Esta semana foi de pouca movimentação no mercado da soja. Os feriados de Carnaval no Brasil e o feriado do Dia do Presidente nos EUA, em 20/02, travaram os negócios em boa parte da semana.
Mesmo assim, verificou-se a continuidade das elevações das cotações da soja em Chicago. O fechamento desta quinta-feira (23) ficou em US$ 12,76/bushel, após US$ 12,72 na véspera e US$ 12,15/bushel no primeiro dia do mês. O mesmo se dá pela constatação de que as chuvas ocorridas no sul do Brasil não foram suficientes para estancar os prejuízos da seca nas lavouras de soja. Por outro lado, o acordo sobre a dívida grega, ocorrido no início da semana, mesmo suscitando dúvidas, deixou o mercado mais tranquilo, fato que alimentou a movimentação do especulador financeiro nas bolsas em geral, particularmente de commodities.
Soma-se a isso o fato de que o Ministério da Agricultura argentino reduziu sua estimativa de colheita para volumes entre 43,5 e 45 milhões de toneladas devido a seca que se abate igualmente nas regiões produtoras daquele país. Provavelmente o número final ainda seja menor!
Por sua vez, nos EUA, os registros de exportação, na semana encerrada em 09/02, ficaram em 614.700 toneladas, contra 658.200 toneladas na semana anterior (número revisado). Já os embarques estadunidenses, na semana encerrada em 16/02, chegaram a 1,04 milhão de toneladas, acumulando 22,68 milhões de toneladas em 2011/12, contra 29,99 milhões um ano antes.
Vale destacar que os exportadores dos EUA indicaram a venda de 2,75 milhões de toneladas de soja em grão para a China, para serem entregues em 2012/13. Esse é um volume significativo e auxiliou no aquecimento do mercado na semana.
Todavia, em janeiro/12 a China importou 4,61 milhões de toneladas de soja em grão, volume que representa um recuo de 10% sobre o total adquirido no mesmo mês do ano anterior e 15% menos do que foi comprado em dezembro/11. Desse total importado, o Brasil participou com 612.200 toneladas em janeiro/12, sendo que em janeiro do ano passado o país não vendeu soja para os chineses.
Na Argentina, a comercialização da safra 2010/11 chegou a 98% em meados de fevereiro. O governo local coloca a safra anterior do vizinho país em um total de 49,5 milhões de toneladas.
Enquanto isso, os prêmios nos diferentes portos de embarque de soja pelo mundo, fecharam a semana entre 47 e 78 centavos de dólar por bushel no Golfo do México (EUA); entre 75 e 81 centavos em Rosário (EUA); e entre 80 centavos e US$ 1,25 nos portos brasileiros. Todos para março!
No Brasil, os preços se mantiveram nos níveis da semana anterior já que o aumento em Chicago acabou compensado pelo câmbio, pois o Real acabou chegando a R$ 1,70 após o Carnaval.
Assim, a média gaúcha se manteve ao redor de R$ 43,00/saco no balcão, enquanto os lotes giraram entre R$ 48,00 e R$ 48,50/saco. Nas demais praças do país, os lotes oscilaram entre R$ 37,75/saco em Sapezal (MT) e R$ 47,50/saco no norte do Paraná. Já na BM&F/Bovespa, o contrato maio/12 esteve a US$ 28,75/saco enquanto o maio/13 ficou em US$ 27,12/saco.
Registre-se que as quebras continuam aumentando em algumas regiões do sul do país, já que as chuvas ocorridas não foram gerais e suficientes em muitas áreas de produção. Esperam-se novas chuvas para este último final de semana de fevereiro. O agravamento do problema já está fazendo, como alertamos há duas semanas, com que o mercado reavalie a safra brasileira. A tal ponto que volumes entre 66 e 68 milhões de toneladas como safra final já começam a ser ponderados. Isso significaria uma quebra final entre 7 e 9 milhões de toneladas em relação ao inicialmente projetado
Ao mesmo tempo, a colheita no Brasil, até o dia 17/02, chegava a 19% da área, contra 11% na média histórica, sendo 20% no Paraná, 37% no Mato Grosso, 24% no Mato Grosso do Sul, 25% em Goiás, 12% em Minas Gerais e 5% em São Paulo. Nos demais Estados a mesma ainda não havia iniciado.
Enfim, a tendência continua sendo de preços firmes, em torno dos atuais níveis, particularmente se o câmbio permanecer ao redor de R$ 1,70. Chicago, diante da quebra sul-americana, não deverá ceder facilmente no curto prazo, salvo acontecimentos provenientes da área financeira mundial, e passa a ficar atento, igualmente, ao que virá na intenção de plantio dos EUA, prevista para ser anunciada em 30/03. A partir daí, o mercado pode ingressar em nova realidade.
Quanto aos preços futuros, no Rio Grande do Sul, o FOB interior ficou cotado a R$ 47,00/saco para maio/12. Em Goiás, os mesmos ficaram em R$ 45,00/saco para maio/12 e US$ 23,50/saco para fevereiro/13 (ao câmbio de hoje, esse último preço equivale a R$ 39,95/saco, ou seja, um recuo significativo em relação ao atual momento). No Distrito Federal a safra ficou cotada a R$ 42,50/saco para abril/12. Enfim, na Bahia a safra nova ficou em US$ 24,00/saco para abril/12.
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.