As cotações da soja em Chicago sofreram uma pequena freada durante a semana, em função de correção técnica (venda por parte dos operadores, após as constantes altas) ocorrida no início da mesma. O fechamento desta quinta-feira (22) ficou em US$ 13,49/bushel, após US$ 13,74 no dia 16/03 (a mais alta cotação neste ano). Isso dito, a tendência de alta permanece, pelo menos até o dia 30/03, quando sai o relatório de intenção de plantio e dos estoques trimestrais nos EUA.
Como já comentamos em outras oportunidades, nesse momento continua a “guerra por área” entre a soja e o milho. Com as altas nas cotações da oleaginosa, o mercado já espera que haja um aumento na área semeada com soja. Dependendo desse aumento, as cotações podem recuar em abril. Todavia, é bom destacar que a quebra na América do Sul, como alertávamos, é maior do que os números até aqui indicados. Ora, essa diferença de produção somente poderá ser compensada pela produção dos EUA, cuja nova safra logo mais começará a ser plantada. Isso significa que, mesmo aumentando a área, haverá tensões redobradas sobre o mercado, em função do clima naquele país, pelo menos até setembro, quando a colheita iniciar.
Paralelamente, destaca-se que as cotações do milho e do trigo não acompanham o forte movimento da soja, podendo ser um inibidor futuro dos preços da oleaginosa. Entretanto, no curto prazo, o mercado registrou a forte presença compradora da China, pelo produto dos EUA, nestas últimas semanas, além do aumento na trituração da oleaginosa nesse último país. Nesse sentido, a China importou 3,83 milhões de toneladas de grãos de soja em fevereiro, com um aumento de 65% sobre o mesmo mês do ano anterior. Todavia, em relação a janeiro, as compras sofreram um recuo de 17%. No primeiro bimestre de 2012 os chineses compraram 8,44 milhões de toneladas, ou seja, 13,2% acima do adquirido em igual período do ano passado.
Dito isso, os registros de exportação, por parte dos EUA, na semana encerrada em 08/03, atingiram a 1,39 milhão de toneladas, acumulando 30,48 milhões de toneladas no atual ano comercial. Mesmo assim, tais registros estão 24% abaixo do volume verificado na mesma época do ano anterior. Já os embarques de soja estadunidense, na semana encerrada em 15/03, atingiram a 645.900 toneladas, acumulando desde setembro, início do ano comercial, um total de 26,09 milhões de toneladas, contra 33,88 milhões no mesmo período do ano anterior, o que representa 23% a menos atualmente.
Dito de outra forma, mesmo com o aumento nas compras chinesas, as vendas de soja por parte dos EUA ainda estão bem abaixo do registrado no ano anterior.
Vale ainda destacar que a China comprou 1,41 milhão de toneladas de soja em grão do Brasil, no primeiro bimestre de 2012, o que representa 16,7% do total comprado pelos chineses nesses primeiros dois meses do ano. No mesmo período do ano de 2011, nosso país havia vendido apenas 110.600 toneladas de soja para a China.
Na Argentina, o mercado começa a entrar na realidade e já estima uma colheita final de 46 milhões de toneladas, podendo a mesma ser ainda um pouco menor. Por enquanto, os números avançados representam uma perda de 16% sobre o inicialmente esperado.
Aliás, no conjunto da América do Sul, novos números de colheita indicam uma quebra dentro das projeções que fizemos em comentários anteriores. O novo volume esperado fica, agora em 123,1 milhões de toneladas ou 12,7 milhões a menos do que o colhido no ano anterior e 19,5 milhões abaixo do que anunciavam projeções privadas (Safras & Mercado) ainda em dezembro/11. Por enquanto, a produção brasileira está estimada em 68,2 milhões de toneladas, contra 74,4 milhões na safra anterior; a produção da Argentina ficaria em 46 milhões de toneladas, contra 49,2 milhões colhidas em 2010/11; no Paraguai o volume seria de 5 milhões de toneladas, após 8,4 milhões na safra anterior; a Bolívia alcançaria 2,42 milhões, contra 2,34 milhões um ano antes; e o Uruguai se manteria ao redor de 1,5 milhão de toneladas.
Enfim, os prêmios nos diferentes portos negociadores de soja, para o mês de abril, ficaram entre 66 e R$ 1,10 por bushel nos portos brasileiros; entre 59 e 62 centavos no Golfo do México (EUA; e entre 39 e 43 centavos de dólar por bushel em Rosário (Argentina).
No Brasil, a pequena redução em Chicago foi largamente compensada pelas novas desvalorizações do Real, com a moeda brasileira oscilando entre R$ 1,80 e R$ 1,85 durante a semana. Assim, a média gaúcha no balcão ultrapassou a R$ 48,00/saco, enquanto os lotes, nesse mercado, giraram entre R$ 53,00 e R$ 54,00/saco em termos médios, durante a semana. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 43,25/saco em Sapezal (MT) e R$ 52,75/saco em Cascavel, Maringá e Londrina (PR). Na BM&F/Bovespa, os preços fecharam a semana em US$ 30,34/saco para maio/12 e US$ 28,80/saco para maio/13.
A colheita no Brasil, até o dia 16/03, chegava a 55% do total da área semeada, contra a média de 43% para esta época do ano. No Rio Grande do Sul, onde a quebra final deve ultrapassar a 50%, foram colhidos 6% da área. No Paraná a colheita chegava a 58%, no Mato Grosso a 86%, no Mato Grosso do Sul a 81%, em Goiás a 79%, em São Paulo a 85%, em Minas Gerais a 40%, na Bahia a 16% e em Santa Catarina a 10%. Os demais Estados estariam com 15% da colheita realizada até meados de março. (cf. Safras & Mercado)
Ainda em termos de preço, para maio o mercado gaúcho está indicando, no interior, lotes a R$ 53,50/saco. Enquanto isso, em Barreiras (BA), para o mesmo mês, o valor alcança R$ 47,50/saco. Enfim, em Goiás (região de Rio Verde) informações dão conta de que a safra atual, para pagamento em outubro/12, tem cotação de R$ 53,50/saco.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e Estudos de Mercado Agropecuário.