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09h28

ANÁLISE DO MERCADO DA SOJA – período entre 30/03/2012 a 05/04/2012

Como é sabido, e confirmando a tendência aqui destacada no comentário passado, as cotações da soja subiram fortemente após o anúncio do relatório de intenção de plantio dos EUA, no último dia 30/03. O fechamento desta quinta-feira (05/04) ficou em US$ 14,34/bushel, após sair de US$ 13,55 uma semana antes e ter atingido a US$ 14,21/bushel no dia 02/04. A título de comparação, a média de março ficou em US$ 13,50. Igualmente os derivados farelo e óleo subiram muito em Chicago, com o primeiro batendo em US$ 391,20/tonelada curta e o segundo 56,16 centavos de dólar por libra-peso, ambos no dia 02/04. O fechamento deste dia 05/04, pré-feriadão de Páscoa, ficou respectivamente em US$ 391,90/tonelada curta e 56,64 centavos de dólar por libra-peso.

A partir de agora o mercado busca um novo posicionamento, tendo na especulação financeira uma forte interferência, assim como o andamento do plantio nos EUA e o comportamento do clima naquele país serão observados de perto. A quebra da safra sul-americana já está precificada, embora ainda possa haver alguma surpresa nos números finais, particularmente no tange aos volumes a serem colhidos pela Argentina.

Sendo assim, caso venha a ocorrer problemas climáticos nos EUA as cotações em Chicago poderão subir ao nível de US$ 15,00/bushel e até um pouco mais. Em sentido contrário, diante de uma safra normal naquele país, provavelmente o mercado estabilize entre US$ 13,00 e US$ 14,00/bushel, podendo recuar abaixo disso quando da colheita norte-americana, a partir de fins de setembro.

Dito isso, no geral o mercado se mantém pressionado para cima, dentro das expectativas que existiam. Isso, mesmo que a demanda não aumente de forma significativa no transcorrer do ano e para 2013. Para tanto, o relatório de oferta e demanda, previsto para esta próxima semana, pode indicar alguns caminhos. Todavia, as novas atribulações na economia da União Europeia, agora tendo a Espanha como centro, podem provocar um recuo na participação dos Fundos especulativos nas bolsas de commodities, fato que pressionaria para baixo Chicago, como já foi visto em outras oportunidades.

O mercado considera que milho e soja, nos EUA, precisam de mais área semeada para dar conta da redução mundial na produção, a partir das quebras desse último ano. Nesse sentido, a relação de preços entre os dois produtos continua favorável ao milho. Assim, para aumentar a área com soja será preciso que as cotações em Chicago subam ainda mais. (cf. Safras & Mercado) Essa queda de braço deverá, portanto, continuar nas próximas semanas. O relatório de área final realmente plantada sairá apenas em 30/06.

No curto prazo, os registros de exportação, por parte dos EUA, na semana encerrada em 22/03 indicaram um total de 593.300 toneladas para o grão de soja, acumulando desde setembro do ano passado 31,3 milhões de toneladas, contra 40,4 milhões na mesma época do ano comercial anterior. Isso representa um recuo de 22,5%. Já os embarques de soja estadunidense, na semana encerrada em 29/03, ficaram em 785.300 toneladas, acumulando desde setembro passado um total de 27,6 milhões de toneladas, contra 35,4 milhões um ano antes. Isso igualmente representa um recuo de 22%. Como se nota, o comércio da soja dos EUA está bem menor nesse ano, indicando que a demanda estabilizou.
Enquanto isso, na Argentina, novas revisões de safra reduziram a estimativa de colheita. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires o volume final ficará em 45 milhões de toneladas. Todavia, a Bolsa de Rosário indica um volume ainda menor, da ordem de 43,1 milhões de toneladas, com um recuo de mais de 2 milhões de toneladas em relação a estimativa anterior.

Paralelamente, a comercialização da atual safra de soja na Argentina atingiu a 33% do volume esperado, mesmo havendo controvérsias em relação a esse volume. Esse percentual é idêntico ao verificado na mesma época do ano anterior.
Por outro lado, confirmando o aperto na oferta, os prêmios nos portos de embarque, particularmente no Brasil, se mantêm positivos. Assim, nos diferentes portos brasileiros, para abril, os mesmos oscilam entre 58 centavos e US$ 1,04 por bushel. Em Rosário (Argentina), os mesmos, para igual mês, ficaram entre 38 e 45 centavos de dólar. Enfim, no Golfo do México (EUA) os mesmos giraram entre 61 e 63 centavos.

No Brasil, puxados por Chicago e por um câmbio que se manteve acima de R$ 1,80 por dólar, os preços do saco de soja continuaram subindo. Particularmente porque a quebra de safra vem se consolidando maior do que o inicialmente previsto. Os números nacionais dão conta de um volume de 66 milhões de toneladas, podendo recuar um pouco mais ainda. Desta forma, a média gaúcha no balcão atingiu a R$ 51,25, enquanto os lotes ficaram entre R$ 55,00 e R$ 56,00/saco. Em termos nominais, esses valores superam o recorde obtido na safra de 2003/04. Todavia, em termos reais tais valores ainda estão bem abaixo daqueles obtidos há oito anos.

Por sua vez, a colheita brasileira, até o dia 30/03, atingia a 72% da área total, contra 61% na média histórica, confirmando seu adiantamento em relação aos anos anteriores. No Rio Grande do Sul a mesma chegava a 32%, no Paraná a 81%, no Mato Grosso a 96%, no Mato Grosso do Sul a 97%, em Goiás a 91%, em São Paulo a 99%, em Minas Gerais a 61%, na Bahia a 22% e em Santa Catarina a 42%. (cf. Safras & Mercado)

Quanto ao mercado da soja futura, o Mato Grosso praticou preços ao redor de US$ 24,60/saco para março/13. Ao câmbio de hoje isso representa R$ 45,00/saco. Em Goiás, igualmente para março/13, os valores eram de R$ 49,00/saco. Já em Minas Gerais, para abril/13, o saco de soja esteve cotado a R$ 51,50. Ou seja, preços que merecem atenção por estarem muito elevados, favorecendo a formação de média de venda para a próxima safra.
Fonte: Central Internacional de Análises Econômicas e Estudos de Mercado Agropecuário

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