacional da soja registrou forte recuperação, fechando o dia 07/06 em US$ 14,28/bushel, após US$ 13,86 na véspera e US$ 13,40/bushel no dia 31/05. Portanto, Chicago voltou a romper o teto dos US$ 14,00/bushel, após cerca de três semanas abaixo do mesmo, com momentos em que as cotações chegaram a se aproximar dos US$ 13,00/bushel no primeiro mês.
O mercado passou a antecipar um possível recuo nos estoques e na produção dos EUA, para esta próxima safra, que poderá vir no relatório de oferta e demanda previsto para o próximo dia 12/06. Em alguns locais daquele país surgiram alguns problemas climáticos, ainda sem muita importância. Por outro lado, o principal fator foi a perda de valor do dólar, perante as moedas mundiais, a partir do anúncio de um possível plano de recuperação do sistema financeiro europeu, o qual permitiria encaminhar alguma solução mais duradoura para os problemas da Grécia e da Espanha.
Dito isso, as chuvas têm sido boas nas regiões produtoras estadunidenses, embora a volatilidade climática no mercado seja normal nessa época em Chicago.
Assim, as oscilações de preços serão constantes até a colheita, em setembro/outubro próximos.
Enquanto isso, os registros de exportação de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 24/05, chegaram a 418.700 toneladas, contra 953.700 toneladas (número revisto) na semana anterior. No acumulado do ano comercial, iniciado em setembro/11, o volume chega a 36,14 milhões de toneladas, contra 41,56 milhões de toneladas um ano antes. Por sua vez, os embarques de soja, na semana encerrada em 31/05, ficaram em 461.700 toneladas, acumulando desde setembro/11 o total de 31,66 milhões, contra 38,05 milhões no mesmo período do ano anterior.
Por outro lado, o plantio de soja nos EUA avança rapidamente, tendo alcançado 94% da área no dia 03/06, contra 75% na média histórica nesta época. As condições das lavouras de soja, na mesma data, eram de 65% entre boas a excelentes, 29% regulares e apenas 6% entre ruins a muito ruins. No milho, as condições das lavouras atingiam 72% entre boas a excelentes, 23% regulares e 5% ruins a muito ruins. No trigo de inverno tinha-se 52% entre boas a excelentes, 30% regulares e 18% ruins a muito ruins. Enfim, o trigo de primavera ficava com 78% entre boas a excelentes, 20% regulares e somente 2% entre ruins a muito ruins.
Paralelamente, na Argentina, a colheita, no dia 31/05, chegou a 89% da área total, com a produção final se confirmando em apenas 39,9 milhões de toneladas devido as perdas com a seca no verão passado. No ano passado, nesta época, a colheita já atingia a 94% da área.
Ao mesmo tempo, a comercialização desta safra 2011/12 atingia a 57% na mesma data do 31/05, contra 49% no ano anterior. Os altos preços mundiais estão ajudando a uma venda mais rápida, pois a tendência é dos mesmos não se manterem nesses níveis na próxima colheita, caso a safra dos EUA venha a ser normal em 2012.
Pelo lado da demanda, a China deverá mesmo importar 60 milhões de toneladas de soja em 2012/13, aumentando em 3 milhões o volume que se registra no atual ano comercial. Até o final de abril/12 os chineses haviam importado 33,1 milhões de toneadas, ou seja, 12% acima do mesmo período do ano anterior. O aumento na produção de ração animal na China, devido a mudança nos hábitos alimentares de sua população, é o principal motivo desse avanço nas compras de soja.
Quanto aos prêmios nos portos, a primeira semana de junho fechou com os portos brasileiros, para junho, pagando entre 76 centavos e US$ 1,20/bushel. Já para abril/maio de 2013, Paranaguá (PR), por exemplo, está pagando apenas entre 3 e 8 centavos de dólar por bushel, contra 76 a 80 centavos neste momento. A queda nos prêmios futuros revela a expectativa de uma recuperação importante na safra brasileira, assim como um recuo nos preços mundiais da soja. No Golfo do México (EUA) o prêmio ficou entre 65 e 68 centavos de dólar por bushel, para junho, assim como em Rosário (Argentina), para o mesmo mês, os prêmios oscilaram entre 40 e 48 centavos por bushel.
