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07h27

ANÁLISE SEMANAL DO MERCADO DA SOJA, DO MILHO E DO TRIGO

Comentários referentes ao período entre 04/05/2012 a 10/05/2012.

MERCADO DA SOJA

As cotações da soja nesta semana estiveram em queda contínua, na esteira da expectativa do relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 10/05. Assim, o bushel saiu de US$ 14,68 no dia 03/05, após ter atingido a US$ 15,03 no dia 30/04, para US$ 14,27 no dia 09/05. O fechamento desta quinta-feira (10), após o relatório anunciado, ficou em US$ 14,52/bushel, pois o mesmo foi considerado altista.

Além da preocupação com a área semeada nos EUA, e logo mais com o clima naquele país, Chicago foi atingido igualmente pela fuga parcial de capital especulativo em função do agravamento da crise econômica na Europa, especialmente Grécia e Espanha. O resultado das eleições presidenciais na Grécia e na França acabou preocupando o mercado, pois os vencedores destas eleições se declaram contrários aos arrochos econômicos propostos para corrigir a crise em que seus países estão envolvidos. Vale lembrar que, nesse contexto, o dólar se valoriza no cenário internacional, porque os investidores buscam se proteger da crise via a moeda estadunidense. O fortalecimento do dólar enfraquece as cotações nas bolsas num movimento de compensação natural.

Dito isso, o relatório do USDA indicou o seguinte:

1) A área a ser semeada nos EUA, por enquanto, permaneceu em 29,9 milhões de hectares, não havendo aumento da mesma em relação à intenção de plantio anunciada em 31/03 (o relatório final sobre a real área plantada somente sairá em 30 de junho);

2) A projeção para a safra 2012/13, que está sendo semeada, ficou em 87,2 milhões de toneladas, com um aumento de 4 milhões de toneladas mesmo com redução da área semeada. O mercado estava esperando uma projeção de 87,5 milhões;

3) Os estoques finais nos EUA, para o novo ano comercial, foram projetados em apenas 3,95 milhões de toneladas, ou seja, 1,77 milhão de toneladas abaixo do que deverá fechar o atual ano comercial 2011/12. Os estoques ficaram abaixo do esperado pelo mercado, cujo volume estava em 4,6 milhões de toneladas;

4) Além disso, os estoques finais para o atual ano 2011/12 foram reduzidos para 5,71 milhões de toneladas, enquanto o mercado esperava 6,01 milhões;

5) Com isso, o parâmetro de preços médios ao produtor dos EUA foi situado entre US$ 12,00 e US$ 14,00/bushel nesta nova temporada, após a média de US$ 12,35/bushel na estimativa para o atual ano e US$ 11,30/bushel efetivamente concretizado em 2010/11;

6) Em termos mundiais, o relatório indicou uma produção global de 271,4 milhões de toneladas, com aumento de 34,5 milhões de toneladas sobre o volume corrigido para 2011/12, que agora está em 236,9 milhões de toneladas (nesse sentido, Oil World projeta uma produção mundial futura de 274 milhões de toneladas, ou seja, superior a do USDA);

7) Os estoques finais mundiais, para o novo ano comercial, foram projetados em 58,1 milhões de toneladas, contra 53,2 milhões no atual ano comercial;

8) Para 2012/13 o USDA ainda projeta uma produção de 55 milhões de toneladas para a Argentina e de 78 milhões para o Brasil;

9) Enfim, as importações por parte da China subiriam para 61 milhões de toneladas em 2012/13, contra 56 milhões (número agora revisado) para o atual ano comercial.

Resultado desse relatório, considerado apertado, embora dentro da maioria das expectativas do mercado, Chicago se recuperou um pouco. Nesse sentido, o clima nos EUA passa a ser o grande elemento em jogo a partir de agora. Por enquanto ele está muito bom nas áreas de soja e milho, porém, qualquer frustração climática deverá elevar novamente as cotações da oleaginosa para além dos US$ 15,00/bushel.

Afora isso, os embarques semanais dos EUA, na semana encerrada em 03/05, ficaram em 271.900 toneladas, acumulando desde setembro/11, um volume de 29,9 milhões de toneladas, contra 37,2 milhões no ano anterior. Ou seja, tais embarques ainda estão cerca de 20% abaixo do registrado no ano anterior.

