As cotações do trigo em Chicago fecharam a semana (01/03) em US$ 6,59/bushel, com pequeno aumento sobre a semana anterior e sobre a média do mês de fevereiro, que ficou em US$ 6,48/bushel. Assim como o milho, o trigo não encontra apoio para subir.
Dito isso, as vendas líquidas de trigo, por parte dos EUA, referentes ao ano 2011/12, que teve início em 01 de junho de 2011, ficaram em 701.600 toneladas na semana encerrada em 16 de fevereiro, contra 420.400 toneladas a semana anterior. O Egito foi o principal comprador com 189.000 toneladas. Já as inspeções de exportação de trigo chegaram a 255.134 toneladas na semana encerrada no dia 23 de fevereiro. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de junho, as inspeções somam 19,7 milhões de toneladas, contra 23,47 milhões no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, a produção e exportação da Rússia, para o ano 2012/13, estão sofrendo com o clima gelado da Europa. Nesse momento as lavouras estão sendo atingidas por fortes geadas. As exportações não devem superar 20 milhões de toneladas no atual ano comercial, que se encerra em 30/06. Muitos portos estão bloqueados pelo gelo, devendo se liberarem apenas a partir de meados do atual mês.
Por outro lado, no Mercosul os preços permaneceram estáveis. Na Argentina, o Up river registrou US$ 255,00/tonelada, com variação positiva mensal de 2,8% em fevereiro. Em Bahia Blanca, a tonelada está indicada US$ 265,00 na compra, o que representa uma elevação de 2,7% em comparação com o mesmo período do mês anterior. Na região de Necochea, a referência de compra está em US$ 50,00/tonelada, com variação positiva mensal de 2,9%. No Uruguai, a elevação em relação ao mês anterior, é de 4,2%, sendo indicado no momento a US$ 250,00/tonelada. A referência de compra no Paraguai ficou em US$ 275,00/tonelada e a de venda em US$ 285,00. (cf. Safras & Mercado)
No mercado brasileiro, o balcão permaneceu com dificuldades de comercialização em muitas praças, sendo que o preço médio gaúcho ficou em R$ 23,50/saco. Nos lotes, os preços estacionaram entre R$ 430,00 e R$ 435,00/tonelada no Rio Grande do Sul e em R$ 475,00/tonelada no Paraná. A alta média, em relação a janeiro, chegou a 5% no mês de fevereiro, confirmando a melhoria deste mercado de lotes. Todavia, em relação ao mesmo período do ano de 2011 o recuo ainda é de 12,5%. No Paraná, o ganho mensal é de 5,6% e a perda anual de 9,6% neste final de fevereiro. (cf. Safras & Mercado).
A expectativa do mercado, nesta semana, foi em relação ao leilão de PEP e Pepro previsto para este dia 1º de março. Até o momento, o governo garantiu a retirada de 1,76 milhão de toneladas do mercado via tais mecanismos. Esse foi outro elemento que ajudou na melhoria do preço em fevereiro. O leilão de 1º de março trabalharia com 375.000 toneladas.
Enfim, o potencial de alta nos preços do trigo ganhou dois aliados adicionais na semana. Em primeiro lugar, a forte possibilidade do produtor do Paraná reduzir a área semeada em favor do milho safrinha, diante dos altos preços deste último cereal. Em segundo lugar, um decreto do governo brasileiro, que impõe restrições às importações de grãos pela via terrestre atinge os exportadores do Mercosul. Segundo a medida, os caminhões de uma mesma empresa devem atravessar a fronteira de maneira simultânea e serem registrados através de um só contrato, o Documento Único Aduaneiro (DUA). Nos últimos dias dezenas de caminhões carregados com trigo não puderam ingressar no Brasil devido à nova norma. Tudo indica ser uma represália às medidas protecionistas argentinas sobre produtos brasileiros em geral. (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Emerson Juliano Lucca