No mercado brasileiro, os preços melhoraram um pouco no final da semana, na esteira da recuperação de Chicago e do Real ter voltado à casa dos R$ 2,04 por dólar. Assim, a média no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 53,99/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 62,00 e R$ 62,50/saco. Nas demais praças do país, os lotes variaram entre R$ 56,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 62,50/saco no oeste e norte do Paraná. Na BM&F/Bovespa, o contrato para julho/13 fechou a semana em US$ 31,99/saco, enquanto o de setembro/12 ficou em US$ 30,74/saco. Já para maio/13 o valor ficou em US$ 27,20/saco.
Números praticamente finais da safra de soja brasileira dão conta de uma produção entre 65,9 e 66,3 milhões de toneladas, contra 74,4 milhões um ano antes. O Rio Grande do Sul teria ficado com uma produção de 6,2 milhões de toneladas, o Paraná com 10,9 milhões e o Mato Grosso com 21,5 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado e Conab) Todavia, no Rio Grande do Sul, considerando as perdas pela baixa qualidade do grão colhido, a quebra estimada em 46%, foi bem maior, girando ao redor de 60%.
Nessas condições, o esmagamento de soja no Brasil, para 2012, está previsto em 36 milhões de toneladas, com recuo de 2% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações somariam 29,3 milhões de toneladas do grão, com recuo de 13% em relação a 2011. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, em termos de preços futuros o mercado continua muito interessante. No Rio Grande do Sul, no interior gaúcho houve interesse de compra, para maio/13, a R$ 54,50/saco. Em Goiás, indicações de compra, para março/13, a US$ 24,30/saco, enquanto na região de Brasília o valor ficou em R$ 48,00/saco. Em Uberlândia (MG), para abril/13, interesse de compra a R$ 51,50/saco em termos nominais. Em Barreiras (BA), para maio/13, a compra indicou valor de R$ 48,50/saco, no Maranhão R$ 47,00/saco e em Tocantins, o saco ficou cotado na compra a R$ 46,50 para abril/13.
MERCADO DO MILHO
As cotações do milho em Chicago terminaram a semana em US$ 5,94/bushel, após US$ 5,86 na véspera, registrando igualmente uma recuperação em relação aos US$ 5,55/bushel de uma semana antes.
Os motivos são os mesmos indicados para a soja, havendo um pouco mais de preocupação quanto aos efeitos de um clima um pouco mais seco nos EUA, já que o cereal está em estágio mais avançado de desenvolvimento, do que a soja, além de ser um produto mais sensível à falta de chuvas. O relatório de oferta e demanda, do dia 12/06, portanto, é esperado com expectativa pelo mercado.
No curto prazo, auxiliou as altas em Chicago o fato de os produtores argentinos, mais uma vez, paralisarem suas atividades e realizarem manifestações contra o governo local, em especial contra os altos impostos, fato que levou o mercado a precificar o risco dos embarques argentinos de milho, soja e trigo serem transferidos para os EUA e mesmo o Brasil.
Ao mesmo tempo, um dado que esfriou um pouco o entusiasmo altista foi o anúncio de exportações semanais, nos EUA, de apenas 188.700 toneladas, contra uma expectativa do mercado que girava entre 500.000 e 900.000 toneladas.
Nessas condições, o futuro relatório do dia 12/06 poderá rever para cima os estoques finais da safra velha nos EUA, se tornando um fator baixista para as cotações.
Jogou em favor desse raciocínio igualmente a melhoria nas condições das lavouras estadunidenses de milho. As mesmas, até o dia 03/06, apresentavam um quadro de 72% entre boas a excelentes, 23% regulares e apenas 5% entre ruins e muito ruins.
Afora isso, há previsão de chuvas normais para as próximas duas semanas no Meio-Oeste dos EUA.
Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB fechou a semana cotada, respectivamente, em US$ 230,00 e US$ 137,50, ambas para junho, com novo recuo sobre as semanas anteriores.
