Após a confirmação de mais um foco de febre aftosa registrado na Província de São Pedro no Paraguai, na segunda-feira, técnicos da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa) agiram rápido e deram início a uma operação de fiscalização e controle sanitário em áreas de fronteira com a Argentina.
Das seis equipes volantes programadas para atuar em um perímetro de 200 km às margens do Rio Uruguai, na divisa com a Argentina, apenas o grupo responsável pela região de São Luiz Gonzaga ainda não iniciou as atividades. Três equipes, em Santa Rosa, e duas equipes, em Ijuí, formadas por veterinários técnicos agrícolas e rurais com apoio da Brigada Militar, começaram ontem a desenvolver um trabalho de educação e inspeção, que deve abranger 29 munícipios do Rio Grande do Sul.
De acordo com a Seapa, técnicos da secretaria devem enviar relatórios das atividades a partir desta sexta-feira. No primeiro dia, o veterinário do Serviço de Doenças Vesiculares da Seapa, Marcelo Göcks, antecipa que os trabalhos transcorreram normalmente e novas informações serão divulgadas até o final de semana. "Estamos intensificando a inspeção em todo o Estado, inclusive com a previsão de novos trabalhos educativos, junto aos produtores em propriedades rurais", explica.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, afirma que vem acompanhando de perto as medidas adotadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Seapa no Estado. Sperotto comunicou ao ministério sua preocupação com a falta de transparência com que o país vizinho trata a questão. Segundo ele, o comunicado teria levado 26 dias, depois do aparecimento das primeiras suspeitas, para ser oficializado.
"O ministério foi solidário com as nossa manifestação e já acionou o Exército para intensificar as fiscalizações de fronteira e tomou decisões precisas para proteger a região. Mesmo assim, é preciso cobrar das autoridades paraguaias uma maior transparência, pois esperar 26 dias para confirmar o foco é inaceitável", destaca.
Na tarde de ontem, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, manifestou preocupação com os efeitos econômicos da nova incidência do vírus que atinge pelo menos 140 cabeças de gado da estância de Gustavo Trugger, a 340 km de Assunção. Apesar das perdas contabilizadas em 2011 pela retirada do certificado de território livre de aftosa, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em função de outra ocorrência do vírus registrada em setembro, o país continua entre os dez principais exportadores de carne.
Segundo Lugo, o governo prepara um levantamento sobre os danos ao comércio exterior. A carne in natura ainda figura como segundo item na pauta de exportações paraguaia. "Vamos analisar todas as perdas com a seriedade que o caso requer", constatou Lugo durante uma atividade realizada na sede das Forças Armadas.
O chefe de estado paraguaio relembrou que o governo investiu US$ 1,2 milhão ao longo do ano passado para controlar o primeiro foco. Na terça-feira, quando o Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa) do Paraguai oficializou o novo caso de febre aftosa, autoridades brasileiras e argentinas voltaram a suspender as importações. A notícia colaborou para colocar em risco o cargo do chefe da Senacsa, Daniel Rojas.
Fonte: Jornal do Comércio