Quanto ao plantio de soja nos EUA, até o dia 06/05, o mesmo atingia a 24% da área esperada, contra 11% na média histórica. O milho chegava a 71%, contra 47% da média, e o trigo de primavera alcançava 84%, contra 49% nessa mesma data em termos históricos. Assim, começa a ficar mais difícil a transferência de área do milho para a soja, como deseja parte dos operadores em Chicago.

Paralelamente, a safra da Argentina foi novamente revisada para baixo, agora para 41 milhões de toneladas. Já o esmagamento do produto no vizinho país totalizou 2,4 milhões de toneladas em março, contra 2,7 milhões no mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano comercial 2011/12 (abril/11-março/12) o esmagamento argentino de soja ficou em 37,51 milhões de toneladas, contra 39,19 milhões no ano anterior.

Por sua vez, a China anuncia estoques de soja em 3,5 milhões de toneladas, graças a um programa oficial iniciado em outubro do ano passado e concluído em abril. Talvez, a partir de agora, o ímpeto comprador chinês venha a diminuir, atrapalhando as cotações em Chicago e servindo de contraponto aos elementos altistas observados acima.

Enfim, os prêmios nos portos brasileiros continuaram firmes, diante da redução da oferta nacional. Os mesmos oscilaram entre 72 centavos de dólar e US$ 1,14/bushel, sendo que em Rio Grande a semana fechou entre 85 e 90 centavos de dólar. No Golfo do México (EUA) o mesmo ficou entre 57 e 65 centavos, enquanto em Rosário (Argentina) tivemos valores entre 50 e 55 centavos de dólar por bushel.

Enquanto isso, no Brasil, os preços estagnaram e até recuaram um pouco diante das baixas de Chicago. Todavia, a desvalorização do Real continuou, chegando a R$ 1,96 por dólar no final da semana, fato que sustentou boa parte dos preços da semana. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 55,08/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 60,00 e R$ 61,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes terminaram a semana entre R$ 53,75/saco em Sapezal (MT) e R$ 61,00/saco no norte do Paraná.

Quanto aos preços futuros, o interior gaúcho chegou a pagar R$ 54,50/saco para maio/13 no FOB. Em Goiás, a safra futura chegou a R$ 48,00/saco para março/13. Na Bahia, preços futuros a R$ 48,50/saco para maio/13, enquanto em Tocantins o saco chegou a R$ 49,00 para abril/13. Todos excelentes preços na ótica de o produtor realizar média de comercialização.

Enfim, a colheita no Brasil está praticamente encerrada, tendo atingido a 97% em 04/05, com 93% no Rio Grande do Sul.

No geral, o que se nota é que, no curto prazo, diante de um Real já muito desvalorizado, e a recuperação temporária de Chicago a partir do relatório anunciado, os preços nacionais para a atual safra continuarão nos atuais níveis. Depois, o clima nos EUA e o andamento da safra local, assim como o comportamento cambial no Brasil, que deverá sofrer uma correção, ditarão a tendência desses preços. Mas, salvo novas frustrações de safras nos EUA e aqui, e uma trapalhada muito grande do governo no câmbio, dificilmente os preços atuais serão repetidos em nossa próxima safra.

MERCADO DO MILHO

As cotações do milho em Chicago chegaram a esboçar uma reação durante a semana, quando o bushel bateu em US$ 6,66 no dia 08/05, após US$ 6,50 no dia 03/05, porém, acabaram cedendo com o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA neste dia 10/05. O fechamento desta quinta-feira (10) ficou em US$ 6,25/bushel.

Os elementos centrais são muito semelhantes com os da soja, com o acréscimo de que a safra dos EUA terá um expressivo aumento. Efetivamente, segundo o relatório do USDA, a área semeada nos EUA será de 36,06 milhões de hectares, o que representa um aumento de 6,1% sobre a área do ano anterior. Com isso, a produção naquele país, para 2012/13 está projetada em 375,8 milhões de toneladas, com aumento de 19,7% sobre o realizado no ano anterior. Nesse contexto, os estoques finais nos EUA seriam de 47,8 milhões de toneladas nesse novo ano comercial, aumentando 121% sobre o estimado para 2011/12. Além disso, o uso de milho para a fabricação de etanol não foi aumentado em relação ao ano anterior, ficando em 127 milhões de toneladas. Assim, o parâmetro de oscilação de preços ao produtor estadunidense foi estabelecido entre US$ 4,20 e US$ 5,00/bushel, ou seja, bem abaixo do que Chicago vem praticando nesse momento.

