As cotações do milho em Chicago não tiveram a mesma variação da soja. O fechamento desta quinta-feira (03/05) ficou em US$ 6,50/bushel, após US$ 6,24 uma semana antes e US$ 6,34/bushel na média de abril. Ou seja, o cereal trabalhou na contracorrente da soja, pois suas cotações caíram no início da semana e subiram no final da mesma, embora com poucas diferenças entre uma e outra posição.
O plantio nos EUA chegou a 53% da área esperada, estando muito adiante da média histórica de 23% para esta época do ano. Mesmo assim, o mercado não recuou junto aos vencimentos mais próximos. (cf. Safras & Mercado)
Assim como nos demais mercados, igualmente o milho sofre a pressão do recrudescimento da crise na Europa, agora com a Espanha chamando mais a atenção do mercado financeiro. Esse tipo de situação faz com que os especuladores vendam posições nas bolsas de commodities visando cobrir posições em outros ativos. Igualmente, o fortalecimento do dólar ajuda a enfraquecer o preço do cereal e das demais commodities, pois muito da alta das cotações nestes últimos anos se deve ao movimento compensatório diante da desvalorização excessiva da moeda dos EUA.
Dito isso, na Argentina e no Paraguai os preços da tonelada FOB fecharam a semana em US$ 246,00 e US$ 167,50 respectivamente.
No Brasil, a média gaúcha no balcão se manteve acima de R$ 25,00 (R$ 25,12/saco), enquanto os lotes oscilaram entre R$ 24,75 e R$ 25,35/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 18,00/saco em Sapezal, Lucas do Rio Verde e Sorriso (MT) e R$ 25,85/saco em Videira e Concórdia (SC).
Para a safrinha, comprador no Mato Grosso entre R$ 15,00 e R$ 16,00/saco, com preços beirando os R$ 12,00 a R$ 14,00/saco para meses mais adiante.
Vale destacar que nova projeção para a safrinha dá conta de uma colheita acima de 30 milhões de toneladas, superando de longe a chamada safra de verão. Se confirmado, esse volume será cerca de 8 milhões de toneladas superior à safrinha do ano anterior, graças a um aumento de área semeada no país de 26,5% em 2012. O Paraná espera colher 9,68 milhões de toneladas na safrinha, o Mato Grosso 10,4 milhões, o Mato Grosso do Sul 5,4 milhões, Goiás 3,5 milhões e São Paulo 1,5 milhão de toneladas. Nessas condições, em não havendo frustração climática na safrinha nacional, não há como os preços do cereal se manterem elevados.
Principalmente porque, apesar da forte desvalorização do Real nas últimas semanas, as exportações brasileiras de milho em abril teriam ficado em apenas 103.000 toneladas. Lembramos que mesmo exportando 10 milhões de toneladas no atual ano comercial 2012/13 (fevereiro-janeiro), o país ainda terá mais de 5 milhões de toneladas em estoque final, o que representaria o maior estoque dos últimos anos. E isso que houve quebra de safra no Rio Grande do Sul, parte de Santa Catarina e Paraná.
A situação está preocupando os produtores rurais. No Rio Grande do Sul, por exemplo, já se desenvolve o sentimento de que, pela tendência atual, seria mais interessante ampliar a área com soja e reduzir a de milho na próxima safra de verão.
Enfim, os preços na importação, para o CIF indústrias brasileiras, ficaram em R$ 41,25/saco para o produto dos EUA e R$ 35,12/saco para o produto argentino, ainda no final de abril. Para maio, o milho procedente da Argentina ficou em R$ 35,36/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou R$ 26,78/saco ainda em abril; R$ 26,64 para maio; R$ 26,48 para junho; R$ 26,31 para julho; R$ 25,13 para agosto; R$ 23,98 para setembro; R$ 24,09 para outubro e R$ 26,03/saco para novembro. (cf. Safras & Mercado)
Acima o gráfico da variação de preços do milho no período de 30/03 a 26/04/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.