As cotações da soja em Chicago se mantiveram firmes durante esta semana, embora tenham acusado um pequeno recuo em alguns momentos, em função de tomada de lucros. O fechamento desta quinta-feira (12) ficou em US$ 14,41/bushel. O quadro confirma que o fôlego de alta, provocado pelo relatório de intenção de plantio, estaria parcialmente esgotado, devendo agora o clima nos EUA assumir a liderança das preocupações. Todavia, pesou, conjunturalmente, o relatório de oferta e demanda anunciado em 10/04, já que o mesmo, embora não tenha trazido grandes novidades (as projeções para a nova safra deverão vir no relatório de maio), indicou um recuo nos estoques finais dos EUA para 2011/12.
Assim, o relatório do USDA, deste dia 10/04, trouxe de novidades o seguinte:
1) Uma redução de 9,1% nos estoques finais nos EUA, para a safra 2011/12, com os mesmos ficando agora em 6,8 milhões de toneladas;
2) Ajuste dos preços médios a serem recebidos pelos produtores estadunidenses nesse mesmo ano, com o patamar ficando agora entre US$ 12,00 e US$ 12,50/bushel (isso indica que as atuais cotações em Chicago estão muito elevadas, pressionadas por forte especulação procedente do capital financeiro);
3) A produção mundial de soja perde cerca de 5 milhões de toneladas, passando agora para 240,15 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais recuam para 55,52 milhões de toneladas, com perda de 3,1% em relação a março (tal situação se deve à correções para baixo nas safras do Brasil e da Argentina);
4) A safra brasileira está agora estimada em 66 milhões de toneladas, enquanto a argentina fica em 45 milhões de toneladas (um recuo de 4 milhões de toneladas na soma dos dois países, em relação ao mês anterior);
5) As importações de soja em grão, por parte da China, para o ano 2011/12 permaneceram em 55 milhões de toneladas, contra 52,34 milhões um ano antes;
6) Enfim, as importações de soja em grão, por parte da União Europeia, ficam em 11 milhões de toneladas, contra 12,48 milhões no ano anterior. Já suas importações de farelo chegam a 22,4 milhões de toneladas nesse ano, contra 21,71 milhões no ano anterior.
Por sua vez, Oil World confirma que a produção mundial de soja, em 2011/12, efetivamente deverá ficar em 240 milhões de toneladas, com perdas de 25 milhões oriundas das quebras de safra nos EUA, colheita em novembro/11, e na América do Sul, colheita entre fevereiro e maio de 2012. A produção brasileira está estimada em 65,5 milhões de toneladas, com perdas de 10 milhões sobre o volume do ano anterior, enquanto a da Argentina, por enquanto, fica em 45 milhões de toneladas, após 49,2 milhões no ano anterior, segundo a mesma fonte. É bom lembrar que organismos argentinos já avançam colheita de 43 milhões de toneladas na Argentina.
Por outro lado, a produção de colza/canola na União Europeia será a menor dos últimos 6 anos, ficando em apenas 18,5 milhões de toneladas, fato que irá reduzir o esmagamento interno desta oleaginosa em 2012/13, pressionando para cima os preços do óleo de soja.
Soma-se a isso a notícia de que a produção de óleo de palma na Malásia ficou em inabituais 1,21 milhão de toneladas em março, com recuo de 14% sobre o mesmo mês do ano anterior e se consolidando como a mais baixa, para março, desde 2007. A tendência é de que isso continue nos meses seguintes, fato que levará o país asiático a cortar seus estoques finais. Isso explica as novas altas do óleo de soja em Chicago nesta semana.
Enquanto isso, nos EUA os registros de exportação de soja, na semana encerrada em 29/03, somaram 1,1 milhão de toneladas, contra 592.300 toneladas na semana anterior (número revisado). Já os embarques, na semana encerrada em 05/04, ficaram em 718.400 toneladas, acumulando no atual ano comercial, iniciado em setembro/11, um total de 28,3 milhões de toneladas, contra 36,0 milhões na mesma época do ano anterior.
