O governo do Rio Grande do Sul enviará seis caminhões com reservatórios de água aos municípios atingidos pela estiagem. A medida foi anunciada em encontro entre prefeitos com o órgão, em São Lourenço do Sul, nesta quinta-feira (22). Os prejuízos na área afetada chegam a R$ 1 bilhão, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
Também serão enviadas cinco máquinas para abertura de poços e açudes, e duas máquinas perfuratrizes para abrir poços artesianos. O chefe da Casa Militar, coronel Alexandre Martins de Lima, detalhou como o órgão prestará apoio ao atingidos.
"Com abertura de poços, com construções de cisternas, açudes, aquisição de reservatórios, distribuição de água através de uma escala. Todas essas situações serão analisadas agora pelos técnicos de cada município", diz.
Outro ponto debatido durante a reunião é a falta de clareza dos pedidos encaminhados pelas prefeituras. A Defesa Civil diz que, muitas vezes, desconhece os problemas dos municípios. Por isso, quanto mais claro for a reivindicação, mais rápida será a ajuda. "Muitos dos municípios não estavam adequadamente treinados para preencher a documentação que comprove esse tipo de fenômeno no seu município", afirma Alexandre Martins.
A falta de chuvas afeta principalmente a Região Sul do estado, onde ao menos 23 municípios sofrem com a estiagem, mas também causa prejuízo no Centro-Sul e na Campanha gaúcha. Quatro novas cidades tiveram os decretos de situação de emergência homologados pelo estado nesta quarta (21): Canguçu, Cerro Grande do Sul, Arroio do Padre e São Jerônimo. Além deles, Cristal, Amaral Ferrador, Hulha Negra, Morro Redondo e Pedras Altas também estão na lista.
Na propriedade de Marcio Gerbaldo, a estiagem reduziu em 40% a produção de leite. Isso significa 100 litros a menos todos os dias. "Esse ano a gente ainda tem a produção do ano passado, o problema vai ser o ano que vem as consequências dessa estiagem", lamenta.
A Emater monitora a situação de perto. Segundo o presidente interino, Lino Moura, do total de R$ 1 bilhão de prejuízo, R$ 600 milhões estão concentradas na Região Sul. No Centro-sul, R$ 300 milhões é o valor estimado para as perdas e na Campanha, R$ 100 milhões. Estão sendo afetadas as safras de milho, soja, arroz, fumo, pecuária de corte e de leite, além de cultivos menores. "Atinge o pequeno, médio e grande produtor", ressalta Moura.
Somente em Pelotas e nos municípios do entorno, a estimativa é que 41% do milho e 18% da soja tenham sido perdidos com a seca. "Para estas regiões, isso é muito significativo", diz o presidente interino.
Além do impacto no campo, Lino comenta sobre um "efeito dominó", que atinge toda a economia. "O produtor, na medida em que fica sem dinheiro, não compra. Isso afeta os mercados, a agropecuárias", diz.
A Emater demonstra preocupação com perdas globais que a estiagem pode ocasionar na safra deste ano. "Tem uma perda consolidada já, que pode se agravar caso a média pluviométrica continue baixa". No ano passado, uma supersafra rendeu 33 milhões de toneladas de grãos, e a previsão para 2018 é menor, 30 milhões de toneladas. "Ainda estamos projetando", diz.
Fonte: G1 RS