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10h15

Custos de logística ainda é o maior gargalo da produção no país

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher 208,8 milhões de toneladas de alimentos na safra 2014/2015, uma expansão de 7,9% em relação à última safra. Segundo o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Júnior, a alta carga tributária e a falta de estrutura para o escoamento da produção, com estradas ruins e portos caros e obsoletos, são os principais entraves para o agronegócio no país.

“Somos o país que mais tem crescido na produção de alimentos”, diz o presidente da CNA, “À medida que as fronteiras agrícolas se interiorizam e se distanciam dos portos do Sul e do Sudeste, os custos de logística para escoamento da produção aumentam”. Pelos cálculos da CNA, os custos logísticos fora da fazenda equivalem, em média, a quatro vezes os custos argentinos e norte-americanos, por causa da falta de infraestrutura.

Há dois meses, o governo federal lançou um plano de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, que prevê investimentos de R$ 198,4 bilhões para melhorar a infraestrutura de transportes no país – R$ 69,25 bilhões até 2018 e mais R$ 129,2 bilhões até o fim das concessões, de cerca de 30 anos.

Consultor da CNA e membro da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luiz Fayet explica que a falta de infraestrutura impede que a produção escoe por rotas mais racionais. Em vez de serem exportada pelos portos do Norte e do Nordeste, a produção viaja mais de 2 mil quilômetros para os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), com custos crescentes.

Segundo Fayet, as condições naturais do país – com muitas terras cultiváveis e clima que colabora com variadas culturas – favorecem a produção nacional, suficientemente grande para atender à boa parte das demandas mundiais por alimentos. De importador de alimentos há 50 anos, o Brasil passou para o segundo maior produtor e primeiro exportado. “Se a evolução dos transportes não atrapalhar, o Brasil pode ultrapassar o maior produtor, os Estados Unidos, até 2020”, diz.

O consultor da CNA adverte, porém, que grande parte do potencial de produção será desperdiçada se o país não investir em infraestrutura, principalmente nos portos. Segundo Fayet, com melhor racionalização no escoamento da produção – inclusive com uso de hidrovias –, é possível baratear os custos de logística em torno de US$ 60 a US$ 80 por tonelada de soja ou de milho colhidos em áreas de fronteira agrícola, dando mais competitividade a nossos produtos no mercado externo.

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