Vale destacar que, até o dia 08/04, a área semeada com milho chegava a 7% nos EUA, contra 2% na média histórica. Por sua vez, o trigo de primavera alcançava 21% da área esperada, contra 5% na média histórica. Logo mais a soja começará a ser cultivada se forma intensa nesse país.
Paralelamente, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informava que 13% da área de soja argentina havia sido colhida até o dia 05/04. A safra prevista, por essa Bolsa, é de 45 milhões de toneladas no vizinho país. Para o novo ano 2012/13, embora ainda muito cedo, as primeiras projeções dão conta de uma safra futura de 52 milhões de toneladas, em clima normal, a partir de um plantio de 19 milhões de hectares.
Dito isso, a semana terminou com prêmios firmes nos diferentes portos brasileiros, com os mesmos oscilando entre 71 centavos de dólar por bushel e US$ 1,14/bushel, para abril. Na Argentina, o prêmio, em Rosário, ficou entre 38 e 45 centavos de dólar, enquanto no Golfo do México (EUA) o mesmo registrou valores entre 61 e 64 centavos de dólar por bushel.
No mercado brasileiro, mesmo com um pequeno enfraquecimento das cotações em Chicago, durante a semana, a manutenção de prêmios elevados e de uma taxa cambial ao redor de R$ 1,83 por dólar, elevou novamente os preços dos lotes. No Rio Grande do Sul, os mesmos terminaram a semana oscilando, em média, entre R$ 56,00 e R$ 57,00/saco, enquanto a média no balcão ficou em R$ 52,28/saco. Na mesma época do ano passado, o balcão gaúcho pagava o valor de R$ 42,75/saco. Ou seja, no momento, o saco de soja, em termos nominais, está valendo praticamente R$ 10,00/saco a mais do que em 2011. As diferenças nos lotes são ainda maiores, pois há um ano atrás os mesmos oscilavam entre R$ 44,50 e R$ 45,50/saco. Infelizmente, diante da quebra da safra gaúcha, se consolidando ao redor de 60% em volume, sem considerar a qualidade ruim de parte do que foi colhido, esse aumento de preços, que oscila entre 22% e 25% não paga as perdas verificadas nas lavouras.
Nas demais praças do país, os lotes terminaram a semana entre R$ 47,25/saco em Sapezal (MT) e R$ 56,50/saco no norte do Paraná. Na BM&F/Bovespa, o contrato para maio/12 ficou em US$ 32,10/saco, enquanto para julho/12 esteve em US$ 32,25/saco e para maio/13 se estabeleceu em US$ 28,77/saco. Portanto, entre maio/12 e maio/13 há um recuo de 10,4% no valor do saco de soja negociado nessa Bolsa.
Enquanto isso, a colheita no Brasil, até o dia 04/04, atingia a 79% da área total, sendo 44% no Rio Grande do Sul, 93% no Paraná, 99% no Mato Grosso, 100% no Mato Grosso do Sul e São Paulo, 95% em Goiás, 72% em Minas Gerais, 31% na Bahia e 52% em Santa Catarina. (cf. Safras & Mercado)
A produção final brasileira está estimada em 66,8 milhões de toneladas pela Safras & Mercado, porém, o volume para o Rio Grande do Sul ainda estaria superestimado. O mesmo está em 6,9 milhões de toneladas, contra uma realidade que vem indicando apenas 4,4 milhões, caso se tome por base a expectativa de produção na casa dos 11 milhões de toneladas. No Paraná, segundo a mesma fonte, a produção ficaria em 10,8 milhões, no Mato Grosso em 21,8 milhões, em Goiás 7,8 milhões e no Mato Grosso do Sul em 4,9 milhões de toneladas.
Quanto aos preços futuros, no Rio Grande do Sul os lotes, FOB interior, estão indicados a R$ 53,50/saco para maio/13, havendo pouca oferta. Em Goiás, para março/13, o saco ficou a R$ 49,00. Na região de Brasília em R$ 50,00 para abril/13. Enfim, na Bahia, Barreiras cotou para maio/13 o valor de R$ 48,50/saco para a compra.
Ao lado o gráfico da variação de preços da soja no período de 16/03 a 12/04/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e Estudos de Mercado Agropecuário.