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08h10

ANÁLISE DO MERCADO DA SOJA - período entre 02/03/2012 a 08/03/2012

As cotações da soja, em Chicago, apesar das oscilações, se mantiveram mais uma vez firmes durante esta semana, com a média ficando mais elevada do que o registrado na semana anterior. O fechamento desta quinta-feira (08/03) ficou em US$ 13,32/bushel. Esse comportamento se deveu à confirmação de quebras importantes na América do Sul, a retomada da presença dos Fundos na ponta compradora em Chicago e à expectativa do relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 09/03.

Ao mesmo tempo, o mercado continuou assistindo a uma queda de braço entre os operadores de soja, milho e trigo em busca de mais hectares a serem semeados com estes produtos, nesta próxima safra estadunidense. Como a soja subiu proporcionalmente mais do que os cereais, nestas últimas semanas, houve uma correção técnica, com pequena redução dos preços da oleaginosa em alguns momentos da semana.

Já o relatório do USDA trouxe as seguintes informações:

1) a produção e os estoques finais dos EUA, relativos a safra 2011/12, foram mantidos respectivamente em 83,17 e 7,48 milhões de toneladas;

2) em contrapartida o patamar de preços médios para o restante deste ano comercial, que se encerra em setembro, foi elevado, ficando agora entre US$ 11,40 e US$ 12,60/bushel (os atuais preços estão bem acima deste patamar médio, indicando possibilidade de recuo futuro em Chicago);

3) a produção mundial foi reduzida para 245,07 milhões de toneladas, contra 251,47 milhões em fevereiro, sendo que os estoques finais mundiais, para o ano 2011/12, caíram para 57,3 milhões de toneladas, contra 60,3 milhões um mês atrás;

4) as produções do Brasil e da Argentina foram corrigidas para baixo, em função da seca, ficando respectivamente em 68,5 e 46,5 milhões de toneladas;
5) enfim, as importações chinesas recuaram para 55 milhões de toneladas no ano comercial considerado, após 52,3 milhões um ano antes.

Dito isso, a semana assistiu ao anúncio de um forte recuo nos registros de exportação dos EUA na semana encerrada 23/02. Os mesmos ficaram em 976.400 toneladas, contra 4,03 milhões de toneladas na semana anterior. Por sua vez, os embarques de soja pelos EUA, na semana encerrada em 1º de março, chegaram a 885.900 toneladas, contra 1,07 milhão de toneladas uma semana antes. Com isso, o acumulado desde setembro passado chega a 24,7 milhões de toneladas, contra 32,1 milhões um ano antes.

Estes números foram relativamente ignorados pelo mercado diante da confirmação de uma safra menor na América do Sul e da continuidade de déficit hídrico no sul do Brasil. A safra da Argentina está projetada entre 44 e 46 milhões de toneladas, enquanto a brasileira seria de 66 a 68 milhões de toneladas (havia expectativa do mercado quanto a atualização destes volumes no relatório do USDA deste dia 09/03.

Quanto aos prêmios nos portos, o Golfo do México (EUA) fechou a semana com valores entre 50 e 64 centavos de dólar por bushel; Rosário (Argentina) entre 45 e 50 centavos; e nos diferentes portos brasileiros, entre 70 centavos e US$ 1,15 por bushel, todos para março.

Pelo lado do mercado brasileiro, a manutenção das cotações em Chicago acima de US$ 13,00/bushel, somada à desvalorização do Real (neste dia 08/03 o mercado cambial brasileiro operava em R$ 1,77), após o anúncio do governo brasileiro de estar preparado para impedir que a moeda nacional se valorize perante o dólar, a partir da preocupação com a injeção de liquidez que a União Europeia e os EUA estão dando nos seus mercados internos, levou os preços da soja no balcão gaúcho a superarem, em média, os R$ 44,00/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 50,50 e R$ 51,50/saco. Nas demais praças do país, os lotes giraram entre R$ 40,75/saco em Sapezal (MT) e R$ 49,75/saco em Cascavel e Pato Branco (PR). Nesse contexto, o contrato futuro na BM&F/Bovespa, para maio/12, ficou em US$ 29,84/saco e para maio/13 em US$ 29,00/saco.

A colheita brasileira, até o dia 02/03, chegava a 33% da área nacional, contra 21% na média histórica, sendo 1% no Rio Grande do Sul, 35% no Paraná, 59% no Mato Grosso, 40% no Mato Grosso do Sul, 48% em Goiás, 34% em São Paulo, 18% em Minas Gerais, 5% na Bahia e 3% em Santa Catarina.

Em 02 de março Safras & Mercado anunciou uma revisão para cima na área semeada, com a mesma chegando a praticamente 25 milhões de hectares e uma produção final brasileira estimada em 68,2 milhões de toneladas (esse número pode estar superestimado se levarmos em conta o tamanho dos prejuízos no sul do país). Se não, vejamos: em relação ao ano anterior, o Paraná irá colher 4,5 milhões de toneladas a menos e o Rio Grande do Sul perderá 4,8 milhões de toneladas (numa hipótese otimista). Além disso, houve quebras importantes em Santa Catarina. Considerando que a safra de 2010/11 tenha sido de 74,4 milhões de toneladas, o número final da atual safra cai para 64,4 milhões de toneladas. Resta saber se os demais Estados irão recuperar parte destas perdas (no Mato Grosso estima-se um volume de 1,7 milhão de toneladas superior ao do ano anterior). Nesse caso, a safra poderá atingir 66,1 milhões de toneladas no país.
Ainda em termos de preços, no Rio Grande do Sul, para maio/12, projeta-se um valor de R$ 51,50/saco, para maio, no FOB interior. Na região de Rio Verde (GO), o mês de abril/13 ficou cotado a US$ 24,50/saco.

Vale destacar igualmente que os painelistas do 23º Fórum Nacional da Soja, realizado no dia 06/03 durante a Expodireto de Não-Me-Toque (RS) firmaram posição de que o mercado internacional da soja deverá se manter firme, com cotações entre US$ 12,00 e US$ 13,00/bushel pelo menos até meados de 2013. Mesmo concordando que o espaço para novas altas esteja limitado, salvo frustração na futura safra dos EUA, igualmente está difícil vislumbrar recuos de preços consistentes, diante do cenário atual de oferta e demanda, e mais a presença dos Fundos nas bolsas.

Esse posicionamento destoa do que analistas do USDA informaram nestes últimos dias, ao defenderem que “os preços agrícolas globais deverão ter forte retração neste ano, uma vez que os produtores do mundo estão expandindo suas produções”.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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