No mercado brasileiro, os preços permanecem debilitados, com o balcão gaúcho pagando, na média, R$ 24,00/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 25,65 e R$ 26,00/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 14,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,50/saco em Videira e Concórdia (SC). Para a safrinha, os preços no Mato Grosso ficaram em R$ 13,50/saco e até menos, para julho/agosto, na região de Lucas do Rio Verde à Sorriso.
Mesmo assim, na BM&F/Bovespa o mês de novembro ficou ainda com ágio sobre setembro, fato que não deve durar muito a partir do fato de que a safrinha iniciou a ser colhida e deverá confirmar os volumes já indicados. Nesse sentido, a Conab indica que a safra total de milho no Brasil possa chegar, nesse ano, a 67 milhões de toneladas, superando pela primeira vez na história a safra de soja. O mercado, inclusive, espera uma colheita total final de 68 a 69 milhões de toneladas. Nesse contexto, a possibilidade de quebras na safrinha do Paraná, devido as fortes geadas dessa semana e final de semana, não preocupa o mercado nacional. Pelo menos por enquanto, pois existem análises que informam que as mesmas, pelo estágio das lavouras, podem ser até mesmo favoráveis na maioria das regiões paranaenses.
Nesse contexto, mesmo com exportações anuais de 10 milhões de toneladas, os estoques finais de milho no Brasil serão imensos, derrubando por completo os preços no final desse ano e início do próximo. Especialmente se a futura safra de verão vier normal.
Vale ainda destacar que os embarques nacionais de milho, mesmo com o novo câmbio, estão lentos. Em maios, o total chegou a apenas 165.700 toneladas, somando um total de 818.800 toneladas no atual ano comercial iniciado em fevereiro/12. Todavia, para junho a programação de embarque nos portos brasileiros já alcança 800.000 toneladas.
Enfim, a importação, no CIF indústrias brasileiras, fechou a semana com junho indicando valores de R$ 41,71/saco para o produto oriundo dos EUA e R$ 34,92/saco para o produto da Argentina.Para julho, o produto argentino ficou em R$ 33,93/saco. Já na exportação, no transferido via Paranaguá (PR), o mesmo de junho ficou em R$ 26,50/saco; julho R$ 25,61; agosto R$ 25,82; setembro R$ 25,33; outubro R$ 25,18; novembro R$ 24,97; dezembro R$ 25,61; e janeiro/13 R$ 24,93/saco.
MERCADO DO TRIGO
As cotações do trigo em Chicago recuaram durante quase toda a semana, porém, se recuperaram no dia 07/06 ao fecharem em US$ 6,41/bushel para o primeiro mês, após 6,43/bushel uma semana antes e US$ 6,12 no dia 01/06.
O clima quente e seco em partes das regiões de produção dos EUA e da Rússia, somado a um enfraquecimento do dólar, deu mais fôlego às cotações no final de semana.
As condições das lavouras dos EUA, por enquanto, continuam muito boas para o trigo de primavera, com 78% entre boas a excelentes, 20% regulares e apenas 2% entre ruins e muito ruins. Já o trigo de inverno está mais prejudicado, com 52% entre boas a excelentes condições, 30% regulares e 18% entre ruins e muito ruins.
Por sua vez, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano 2011/12, iniciado em junho/11, na semana encerrada em 24/05, ficaram em 6.400 toneladas negativas, pois houve cancelamento de 150.000 toneladas. Já as vendas relativas ao ano 21012/13 somaram 325.600 toneladas, na mesma semana, contra 754.600 toneladas da semana anterior. Paralelamente, as inspeções de exportação dos EUA chegaram a 587.257 toneladas na semana encerrada em 31/05. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de junho de 2011, o volume chega a 28,2 milhões de toneladas em 2011/12, contra 34,6 milhões em 2010/11. Portanto, houve 18,5% a menos de inspeções de exportação nesse ano comercial que acaba de se encerrar.
