Comentários referentes ao período entre 18/05/2012 a 24/05/2012
MERCADO DA SOJA
As cotações da soja em Chicago trabalharam a semana em forte queda, caracterizando um processo iniciado após a excelente posição obtida em 30/04, quando o bushel, para o primeiro mês, bateu em US$ 15,03. Assim, o fechamento desta quinta-feira (24) ficou em US$ 13,76/bushel, após US$ 13,62 na véspera. Ou seja, em menos de um mês o bushel de soja em Chicago perdeu US$ 1,27. Para novembro/12, momento da consolidação da colheita nos EUA, o mercado se apresentou ainda mais fraco, com o fechamento desta quinta-feira (24) ficando em US$ 12,76/bushel. Ou seja, uma perda de US$ 1,00 em relação a cotação do primeiro mês (julho) na Bolsa. Esse é um claro indicativo, já alertado há mais tempo, de que, por enquanto, em clima normal nos EUA, as cotações em Chicago tendem a ceder para o final do ano.
Por sua vez, o dólar continuou se valorizando no cenário internacional, em função da crise mundial, em especial na Europa, fato que leva a um aumento na sua demanda em função do mesmo trabalhar como valor refúgio. Em a valorização ocorrendo, geralmente as commodities perdem valor em dólares no mercado internacional.
O movimento de baixa foi ainda alimentado pelo anúncio de que importadores de soja chineses estariam cancelando compras para os próximos meses em função de que o recuo no preço dos derivados comprometa ainda as margens de esmagamento. (cf. Safras & Mercado) Para se ter uma ideia, a libra-peso do óleo de soja, em Chicago, bateu em 48,91 centavos de dólar no dia 23/05, seu valor mais baixo neste ano de 2012. Paralelamente, o farelo, que estava muito firme, tendo chegado a US$ 432,50/tonelada curta no primeiro dia de maio, caiu para US$ 405,00 no dia 22/05. Atualmente, no mercado interno chinês, os esmagadores de soja estariam perdendo 100 yuans por tonelada processada (um dólar equivale a cerca de 6,25 yuans).
Completou o quadro, o anúncio por parte do Centro Nacional de Grãos e Óleos da China de que o país teria promovido um leilão de venda de 600.000 toneladas de soja em grão de suas reservas nesse 24/05. (cf. Safras & Mercado)
Soma-se a isso o clima positivo que continua presente nas áreas de lavouras de milho e soja nos EUA, fato que continua acelerando o plantio. Apenas em regiões de trigo nota-se um clima mais seco. Assim, até o dia 20/05, o plantio da soja nos EUA chegava a 76% da área esperada, contra 42% na média histórica. Para o milho, o plantio batia em 96%, contra 81% na média, enquanto para o trigo de primavera tinha-se 99% semeado, contra 78% na média para esta época do ano.
O trigo de inverno, até esta data, tinha 1% da área colhida.
Destaca-se ainda o fato de que o mercado considerou fracas as vendas líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 10/05. Para a safra 2011/12, enquanto o mercado esperava vendas em torno de 1,1 a 1,6 milhão de toneladas, o volume ficou em 616.300 toneladas apenas, contra 466.500 toneladas na semana anterior. No acumulado do ano, iniciado em 1º de setembro de 2011, o volume atingiu a 35,1 milhões de toneladas, contra 41,3 milhões no mesmo período do ano anterior.
Paralelamente, os embarques semanais de soja estadunidense, na semana encerrada em 17/05, atingiram a 345.200 toneladas, acumulando desde setembro 2011 um total de 30,8 milhões de toneladas, contra 37,6 milhões um ano antes.
Pelo lado da demanda, a China teria importado 4,88 milhões de toneladas de soja em abril, elevando em 26% o volume em relação ao mesmo mês do ano passado.
Nos quatro primeiros meses do ano, as importações somam 18,15 milhões de toneladas, alta de 22% sobre o primeiro quadrimestre de 2011. (cf. Safras & Mercado)
Enquanto isso, a Argentina confirma uma colheita final de soja em apenas 41,5 milhões de toneladas, após ter alcançado 84% da área no dia 17/05. No ano passado, quando também o clima seco atingiu a produção argentina, o volume ficou em 48,9 milhões de toneladas.
