Ação das cooperativas como estimuladoras do crescimento sustentável. Muitas pessoas falam em desenvolvimento econômico e social ou lançam projetos mirabolantes que nunca são executados. Poucas apresentam ações concretas. Teóricos propalam, com justeza, que desenvolvimento econômico precisa ser acompanhado pelo social e que crescimento sustentável é o que vem acompanhado do aumento da renda e da qualidade de vida da população.
Alguns dados concretos apontam a importância do cooperativismo como estimulador desse tipo de desenvolvimento voltado para o social. O último levantamento da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), referente a dezembro de 2003, informa que o cooperativismo está distribuído em 13 ramos de atuação, com destaque para o setor agropecuário (1.519 cooperativas), de crédito (1.115) e de trabalho (2.024). Este último reúne nada menos que 311.856 cooperados.
Há 7.355 cooperativas no País que agregam 5.762.718 sócios. Além de beneficiar os cooperados, essas instituições criam empregos formais. Segundo o levantamento da OCB, as cooperativas empregam 182.026 pessoas. Isso sem contar as inúmeras vagas criadas indiretamente.
Os velhos chavões "a união faz a força" e "um por todos e todos por um" explicam por que as cooperativas ganham tanto espaço no Brasil e em todo o mundo. Isso porque o trabalho do cooperado não se esgota em si mesmo, mas no crescimento conjunto dos sócios e da comunidade na qual a cooperativa está. No momento em que cada cidadão se conscientizar da importância do todo, o Brasil será melhor, com menos corrupção e mais justiça social.
Mais do que impedir que milhares de trabalhadores sejam excluídos do direito ao trabalho, as cooperativas levam o desenvolvimento às comunidades nas quais operam, na medida em que fazem o capital circular exatamente onde ele consegue reduzir a disparidade entre as classes: nas mãos dos trabalhadores. Estes levam a prosperidade ao comércio local, que compra mais das indústrias. Dessa forma, o ciclo se completa e a riqueza não fica apenas nas classes mais abastadas.
O sistema cooperativista se mantém firme em seus princípios à medida que se insere no meio dos excluídos da sociedade com a intenção de incluí-los. É por esse motivo que muitas cooperativas, além de beneficiar os cooperados e a comunidade que se relaciona com elas, realizam atividades sociais junto à enorme massa de pessoas marginalizadas, sejam portadores de necessidades especiais, idosos, despossuídos, ex-detentos ou qualquer outra minoria. São atividades de incentivo à formação, à criação de renda e à inserção no mercado de trabalho, principalmente, mas existem outras, de incentivo à cultura, à preservação do ambiente e até instituições de atendimento à saúde.
Com isso, fica fácil perceber o princípio de responsabilidade social do cooperativismo, de qualquer ramo. Independentemente do grupo econômico e social ou da região, todo o grupo de trabalhadores/produtores será beneficiado. E levará prosperidade para a comunidade onde a cooperativa está instalada.
Será que é por isso que o cooperativismo incomoda tanto algumas pessoas?
(Francisco Mitraud - Diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Apoio ao Cooperativismo (Ibac) e membro do Comitê Institucional do Movimento Nacional de Valorização do Cooperativismo de Trabalho.)
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