A produção de trigo da Rússia, em 2012/13, deve chegar a 54 milhões de toneladas. O dado fica abaixo dos 56,23 milhões de toneladas produzidos na safra 2011/12, confirmando as perdas com mais uma seca. Assim, em 2012/13 estão previstas 16 milhões de toneladas para a exportação, contra 21 milhões de toneladas do ano anterior. O consumo deve se manter praticamente estável em 38,4 milhões de toneladas. Os estoques finais são estimados em 10,02 milhões de toneladas, contra os 10,2 milhões de toneladas do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Quanto à futura safra dos EUA, onde a colheita do trigo de inverno já se desenvolve, o mercado espera o relatório do USDA deste próximo dia 12/06 para construir uma ideia melhor sobre os volumes finais.
Paralelamente, as cotações no Mercosul estabilizaram nesta semana. Na Argentina, o Up River indicou, para junho/julho, compra a US$ 256,00/tonelada, o que representa uma variação positiva mensal de 8,0%. Em Bahia Blanca a referência de compra está em US$ 265,00/tonelada, com alta de 6,9% em relação ao mês anterior. Na região portuária de Necochea a indicação está em US$ 252,00/tonelada, com queda de 8,2% em comparação com o mesmo período do mês passado. No Uruguai a referência de compra ficou em US$ 245,00/tonelada, com retração mensal de 0,8%. Já no Paraguai, a indicação de compra ficou em US$ 230,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
No mercado brasileiro, os preços pouco variaram, embora o produto de qualidade superior continue sendo muito procurado diante das altas dos preços na importação, devido ao câmbio, e também da escassez existente na oferta nacional para esse tipo de produto. Assim, a média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 23,75/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 462,50 e R$ 467,50/tonelada. No Paraná, os lotes giraram entre R$ 515,00 e R$ 517,50/tonelada. O produto paranaense geralmente contempla as exigências qualitativas do mercado, porém, neste ano sua produção sofreu uma importante quebra de safra, fato que eleva ainda mais os preços da tonelada do produto superior.
Quanto à safra nova, dados da Emater gaúcha indicam um incremento de 6,5% na área a ser semeada com trigo no Rio Grande do Sul, a qual está em ritmo atrasado, embora as últimas chuvas possibilitem uma rápida aceleração do plantio.
A expectativa final é que a área aumente ainda mais, podendo chegar a um incremento entre 10% e 15%, embora a seca que atingiu o Estado até meados de maio particularmente, possa ter modificado tal quadro de expectativas. Em o clima ajudando até o final, projeta-se uma produção gaúcha de 2,5 milhões de toneladas ou até um pouco mais, contra 2,7 milhões na safra anterior.
Já no Paraná, fortes chuvas atingiram o Estado nesses primeiros dias de junho, podendo ter prejudicado as lavouras de trigo. Além disso, embora seja cedo, as fortes geadas do final de semana do feriado podem ter causado algum estrago localizado.
Em termos gerais do país, a Conab apontou, em seu último boletim, uma safra total de trigo no Brasil, em 2012/13, de 5,1 milhões de toneladas, o que seria 11,8% inferior à registrada no ano anterior. Para tanto, o clima no Rio Grande do Sul particularmente, terá que ser perfeito até a colheita, situação que está longe de ser garantida a julgar pelas projeções meteorológicas para a primavera gaúcha.
Por outro lado, a Conab realizou três leilões de venda de trigo, no dia 06/06, o que ajudou a segurar os preços do cereal no mercado nacional, num momento em que os moinhos e varejistas anunciam um aumento no pão e demais produtos finais ao consumidor de até 15%. Isso devido ao aumento dos custos de importação, em função do câmbio, especialmente da farinha procedente da Argentina. No total, foram negociadas 23.685 toneladas de trigo, de um total ofertado de 77.000 toneladas. Não foi negociado nenhum lote para o Estado de Mato Grosso, sendo que do total negociado 60% foi vendido em São Paulo e o restante no Paraná.
Como o esperado, houve uma grande procura por trigo pão e melhorador no Paraná, que há semanas já vem sofrendo com a falta de produto de boa qualidade devido ao período de entressafra. (cf. Safras & Mercado)
Daqui em diante, em se mantendo o atual câmbio, as compras externas devem permanecer travadas devido a desvalorização do Real, fato que elevará o interesse pelo produto nacional ofertado pelo governo. Afinal, o cálculo da paridade de importação segue indicando o cereal do Mercosul bem acima do nacional (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.