No mercado brasileiro, os preços da soja recuaram um pouco no final da semana, puxados por Chicago. A queda só não foi maior porque o câmbio, com o Real batendo em R$ 2,08 por dólar em alguns momentos, deu sustentação aos preços em reais da soja. Todavia, em termos médios os preços melhoraram, com a média semanal gaúcha batendo em R$ 54,85/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 61,50 e R$ 62,00/saco. Nas demais praças, a média dos lotes oscilou entre R$ 55,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 60,25/saco no norte do Paraná.
Em termos de preços futuros, as ofertas existentes continuam excelentes. No interior gaúcho, a compra esteve a R$ 54,50/saco para maio/13. Em Goiás não houve indicações de preços futuros, enquanto na região de Brasília o preço nominal ficou em R$ 49,50/saco para março/13. Em Minas Gerais, a região de Uberlândia praticou valores de R$ 52,00/saco para abril/13. Já na Bahia a soja futura esteve a R$ 48,50/saco para maio/13. O Maranhão trabalhou com R$ 47,00 para o mesmo mês, enquanto Tocantins registrou R$ 47,50/saco na compra, para abril/13.
A tendência sendo de um Real mais valorizado para o final do ano (R$ 1,85 pela expectativa do mercado), e diante de Chicago apontando US$ 12,57/bushel para novembro, é de os preços recuarem no mercado brasileiro. Com os valores acima, mantendo as demais condições, principalmente em termos de custos e margem de comercialização, o saco de soja no mercado gaúcho, por exemplo, poderá vir a R$ 43,50 em dezembro. Obviamente, o comportamento de Chicago será definido pelo clima nos EUA, fato que exige muita cautela já que a safra local está apenas em término de plantio.
MERCADO DO MILHO
As cotações do milho em Chicago perderam força durante esta semana, chegando novamente a bater em US$ 5,97/bushel no dia 22/05, para fechar a quinta-feira (24) ainda mais baixo, em US$ 5,78.
Os dados climáticos indicam uma safra, por enquanto, excelente, com o plantio chegando a 96%, estando praticamente finalizado nesse momento. A germinação atingiu a 76%, contra a média de 48%, enquanto as condições das lavouras estavam em 77% entre boas a excelentes e apenas 3% entre ruins a muito ruins.
Todavia, o mercado encontra reflexos da preocupação geral sobre as lavouras de trigo no Leste Europeu e na Austrália, onde existe falta de chuvas, assim como há alguns problemas nas próprias lavouras do cereal nos EUA. Tanto é verdade que as cotações do trigo, em Chicago, oscilaram violentamente nesses últimos 15 dias em Chicago. A Rússia, inclusive, estaria indicando um recuo no seu potencial exportador de trigo para a próxima safra, com o mesmo caindo de 20,5 para 14 milhões de toneladas.
Por outro lado, o petróleo voltou a ter seu preço em recuo, com o barril batendo em US$ 91,70 em Nova York.
Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB ficou em US$ 254,00 e US$ 160,00 nesse final de maio.
Nesse contexto, os preços do milho no Brasil pouco evoluíram. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 24,29/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 25,50 e R$ 26,00/saco. Nas demais praças do país, os lotes oscilaram entre R$ 15,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 25,75/saco em Chapecó e Videira (SC).
Com a forte desvalorização do Real, que continuou durante a semana apesar de o Banco Central ter iniciado um processo de venda de dólares de suas reservas, os contratos futuros da safrinha se mantiveram, na BM&F/Bovespa elevados para setembro, com valores entre R$ 24,50 e R$ 25,50/saco. Todavia, esse câmbio provavelmente não ficará nesses níveis, fato que deverá mudar o quadro futuro, já que se espera uma nova revalorização do Real para o final do ano.
Dito isso, na prática, no Mato Grosso a safrinha, para junho, está com preços entre R$ 17,50/saco em Primavera do Leste e R$ 15,50 a R$ 16,00/saco em Sorriso. Para os meses mais distantes os preços chegam a recuar para até R$ 12,00/saco no Nortão mato-grossense.
Enfim, a importação, no CIF indústrias brasileiras, ficou em R$ 42,71/saco para o produto dos EUA e R$ 39,02/saco para o produto da Argentina, ambos para maio. Já o produto argentino, para junho ficou em R$ 37,48/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá, registrou R$ 27,30/saco para maio; R$ 28,43 para junho; R$ 27,09 para julho; R$ 26,55 para agosto; R$ 26,24 para setembro; R$ 25,58 para outubro; R$ 26,56 para novembro e R$ 25,86/saco para dezembro.
