A ferrugem asiática da soja encontra-se disseminada nas principais regiões produtoras de soja do país, e até o momento foram relatados 1610 número de focos da doença no Brasil nesta última safra. O número de focos situa-se abaixo do observado em 2006/07, mas muito acima das duas últimas safras, sendo que indiferente à safra, no período de janeiro observa-se uma taxa de progresso praticamente linear com a tendência da estabilização das curvas com a colheita na região centro-oeste e ao não relato de muitas lavouras pela proximidade com a colheita e detecção prévia da doença na região. No período de 28 de janeiro a 08 de fevereiro o maior incremento no número de novos focos ocorreu na região sul, com 191 novos focos no RS e 38 em SC, com novos focos no extremo oeste catarinense, região livre da doença até o fim de janeiro. Também no norte e nordeste houve o relato da ferrugem em áreas até então sem registro oficial da doença, como no município baiano de Correntina, no município de Balsas no MA e, em Baixa Grande do Ribeiro - PI.
ANÁLISE CLIMÁTICA
Os mapas de informação de risco são construídos a partir de dados meteorológicos provenientes de previsões climáticas. Estes, por sua vez, possuem incertezas associadas (tanto pela diversidade climática do Brasil quanto pela dificuldade encontrada na aquisição dos dados). Muitas vezes, situações incomuns (como foi o caso da permanência de uma massa de ar quente no Sul do país nas últimas semanas) causam divergências entre o previsto e o de fato observado em algumas regiões. Dessa forma, os mapas de previsão (ou prognóstico) de risco em geral representarão condições médias e eventualmente poderão não representar de maneira fiel as condições ocorridas nas lavouras.
REGIÃO NORTE – NORDESTE
O risco climático associado às epidemias de ferrugem manteve-se na faixa de baixo a moderado no oeste da Bahia. Pela maior frequência e acumulo de chuva, nos estados de Tocantins e Maranhão este cenário foi diferente, com risco variando de alto a muito alto nas principais regiões produtoras destes estados. O prognóstico para os próximos 10 dias indica risco baixo para a Bahia e para a região produtora de soja do Piauí e algumas áreas com risco mais elevado no Tocantins, mais precisamente na porção noroeste e a partir da região central do Maranhão. Maior atenção deve ser dada para as semeaduras realizadas a partir da segunda quinzena de janeiro, pois as condições foram favoráveis e há inóculo disponível na área, devendo ter atenção especial no monitoramento mesmo na fase vegetativa da cultura.
REGIÃO SUL
Na porção sudoeste, sul e extremo oeste do estado do RS as condições de chuva determinaram risco variando de alto a muito alto para as epidemias de ferrugem, com menor risco, mas ainda moderado, na faixa central do estado. Na porção nordeste do estado, com lavouras em ciclo na sua grande maioria ainda em estado vegetativo ou início de floração, o risco foi elevado no último mês. Em SC, o risco no último mês foi elevado para grande parte do estado, com destaque para a região do meio e extremo oeste. O mesmo cenário pôde ser observado no PR que, com exceção de regiões na porção noroeste e sudoeste do estado, houve risco elevado para o desenvolvimento das epidemias. O prognóstico para os próximos 10 dias indicam risco variando de baixo a moderado em boa parte do RS, de moderado a alto em SC e de alto a muito alto no PR.
COMENTÁRIOS
Rio Grande do Sul (Leila Costamilan - Embrapa Trigo, Carlos A. Forcelini - UPF)
No RS, muitos agricultores ainda esperam o início do florescimento (estádio R1) para iniciar a aplicação, mas, nesta safra, muitas lavouras ainda em estádio vegetativo já apresentaram ferrugem, o que reforça a importância do monitoramento. Embora a condição de chuvas constantes tenha diminuído na primeira semana de fevereiro, permanece o alerta para aplicação de fungicida assim que identificada a ferrugem na lavoura ou em áreas próximas, assim como a reaplicação quando terminado o período de eficácia do fungicida. Na região de Passo Fundo a maioria das lavouras já apresenta alguma incidência da doença no terço inferior das plantas. Há também casos de ocorrência elevada nos terços médio e superior, associados a atrasos na aplicação dos fungicidas ou à utilização de produtos não eficazes. Em algumas pequenas áreas, sem aplicação de fungicidas, a severidade e a desfolha causadas pela ferrugem já estão próximas de 100%. Alerta-se que o retorno das precipitações previsto para os próximos dias deverá promover novo incremento na intensidade da ferrugem, uma vez que há muitos focos instalados nas lavouras.
Fonte: Consórcio Anti Ferrugem – Informativo nr. 05 - fevereiro 2010.