Quanto ao mercado mundial, o relatório indicou uma safra global de 945,78 milhões de toneladas, ou seja, 8,6% acima do registrado no ano anterior. Já os estoques finais chegariam a 152,3 milhões de toneladas no mundo, em 2012/13, após 127,56 milhões no atual ano comercial. A produção da Argentina está projetada em 25 milhões de toneladas, enquanto a do Brasil ficaria em 67 milhões de toneladas nesse novo ano comercial. O USDA ainda projeta exportações brasileiras na ordem de 12 milhões de toneladas, com as mesmas ficando bem acima das 10 milhões de toneladas que o mercado interno espera vender ao exterior.

Dito isso, o plantio de milho nos EUA, até o dia 06/05, chegava a 71% da área esperada, contra a média histórica de 47%. A germinação do que já foi semeado atingia a 32%, contra 15% na média. O clima é positivo, indicando a confirmação desta excelente safra, pelo menos até o momento.

Ainda em termos mundiais, a crise econômica que voltou a pressionar os países europeus em particular, cristalizando uma realidade de pouco crescimento econômico para 2012, acabou derrubando igualmente os preços do petróleo, com o barril em Nova York batendo em US$ 96,43 (a perda chegou a quase US$ 10,00/barril em uma semana). Isso desestimula os preços internacionais do milho, em especial o cereal dos EUA.

Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB fechou a semana na média de US$ 248,00 e US$ 167,50 respectivamente.

No Brasil, os preços médios ainda recuaram em algumas praças, porém, em outras houve estagnação e até mesmo alguma recuperação nos lotes. Assim, a média no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 24,73/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 24,25 e R$ 24,75/saco. Nas demais praças, os lotes de milho, relativos à safra de verão, ficaram entre R$ 17,75/saco em Sorriso (MT) e R$ 25,25/saco em Videira (SC).

Para a safrinha, o mercado continua encontrando dificuldades para elevações de preço. Na região de Sorriso (MT) o milho para junho esteve entre R$ 14,30 e R$ 14,50/saco. No Paraná, para agosto em diante, existem compradores a R$ 21,00/saco nesse momento. Ou seja, o quadro caminha para preços ao redor de R$ 20,00/saco (talvez menos) no sul do país, a partir do segundo semestre, caso a safrinha brasileira não sofra problemas climáticos.

Além disso, as exportações de milho brasileiro estão muito lentas e sem contratos firmados para além de agosto, o que coloca em dúvida a capacidade nacional de exportar, até o final de janeiro/13, pelo menos 10 milhões de toneladas. Desta forma, o mercado nacional se veria muito ofertado a partir da colheita da safrinha, com forte pressão baixista sobre os preços. Essa realidade deverá balizar a área de milho a ser semeada no verão brasileiro.

Enfim, a semana terminou com as importações, no CIF indústrias brasileiras, se estabelecendo em R$ 35,46/saco para o mês de maio ao produto argentino.

Quanto às exportações, o transferido via Paranaguá ficou em R$ 28,43/saco para maio; R$ 27,00 para junho; R$ 26,92 para julho; R$ 26,82 para agosto; R$ 24,52 para setembro; R$ R$ 24,20 para outubro e R$ 26,15/saco para novembro.

Para finalizar, enquanto a colheita da safra de verão está praticamente encerrada no Centro-Sul brasileiro, as projeções atuais para a safrinha estão indicando volume entre 30 e 33 milhões de toneladas, graças a um clima favorável nas regiões produtoras, com um aumento de área que chegaria a 26% em relação ao ano anterior.

Nessas condições, salvo surpresas, a tendência é de preços menores para os próximos meses no Brasil.

MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo foram as que mais caíram durante a semana, rompendo no dia 09/05 o piso dos US$ 6,00/bushel e fechando naquele dia a US$ 5,91. Na sequência, no dia 10/05 o fechamento melhorou um pouco, ficando em US$ 5,94/bushel.

