As cotações do trigo em Chicago fecharam o dia 31/05 em US$ 6,43/bushel, após US$ 6,63 uma semana antes. Com isso, a média de maio/12 ficou em US$ 6,36/bushel, contra US$ 6,31 em abril. Nota-se que o mercado, na linha da soja e do milho, recuou durante a última semana de maio.
Os motivos são praticamente os mesmos das outras duas culturas, tendo apenas, em favor das cotações do trigo, a ameaça de quebras de safra na Rússia e mesmo nos EUA, para o trigo de inverno, devido ao clima mais seco nas regiões produtoras.
Neste sentido, a colheita do trigo de inverno nos EUA alcançou 9% no dia 27/05, contra 1% na média histórica para esta época. Já as condições das lavouras para o trigo de inverno ficaram em 54% entre boas a excelentes, 29% regulares e 17% entre ruins a muito ruins. Para o trigo de primavera, as condições eram de 79% entre boas a excelentes, 19% regulares e 2% entre ruins a muito ruins.
Por sua vez, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, referentes a 2011/12, iniciado em junho/11, ficaram em 72.400 toneladas na semana encerrada em 17 de maio, contra 321.800 toneladas na semana anterior. O Japão, com 58.200 toneladas foi o principal país comprador. As vendas líquidas estadunidenses de trigo, referentes a 2012/13 ficaram em 754.600 toneladas na semana mesma semana, contra 389.600 toneladas na semana anterior. O Iraque, com 200.000 toneladas, foi o principal comprador.
Já as inspeções de exportação dos EUA, na semana encerrada em 24/05, alcançaram um total de 556.859 toneladas. No acumulado do ano comercial 2011/12, iniciado em junho, o total alcança 27,6 milhões de toneladas, contra 34,2 milhões em igual momento do ano anterior.
Enquanto isso, o Conselho Internacional de Grãos reviu para baixo a produção mundial do cereal, apontando agora um volume de 671 milhões de toneladas. A redução de 5 milhões em relação ao informe anterior se deve a perdas devido a seca na Rússia e na União Europeia.
No Mercosul, houve novas altas do trigo na esteira da situação externa. No Up River argentino, para junho/julho a compra ficou em US$ 266,00/tonelada, representando uma variação positiva de 12,7% sobre igual momento do mês anterior. Já em Bahia Blanca a tonelada chegou a US$ 275,00, com ganho mensal de 11,3%. Em Necochea o valor da mesma ficou em US$ 262,00, nesse caso em queda de 12,9% sobre o mês anterior. No Uruguai, a compra ficou em US$ 255,00/tonelada, com variação mensal de menos 4,9%. Enfim, no Paraguai, a indicação de compra ficou em US$ 235,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
No mercado brasileiro, os preços pouco se alteraram, embora a procura pelo trigo nacional de qualidade tenha aumentado devido ao câmbio e ao aumento no preço internacional. Assim, a média gaúcha no balcão ficou em R$ 23,85/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 462,50 e R$ 467,50/tonelada. No Paraná, os lotes ficaram entre R$ 515,00 e R$ 517,50/tonelada. Nota-se que a diferença entre os preços do Rio Grande do Sul e do Paraná vem crescendo nas últimas semanas.
Na prática, até agora o mercado somente funcionou graças aos leilões de PEP e PEPRO organizados pelo governo. Nessa segunda quinzena de maio, com a mudança cambial e certo aumento nos preços externos, o mercado reagiu, especialmente em torno do produto superior, que praticamente já não existe.
Além disso, o Paraná anuncia que sua área semeada com a nova safra do cereal deverá ficar 25% menor, com apenas 792.226 hectares segundo o Deral. Isso surpreende e preocupa o mercado interno, já que no Rio Grande do Sul, onde o plantio seria em crescimento de pelo menos 15%, o clima seco atrasa a semeadura e compromete o desenvolvimento do que já foi plantado. As chuvas desta semana deram certo alento à retomada do plantio, porém, será preciso mais chuva nas semanas futuras para garantir uma planta adequada. Apesar disso, o Paraná espera, graças a melhoria na produtividade média, ter um recuo de apenas 7% na produção final deste ano 2012/13, trazendo o volume para 2,28 milhões de toneladas. A questão é esperar que o retorno do fenômeno El Niño, que traz muita chuva na primavera, não provoque perdas nas lavouras do sul do país.
Enfim, com o aumento na demanda pelo trigo nacional, a farinha começa a subir de preço, fato que deverá pressionar a inflação. No Paraná, em média, a farinha para panificação está custando cerca de R$ 49,60 (saca de 50 quilos com ICMS incluso). Em São Paulo e Minas Gerais essa cotação se eleva para R$ 50,50 e R$ 51,80, respectivamente. (cf. Safras & Mercado)
Vale ainda destacar que circulou informações de que o governo teria revisto para baixo, após o seu anúncio há duas semanas, os preços mínimos para o trigo. Todavia, isso não foi confirmado até o momento. Sendo assim, o que está valendo é: para a região Sul, o trigo tipo 1, pH 78, saca de 60 kg, tem preço mínimo de R$ 20,85 (básico), R$ 25,02 (doméstico), R$ 30,06 (pão) e R$ 31,50 (melhorador); o trigo tipo 2, pH 75, tem preço mínimo de R$ 18,95 (básico), R$ 22,74 (doméstico), R$ 27,36 (pão) e R$ 28,92 (melhorador); o trigo tipo 3, pH 72, tem preço mínimo de R$ 16,00 (básico), R$ 19,20 (doméstico), R$ 23,10 (pão) e R$ 23,52 (melhorador). Já os preços mínimos do trigo para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Bahia ficam assim: o trigo tipo 1, pH 78, saca de 60 kg, tem preço mínimo de R$ 22,95 (básico), R$ 27,54 (doméstico), R$ 33,12 (pão) e R$ 34,98 (melhorador); o trigo tipo 2, pH 75, tem preço mínimo de R$ 20,65 (básico), R$ 24,78 (doméstico), R$ 29,76 (pão) e R$ 31,56 (melhorador); o trigo tipo 3, pH 72, tem preço mínimo de R$ 17,55 (básico), R$ 21,06 (doméstico), R$ 25,385 (pão) e R$ 25,92 (melhorador). Enfim, o trigo para outros usos tem preço mínimo de R$ 12,12 o saco, em qualquer dessas regiões.
Acima o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 04/05 e 31/05/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.