As cotações do trigo, em Chicago, fecharam o penúltimo dia de março (29/03) em forte baixa, batendo em US$ 6,12/bushel (menor cotação desde meados de janeiro passado), após US$ 6,59 no dia 26/03 e US$ 6,46 uma semana antes.
O relatório sobre a área semeada, previsto para este dia 30/03, também ajudou a influenciar esse mercado, porém, o que vem pesando realmente sobre o mesmo é a forte oferta mundial neste ano.
Dito isso, o relatório do dia 30/03 indicou que a área global de trigo nos EUA aumentará em 3% neste ano, porém, tendo ficado 1% abaixo das expectativas do mercado. Pelo sim ou pelo não, o fato é que a área deverá ser de 22,6 milhões de hectares naquele país. Também aqui, assim como na soja e no milho, o clima sobre as regiões produtoras dos EUA, a partir de agora, ditará o comportamento futuro dos preços na Bolsa de Chicago.
Por sua vez, as inspeções de exportação, por parte dos EUA, chegaram a 417.957 toneladas na semana encerrada em 22/03. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de junho, as inspeções somam 22,08 milhões de toneladas, contra 26,4 milhões um ano antes.
Já as vendas líquidas estadunidenses, no ano 2011/12, também iniciado em 1º de junho, ficaram em 539.300 toneladas na semana encerrada em 15 de março. A Nigéria foi o maior comprador na semana com 111.400 toneladas. Quanto às vendas na temporada comercial 2012/13, as mesmas atingiram 2.000 toneladas na mesma semana, com o México sendo o principal comprador.
Na Argentina, no Up River o trigo esteve em US$ 246,00/tonelada na compra, o que representa uma baixa de 3,5% em comparação ao mesmo período do mês anterior. Em Necochea, a tonelada ficou em US$ 241,00 na compra, com retração mensal de 3,6%. Em Bahia Blanca o cereal esteve em US$ 256,00 na compra e a US$ 259,00/tonelada na venda, com queda mensal de 3,4% e anual de 24,7%. A este preço, chegaria ao CIF de São Paulo por volta de R$ 570,00/tonelada. No Uruguai, o cereal está cotado a US$ 250,00/tonelada na compra e US$ 260,00/tonelada na venda. Enfim, no Paraguai a indicação é de US$ 280,00/tonelada na compra e US$ 285,00/tonelada na venda. (cf. Safras & Mercado).
Por outro lado, a Argentina projeta colher apenas 12 milhões de toneladas de trigo em 2012/13, sobre uma área semeada de 4 milhões de hectares. Com isso, as exportações argentinas, nesse próximo ano comercial, ficariam em apenas 6,2 milhões de toneladas.
Pelo lado da demanda, o Egito anunciou a compra de 120.000 toneladas de trigo estadunidense e argentino. 60.000 toneladas foram adquiridas a US$ 259,35/tonelada da Argentina e outras 60.000 dos EUA a um preço de US$ 262,84/tonelada. O embarque desse produto está previsto para o período do 11 ao 20 de maio próximo.
No Brasil, o mercado de balcão continua quase parado, com muitas localidades sem comprador, enquanto o preço médio gaúcho ficou em R$ 24,00/saco. Por sua vez, os lotes estagnaram entre R$ 440,00 e R$ 445,00/tonelada, no Rio Grande do Sul, e entre R$ 480,00 e R$ 485,00/tonelada no Paraná. Em São Paulo teriam surgido ofertas de compra a R$ 580,00/tonelada no mercado de lotes.
Hoje, as recentes desvalorizações do Real colocaram o trigo argentino em valores próximos aos do produto nacional, mas isso não estimulou um aumento significativo no consumo do cereal brasileiro.
Por sua vez, neste dia 29/03 houve leilões de PEP e Pepro, visando o escoamento da última safra, sendo que tais leilões deverão ser os últimos para a atual safra. Isso também poderá causar uma paralisia futura nos preços e na comercialização do produto nacional que resta. A partir daí, mais do que nunca, a paridade de importação será o balizador dos preços internos, sendo que o recuo dos mesmos no mercado mundial acabou absorvido pela desvalorização do Real nas últimas semanas.
Nesse momento, os preços do trigo no mercado nacional, em média, continuam mais baixos do que os praticados na mesma época do ano passado, sendo que o CIF Porto Alegre perde 15% nessa comparação.
Quanto à futura safra, a tendência continua sendo de uma importante redução na área semeada no Paraná, em favor do milho safrinha, enquanto no Rio Grande do Sul teremos um aumento considerável de área, pela necessidade de liquidez dos produtores, após a frustrada safra de verão. Ainda no Paraná, cerca de 80% da última safra já havia sido negociada nesse final de março/12.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.