As cotações da soja em Chicago recuaram durante a semana, num claro ajuste técnico, pressionadas pelo clima positivo nos EUA no momento. Desta forma, após terem fechado a semana anterior em US$ 14,41/bushel, o mercado caiu para US$ 14,07 no dia 18/04. Na sequência, houve uma pequena retomada, com o fechamento desta quinta-feira (19) ficando em US$ 14,15/bushel.
Assim, o clima positivo, com chuvas acima do esperado no Meio-Oeste estadunidense, indica possibilidade de um bom desenvolvimento do milho já plantado e terra úmida para o plantio da soja logo mais. Nesse sentido, até o dia 15/04, o milho havia sido semeado em 17% da área esperada, contra a média histórica de apenas 5% para esta época. Já o trigo de primavera alcançava 37% da área, contra 9% na média histórica.
Paralelamente, os registros de exportação de soja, por parte dos EUA, relativos a safra 2011/12, na semana encerrada em 05/04, atingiram a 460.100 toneladas, acumulando 32,18 milhões de toneladas. O mercado esperava um volume entre 700.000 e 1,15 milhão de toneladas. Por sua vez, os embarques semanais dos EUA, na semana encerrada em 12/04, chegaram a 491.600 toneladas, acumulando 28,8 milhões de toneladas, desde setembro/11, quando iniciou o atual ano comercial, contra 36,4 milhões de toneladas em igual período do ano anterior.
A redução nos embarques, no momento, chega a 20,9%.
Pelo lado da demanda, o governo chinês anunciou que as importações de soja em abril devem ter chegado a 4,63 milhões de toneladas, com recuo de 200.000 toneladas em relação as 4,8 milhões de toneladas de março, porém, 19% acima do registrado no mesmo mês do ano passado. Para maio se projetam importações de 5,2 milhões de toneladas.
Enquanto isso, na Argentina o esmagamento de soja somou 2,26 milhões de toneladas em fevereiro passado, após 2,05 milhões um ano antes. No acumulado do ano comercial 2011/12, iniciado em abril/11, o esmagamento do vizinho país atinge a 35,1 milhões de toneladas, contra 36,4 milhões em igual período do ano anterior.
Ao mesmo tempo, a safra de soja da Argentina foi reduzida para 44 milhões de toneladas em 2011/12 segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Esse volume já está menor em 10 milhões de toneladas sobre o projetado inicialmente. Até o dia 12/04 a colheita atingia a 29% da área, contra 34% no ano passado nesta época.
Enquanto isto, a comercialização da safra atingiu a 39%, contra 36% em igual período do ano anterior.
Enfim, a semana fechou com os prêmios firmes, especialmente no sul brasileiro, onde a frustração é grande e a falta de produto se cristaliza. Assim, nos portos brasileiros os prêmios oscilaram entre 73 centavos de dólar e US$ 1,18 por bushel.
Em Rio Grande, por exemplo, os mesmos estão entre 85 e 90 centavos por bushel em plena colheita, confirmando a forte ausência de produto de qualidade para embarque. Já no Golfo do México, o prêmio dos EUA ficou entre 58 e 64 centavos por dólar, enquanto em Rosário (Argentina) o mesmo registrou valores entre 40 e 60 centavos.
No mercado brasileiro, os preços da soja se mantiveram em elevação, pois o câmbio acabou compensando o recuo em Chicago (R$ 1,89 por dólar nesse dia 19/04), ao mesmo tempo em que o mercado local começa a assimilar o que já tínhamos analisado nesse espaço há mais tempo: a quebra da safra brasileira é maior do que os números oficiais informavam até há poucas semanas. Desta forma, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 52,63/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 57,00 e R$ 57,50/saco. Nas demais praças, os lotes ficaram entre R$ 50,55/saco em Sapezal (MT) e R$ 57,25/saco no norte do Paraná. Já a BM&F/Bovespa registrou preço de US$ 32,05/saco para maio/12 e US$ 28,40/saco para maio/13.
Em termos de preços futuros, o Rio Grande do Sul registrou R$ 53,50/saco no FOB interior, para maio/13. Em Goiás há lotes disponíveis a US$ 30,00/saco para janeiro/13. Enfim, Tocantins registra valor de R$ 47,00/saco para abril/13. Em todos os casos considerados, os preços estão muito bons e não se pode deixar de fazer vendas antecipadas buscando a realização de uma média interessante no conjunto da próxima safra.
A colheita no Brasil, até o dia 13/04, atingia a 85% da área total semeada, contra 78% na média histórica para esta época. No Rio Grande do Sul a área colhida atingia a 57%, no Paraná 95%, em Goiás 99%, em Minas Gerais 80%, na Bahia 50% e em Santa Catarina 77%. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul já encerraram a colheita.
Ao lado o gráfico da variação de preços da soja no período de 23/03 a 19/04/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e Estudos de Mercado Agropecuário.