No último Informativo COTRIJUI (15.04), o Eng. Agrônomo da COTRIJUI, Alberto Rosseto, abordou o tema “Implantação das cultura de inverno”, com foco nos cuidados com a pastagem para o rebanho leiteiro.
Dado o inicio do plantio e sua intensificação nas próximas semanas, é importante que o produtor tome alguns cuidados para que a pastagem alcance todos os objetivos. “O produtor espera conseguir fornecer alimento suficiente para seu rebanho, colocando o maior número possível de animais na área cultivada e, com isso, projeta obter uma produtividade alta de carne e leite. Desde que as pastagens sejam bem manejadas, é possível ainda, para a próxima safra de verão, obter-se uma boa produtividade de milho ou soja. Temos muitos dados de pesquisa que mostram que é possível ter um alto rendimento de soja e milho, muitas vezes superiores a áreas de resteva, em cima de pastagens”, afirmou Rossetto.
Temos uma das mais favoráveis variações climáticas do mundo, portanto, é possível atingir os objetivos para produção de forrageiras citados acima, mesmo com a situação de estiagem que passamos. “Apesar da quebra na produção de grãos, chegando a ultrapassar 80% em muitas regiões, a queda na produção de leite não foi na mesma proporção, o que indica as boas condições para o cultivo de pastagem”, explicou o Engenheiro da COTRIJUI.
O produtor deve observar alguns aspectos nesse momento, como escolher uma boa espécie consorciada com diferentes picos de produção. Um modelo que o produtor já conhece e que já é utilizado na região, que nesse momento atende a todas as necessidades de produção de forragem é a Aveia Branca ou Aveia Preta (recomendando-se ainda consorciar as duas), Centeio Forrageiro, Azevém Tetraplóide e Ervilhaca ou Trevo Yuchi ou, ainda, o Trigo Tarumã. “É importante que o produtor utilize uma grande quantidade de semente nas misturas para que se estabeleça uma boa população de forragem, não deixando espaços com baixa população de plantas. Para isso, é recomendado que se utilize até 110kg de aveia, podendo ser 50kg de Aveia Preta com 60Kg de Aveia Branca, 25Kg de Azevém e as demais leguminosas”, argumentou Rossetto.
Um dos aspectos para a perda das forragens e pastagens está relacionado ao tratamento de semente. “Por inúmeros anos, tivemos perda de pastagens que já estavam estabelecidas por ataque de pragas, por exemplo, o coró e pulgão, onde o melhor método de controle é o tratamento da semente”, diz. O tratamento de semente é importante para não haver atrasos no desenvolvimento das plantas, podendo impedir que danos no sistema raticular, ou até mesmo, que vírus transmitidos, por exemplo, pelo pulgão, sejam combatidos. “O prejuízo vai se estender em toda a fase de utilização da pastagem, pois fica uma baixa população, com plantas desuniformes que terão menos resposta ao uso dos fertilizantes”, destaca. “O controle vai proteger de 21 a 25 dias, e o produtor pode ficar tranquilo nesse período, pois não haverá ataque de coró ou pulgão. Após isso, se chegar a ocorrer algum ataque, a planta já estará mais desenvolvida e resistente, e não haverá maior prejuízo, sendo possível o controle aéreo, caso necessário”, afirmou Rossetto. No ano passado houve um ataque muito forte de lagarta, no inicio do estabelecimento das pastagens, e isso também foi um motivo de perda de produção elevada em muitas áreas.
Outro fator importante, que é característica desse ano, é a dessecação. Em função da estiagem, houve uma germinação e emergência antecipada de aveia e azevém, e temos muita área com milhã e papuã que sobrou do verão, e isso vai causar uma competição muito forte e dificultar o estabelecimento e desenvolvimento da pastagem. “Como hoje nós usamos novas cultivares, tanto de azevém quanto de aveia, deixar que eles permaneçam ‘guachos’ só vai causar uma perda de produção e qualidade final da pastagem, devido o potencial produtivo delas ser menor do que as novas cultivares que o produtor está implantando”, observou Rosseto. A importância da dessecação, portanto, é para se obter maior qualidade logo na primeira fase.
Alberto Rossetto conclui com a seguinte orientação aos produtores: “Procure semear toda a área de pastagem em uma única época, isso é muito importante. Aumenta a produtividade da forrageira, dos animais e, se for bem manejado, essa pastagem vai durar por muito mais tempo do que se for feita de forma escalonada”.