As cotações do trigo em Chicago acabaram oscilando mais durante a semana e, após recuos, acabaram fechando o dia 12/04 em alta, com o primeiro mês cotado atingindo a US$ 6,39/bushel.
A semana não trouxe grandes novidades ao mercado deste cereal. O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 10/04, pouco alterou o quadro já conhecido e precificado. O mesmo apenas recuou em 3,9% os estoques finais dos EUA, para este ano de 2011/12, com o volume atingindo agora a 21,58 milhões de toneladas. O patamar de preços médio, para o ano, ficou entre US$ 7,20 e US$ 7,40/bushel, ou seja, superior em cerca de um dólar por bushel sobre os valores que atualmente estão sendo registrados na Bolsa de Chicago. Isso significaria que existiria um potencial de alta nas cotações do trigo nessa Bolsa. Quanto ao cenário externo, o relatório manteve a produção mundial em 694 milhões de toneladas, porém, reduziu para 206,3 milhões de toneladas os estoques finais mundiais para esse ano de 2011/12. O recuo, nesse caso, é de 3 milhões de toneladas, aproximadamente, em relação ao número de março. Mesmo assim, à luz destes números torna-se difícil imaginar elevações de cotações em Chicago, salvo por pressão da especulação financeira. Enfim, as importações brasileiras estão estimadas em 7,3 milhões de toneladas, enquanto as exportações da Argentina fechariam o ano comercial em 9,5 milhões de toneladas.
Afora isso, a semana apontou que as vendas líquidas dos EUA, na semana encerrada em 29/03, correspondentes ao ano comercial 2011/12, iniciado em junho/11, ficaram em 408.300 toneladas, contra 226.100 toneladas (número revisado). O Egito foi o maior comprador na semana, adquirindo 116.800 toneladas. Já para o ano comercial 2012/13, o volume ficou em 103.400 toneladas na semana encerrada em 22 de março. Por sua vez, as inspeções de exportação estadunidenses somaram 479.108 toneladas na semana encerrada em 05/04. No acumulado do ano comercial o volume soma 23 milhões de toneladas, contra 27,9 milhões no ano anterior, na mesma época.
Paralelamente, o Egito anunciou que a tonelada de trigo importada dos EUA ficou em US$ 259,75, com embarques previstos entre o 21 e 31 de maio próximo. Ao mesmo tempo, a produção egípcia de trigo, em 2012/13, deverá chegar a 8,5 milhões de toneladas, contra 8,4 milhões em 2011/12. Os estoques finais somariam 4,9 milhões de toneladas, para um consumo total de 18,7 milhões. Com isso, as importações de trigo por parte do Egito alcançariam 10 milhões de toneladas em 2012/13, contra 10,3 milhões um ano antes.
Por sua vez, na Rússia, a produção de trigo para 2012/13 deverá atingir a 54 milhões de toneladas. Se confirmada, será 2,24 milhões de toneladas a menos do que o colhido na safra 2011/12. A área cultiva passaria a 25,75 milhões de hectares, sendo que as exportações chegariam a 16 milhões de toneladas, contra 21 milhões em 2011/12. O consumo interno total se manteria ao redor de 38,4 milhões de toneladas, fato que deixaria os estoques nos mesmos 10 milhões de toneladas do ano anterior.
Enquanto isso, na França, a produção do trigo brando deve recuar para 33,9 milhões de toneladas em 2011/12, contra 35,7 milhões um ano antes.
No Mercosul, os preços no Up River argentino, para abril/maio, ficaram em US$ 244,00/tonelada, com perda de 2,8% sobre o mês anterior. Em Bahia Blanca, na compra a tonelada foi cotada a US$ 254,00, com recuo de 2,3%. Em Necochea o produto ficou e US$ 239,00, com recuo de 2,4% sobre o mês anterior. No Uruguai e no Paraguai, a tonelada, na compra, ficou em US$ 251,00 e US$ 281,00 respectivamente.
No Brasil, o governo confirmou o término dos leilões de PEP e Pepro para a atual safra. Com isso, o preço de balcão ficou em R$ 24,09/saco na média do mercado gaúcho, com muitas regiões fora do mercado comprador. Já os lotes permaneceram nos mesmos valores da semana passada, ou seja, entre R$ 440,00 e R$ 445,00/tonelada. No Paraná igualmente houve estagnação, com o valor da tonelada se mantendo em R$ 485,00.
O plantio da nova safra está agora ocupando as atenções dos produtores, com confirmação de uma redução de área em trigo no Paraná, na ordem de mais de 15%, enquanto no Rio Grande do Sul o setor produtivo fala em aumento de área em torno de 18%, embora algumas entidades adiantem apenas 10% por enquanto. Pelo sim ou pelo não, em clima normal, será o segundo ano consecutivo que o Rio Grande assumirá a liderança nacional na produção do cereal, mesmo com um mercado bastante difícil em termos de comercialização.
E o quadro de preços não deverá melhorar nas próximas semanas e, talvez, meses. Isso porque a Conab acaba de anunciar que iniciará um processo de venda de trigo através de VEP e venda direta visando manter o mercado abastecido e os preços baixos ao consumidor final. Com isso, os preços do cereal ao produtor deverão novamente recuar.
Enfim, em relação à paridade de importação os preços internos estão praticamente idênticos, no momento ao produto que entra da Argentina, posto nos moinhos paulistas, quando comparado com o preço médio da tonelada que está sendo praticada nos lotes paranaenses. Tanto é verdade que nesta semana houve fechamento de negócios envolvendo 900 toneladas de trigo nacional, posto em São Paulo, a um valor de R$ 550,00/tonelada para entrega até o final de abril. O vendedor aceitou vender o produto abaixo dos R$ 575,00/tonelada que o mercado está praticando na referida praça. (cf. Safras & Mercado)
A semana terminou com a informação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio de que o Brasil importou 622.006 toneladas de trigo em março, sendo 73% da Argentina, 16% do Uruguai e 11% do Paraguai. Esse aumento nas compras se deu em função do recuo no preço médio do produto mercosulino em março, quando comparado a fevereiro.
Ao lado o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 16/03 e 12/04/2012.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e Estudos de Mercado Agropecuário.