MERCADO DO TRIGO
O trigo vem registrando fortes oscilações em suas cotações em Chicago, após o anúncio de seca em regiões da Rússia, Leste Europeu, Austrália e mesmo nos EUA. Com isso, o bushel, que havia iniciado o mês de maio a US$ 6,33, recuou para US$ 5,92 no dia 11/05 (um dia após o relatório de oferta e demanda do USDA), disparando para US$ 7,04 no dia 21/05, e fechando esta quinta-feira (24) em US$ 6,63. Na Austrália as chuvas já teriam retornado e nas outras regiões o quadro geral não é ainda preocupante. Porém, o mercado deverá continuar muito volátil nas próximas semanas.
Dito isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, referentes à temporada comercial 2011/12, que teve início em 01/06/2011, ficaram em 321.800 toneladas na semana encerrada em 10 /05, contra 221.600 toneladas na semana anterior. A Coreia do Sul (87.700 toneladas) foi o principal país comprador. As vendas líquidas referentes à temporada 2012/13 ficaram em 389.600 toneladas na mesma semana, ante 328.900 toneladas na semana anterior. Também aqui a Coreia do Sul, com 129.900 toneladas, foi o principal comprador.
Por sua vez, as inspeções de exportação de trigo dos EUA chegaram a 677.445 toneladas na semana encerrada no dia 17/05. No acumulado do ano comercial o total chega a 27,04 milhões de toneladas, contra 33,44 milhões em igual período do ano anterior.
Paralelamente, a União Europeia deverá realizar uma produção de 122,7 milhões de toneladas de trigo neste ano, o que representa queda de 4,8% em relação a 2011. O motivo da redução na projeção é climático.
Já na Rússia, a estiagem no sul do país está aumentando o receio de que a principal região produtora local venha a ter perdas na safra, com conseqüente redução de estoques. O mercado, escaldado pelo que aconteceu em 2010 naquele país, quando a seca provocou importante quebra de safra, se mantém muito atento à nova situação russa.
Enquanto isso, na Argentina, números consolidados da safra 2011/12 dão conta de que o vizinho país cultivou 4,63 milhões de hectares, contra 4,58 milhões do ano anterior. A
produção final está estimada em 13,2 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 16,5% em relação as 15,9 milhões de toneladas do ano anterior. Com isso, as exportações devem passar de 7,75 milhões de toneladas em 2010/11 para 9,67 milhões de toneladas em 2011/12. Os estoques finais do país devem ter uma queda grande, passando de 3,74 milhões de toneladas para 330 mil toneladas apenas. (cf. Safras & Mercado)
No Mercosul, as cotações no Upriver, ficaram em US$ 241,00 por tonelada ou 1,3% acima da média do mês anterior nesse período. Em Bahia Blanca a referência de compra esteve em US$ 250,00/tonelada, com alta de 0,4% em relação ao mês anterior. Na região portuária de Necochea a indicação ficou em US$ 237,00/tonelada, com queda de 1,3% em comparação com o mesmo período do mês passado. No Uruguai a referência de compra ficou em US$ 245,00/tonelada, com retração mensal de 0,4%. Já no Paraguai, a indicação de compra esteve em US$ 225,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
No Brasil, graças a forte desvalorização do Real nas últimas semanas (chegou a R$ 2,08 no dia 23/05) permitiu uma valorização do trigo nacional já que as importações ficaram mais caras. Assim, na região de Maringá, no Paraná, houve ofertas de compra por R$ 480,00 por tonelada, sendo que a média da semana, nos lotes, fechou entre R$ 507,00 e R$ 512,50/tonelada no Estado. No Rio Grande do Sul, a média no balcão ficou em R$ 23,95/saco, enquanto os lotes chegaram a valores entre R$ 462,50 e R$ 465,00/tonelada. O ganho no último mês, no mercado gaúcho, seria de 1,1%, porém, o trigo ainda tem perdas de 4,2% em relação a média do ano passado nesta época.
No momento, pelo cálculo da paridade de importação, o trigo do Paraná está cerca de 4% mais barato em comparação ao argentino (cf. Safras & Mercado). A questão agora é esperar para ver o comportamento do câmbio no Brasil a fim de se poder definir uma tendência futura. Por enquanto, com a ideia de um Real mais valorizado, a R$ 1,85, no final do ano, é provável que o mercado do trigo nacional esteja vivendo agora um de seus melhores momentos neste ano, em comparação à concorrência externa. Dito de outra maneira, o mercado melhorou um pouco, mas está longe de ser compensador.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.