No geral, o relatório do USDA, anunciado neste dia 10/05, foi o esperado pelo mercado. O mesmo apontou uma área total semeada nos EUA, com o cereal, de 22,6 milhões de hectares, sendo 2,7% acima do registrado no ano anterior. Com isso, a produção total dos EUA está projetada, para 2012/13, em 61,1 milhões de toneladas, após 54,4 milhões no ano anterior. Mesmo assim, os estoques finais estadunidenses, ao serem projetados em 20 milhões de toneladas, ficariam 4,3% abaixo do que deve ser registrado no atual ano comercial. Dessa forma, o parâmetro de oscilação dos preços, para o novo ano, está indicado entre US$ 5,50 e US$ 6,70/bushel, situação na qual Chicago já se encontra.
Em termos mundiais, a produção global de trigo está projetada em 677,56 milhões de toneladas, com estoques finais em 188,1 milhões de toneladas para 2012/13.

Em relação ao ano anterior, isso representa um recuo de 2,4% na produção e de 4,5% nos estoques finais respectivamente, em relação ao atual ano comercial. A produção da Argentina está projetada, nessa nova safra, em 14,5 milhões de toneladas, com exportações 9,8 milhões. Enquanto isso, a produção do Brasil é esperada em 5,8 milhões de toneladas e importações de 7,3 milhões de toneladas, sendo que nosso país ainda deverá exportar 2 milhões de toneladas de trigo. Vale destacar que a FAO projeta uma safra mundial 2012/13 de 675 milhões de toneladas em trigo.

Por outro lado, o plantio do trigo de primavera, nos EUA, alcançava a 84% da área no dia 06/05, contra 49% na média histórica. As condições das lavouras do cereal, naquele país, estavam em 63% entre boas e excelentes, 25% em situação regular e 12% em condições ruins e muito ruins.

Paralelamente, as vendas líquidas por parte dos EUA, na semana encerrada em 26/04, ficaram em 256.700 toneladas para o ano comercial 2011/12. Já as referentes ao novo ano comercial, que se inicia em 1º de junho, ficaram em 454.800 toneladas. O México foi o maior comprador, com 215.400 toneladas.

Quanto às inspeções de exportação estadunidenses, o volume atingiu a 655.102 toneladas na semana encerrada em 03/05. No acumulado do atual ano comercial, o volume alcança 25,6 milhões de toneladas, contra 31,8 milhões em igual momento do ano anterior.

Apesar deste quadro de menor oferta no futuro, os preços internacionais do trigo não devem subir para além dos atuais patamares, salvo quebras de safra importantes. Pesa para a baixa dos preços, por exemplo, além do retorno em força da Rússia ao mercado, o anúncio de que a Índia estuda a possibilidade de exportar 10 milhões de toneladas de seus estoques visando abrir espaço para a nova safra.

No Mercosul, os preços continuaram recuando, com o Up River argentino, para maio/junho, registrando US$ 239,00/tonelada (-2% no mês). Em Bahia Blanca, os preços ficaram a US$ 250,00/tonelada, também com perda mensal de 2%. Já em Necochea o valor da tonelada esteve a US$ 235,00, com -2,1% sobre o mês anterior. No Uruguai a compra esteve em US$ 240,00/tonelada, com recuo mensal de 4,4%, enquanto no Paraguai a tonelada ficou em US$ 220,00, perdendo 21,7% num mês.

No mercado brasileiro, os preços pouco se alteraram. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 23,95/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 460,00 e R$ 465,00/tonelada, em completa estagnação. No Paraná, os lotes igualmente estacionaram entre R$ 500,00 e R$ 502,50/tonelada.

No Rio Grande do Sul, a falta de chuvas vem atrasando o plantio e preocupando os produtores, embora a tendência continue sendo de uma área importante, com avanço de 10% a 15% pelo menos. No Paraná, o plantio chega a 45% da área e todas as lavouras estão em boas condições, sendo que 25% das mesmas estão em germinação.

Enfim, com o dólar a R$ 1,96 a paridade de importação da tonelada de trigo da Argentina praticamente se iguala ao valor do produto nacional com base no Paraná. O produto chega CIF São Paulo ao redor de R$ 540,00/tonelada, mas não há vendedores.

Vale ainda destacar o anúncio do plano safra para o trigo, o qual mais uma vez veio atrasado. Segundo o plano haverá R$ 430 milhões para a comercialização da safra 2012/13, pois os produtores irão precisar dos leilões de PEP para escoar a sua produção e, pelo menos, receber o preço mínimo. Quem não conseguir participar de tais leilões mais uma vez deverá alcançar preços entre R$ 20,00 e R$ 24,00/saco caso a safra vem a ser cheia.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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