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11h43

Boa colheita dá alento ao PIB do Rio Grande do Sul

O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande Sul de 2015 fechou com saldo negativo de 3,4%. O resultado, no entanto, é melhor que o obtido no País, que ficou em -3,8%. O que salvou a economia gaúcha foi a agropecuária, qaue registrou taxa de 13,6% de crescimento no acumulado do ano, segundo a Fundação Estadual de Economia e Estatística (FEE). A favor do negócio do campo estiveram as condições meteorológicas positivas para os segmentos de maior expressão e fatores econômicos, como a desvalorização do real frente ao dólar e as exportações. Mais uma vez, a soja registrou maior crescimento, com taxas de 20,4%. O crescimento na colheita foi resultado do aumento tanto da área (5,6%) quando da produtividade (14,1%).

O agronegócio também foi responsável pela contratação de 21.069 postos de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre de 2016. Esse número é a diferença entre o número de admissões (64.227) e de desligamentos (43.158). O Rio Grande do Sul foi o Estado com maior criação de vagas, seguido por Mato Grosso e Goiás. Apesar do saldo positivo, o estoque do emprego formal do agronegócio gaúcho ficou negativo. No comparativo do primeiro trimestre de 2016 com o primeiro trimestre do ano passado, o recuo de empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho foi de 0,6%. Ou seja, a diferença não foi suficiente para compensar os saldos negativos dos três últimos trimestres.

"O nosso agronegócio está muito bem, aumentou muito a produtividade e está carregando o PIB do Brasil nas costas", afirma o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller. O dirigente defende a agregação de mais valor ao produto agrícola, como a soja. "Exportamos em grão e, proporcionalmente, exportamos menos seus derivados do que a Argentina, porque não industrializamos essa produção. E isso é o que nos falta fazer no Rio Grande do Sul para crescermos mais e aproveitarmos a nossa agricultura", completa.

O potencial do Estado também foi lembrado pelo o secretário da Agricultura e da Pecuária do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, durante a apresentação dos números da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em Porto Alegre. "Temos desafios para equacionar, mas contamos com um potencial de crescimento imenso. O agronegócio é fundamental para fazermos a travessia neste momento difícil em que vivem o Brasil e o Rio Grande do Sul", afrma ele.

O presidente da ABPA, Francisco Turra, destaca o desempenho do setor em um ambiente econômico marcado por dificuldades: "Temos a chance de crescer em um Brasil atolado com muitos problemas. Reunimos qualidade e sanidade, diferenciais que nos dão condições favoráveis para vender para outros países", afirma. Para o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio, o Rio Grande do Sul tem muitas oportunidades para crescer no segmento especial de carne Premium. "O Estado tem potencial para oferecer uma carne com maior valor agregado", diz ele.

Segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber, o Estado conta com uma boa condição competitiva, plantas habilitadas e expertise na atividade. No entanto, o fato de permanecer como área livre de aftosa com vacinação impede que esteja presente em negociações com mercados mais qualificados, que ficam restritos a Santa Catarina (que é livre sem vacinação). "Está se trabalhando a alternativa de certificar a carne suína como uma produção compartimentalizada, que atende a determinados requisitos", comenta o dirigente do Sips.

As exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 1,694 bilhão no primeiro trimestre de 2016, 60,3% das vendas externas totais do Estado. Na comparação com igual período de 2015, o valor exportado se retraiu 10,5%, devido à queda de volume e de preços. Os cinco principais setores exportadores do agronegócio do Estado no primeiro trimestre foram carnes, complexo soja, fumo e seus produtos, produtos florestais e cereais, farinhas e preparações.

"Os 10 maiores importadores de carne suína do Brasil apresentaram forte crescimento nas exportações de março e do trimestre, o que indica boas perspectivas quanto ao saldo geral deste ano. Aumentou, também, a distribuição da oferta entre mercados, com a redução da participação da Rússia de 45% ao longo de 2015 para 37% neste primeiro trimestre", ressalta Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA. "Ninguém sobrepuja o Brasil em condições sanitárias", complementa. Uma das grandes apostas para o aumento das exportações do setor de suínos está na especialização de sua produção. "Nós nos esforçamos para produzir de acordo com o gosto de cada mercado, tanto o brasileiro como o estrangeiro", aponta Francisco Turra, citando o caso dos consumidores japoneses, que preferem uma carne com mais gordura.

 

Fonte: Jornal do Comércio

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