As chuvas registradas nos últimos dias servem como alerta generalizado quanto à presença da ferrugem asiática nas lavouras de soja da região. O molhamento folhar é fator preponderante para o aparecimento da doença, que é o maior temor dos produtores de soja e tende a causar maiores prejuízos do que na safra passada.
O site do Consórcio Antiferrugem apontava a presença de 21 focos em Ijuí no dia 14.02, mas o número tende a ser maior, já que a presença do fungo está generalizada, inclusive com algumas lavouras no município já com perdas razoáveis. O alerta é geral, especialmente em função das condições climáticas propícias para o desenvolvimento da doença: chuvas intensas, calor durante o dia e temperaturas mais amenas à noite. A previsão deve seguir propícia para a doença até o final do ciclo da cultura.
O temor é de que a ferrugem asiática cause prejuízos como os de 2006, quando, por um descuido dos produtores, muitos municípios tiveram perdas em produtividade que oscilaram entre 50% e 80%. Em alguns casos, a produção por hectare caiu de 35 para 12 sacas. Por isso, é importante fazer o controle desde cedo, pois à medida que a doença se espalha, fica mais complicado controlar. Segundo o engenheiro agrônomo da COTRIJUI, Marcos Kirst, os produtores estão intensificando os cuidados nas lavouras. "O ideal é que sejam mantidas as aplicações com produtos de qualidade e com reaplicação depois de 18 a 22 dias, para manter a preventividade", afirma. O atraso no plantio da oleaginosa, que ocorreu até o final de dezembro, quando o normal seria semear em novembro, colaborou para deixá-la ainda mais suscetível à ferrugem, já que a colheita desses grãos será feita de março até final de abril.
Nesse momento, a preocupação em monitorar as lavouras é ainda maior, pelo fato de que a grande parte das plantas está em final de floração e inicio de granação, fase em que o ataque da doença pode trazer ainda mais prejuízos. Nos últimos seis anos, o Estado passou por dois períodos de ocorrência de ferrugem, em função da pouca aplicação de fungicidas a campo. Foi numa época em que os produtores tinham menos conhecimento sobre a doença e acabaram tendo perdas severas. De três anos para cá, a concientização sobre o problema aumentou, mas ainda é preciso cautela.
A aplicação correta de defensivos contra a ferrugem da soja é considerada por especialistas como uma das principais dificuldades na hora de controlar a doença. Para obter sucesso, é preciso ter atenção quanto ao tamanho das gotas, volume da calda, além das condições climáticas ideais para uma plena absorção: a temperatura deve estar menor do que 30 graus, umidade relativa maior que 50% e ventos entre três e máximo de10 quilômetros por hora. O ideal é fazer as aplicações no início da manhã ou à noite. Os técnicos têm demonstrado preocupação quanto ao controle da doença, pois as temperaturas à noite tem ficado entre 18 e 20 graus e com molhamento foliar acima de seis horas, situação muito favorável para o desenvolvimento da doença.
É importante o produtor procurar sempre a orientação dos técnicos, para não perder o momento ideal de aplicação e utilizar o fungicida mais indicado para o controle da mesma.