Depois de um período de plantio dos mais prolongados dos últimos anos– de meados de outubro até os últimos dias –, as lavouras de soja na área de abrangência da COTRIJUI passam por período diferentes: há desde lavouras em emergência até outras em formação de vagens. Mesmo assim, na avaliação do gerente do Departamento Agrotécnico da COTRIJUI, Mário Jung, não há maiores preocupações quanto à produtividade. “A maior limitação da nossa região sempre foi o clima, no que se refere a falta de chuvas, principalmente nos meses de
janeiro a março, coisa que este ano, pela previsão, não deve ocorrer”, prevê.
Mas com esta diversidade no campo, os cuidados devem ser redobrados, alerta Mário. Um exemplo: se houver o aparecimento da ferrugem asiática nas áreas que estão em floração, e o controle não for realizado de forma adequada, a ferrugem, que já está presente no ar (vinda de outros Estados e países até o momento) vai produzir uma grande quantidade de inóculo (esporos) na região, fazendo uma pressão muito forte nas lavouras semeadas mais tardiamente (que são a maioria). “Isto funcionaria de forma semelhante ao que ocorria no Cerrado, antes do vazio sanitário, quando as lavouras em pivô central eram fortemente atacadas por ferrugem e as que se instalavam na época recomendada acabavam tendo que receber mais de quatro aplicações de fungicidas.
Mas o produtor daqui está mais consciente quanto a este cuidado, tanto que já estamos assistindo às primeiras aplicações de fungicida, de forma preventiva”, observa Mário. Outro cuidado especialmente necessário em uma situação como esta é com as pragas. O calor favorece o desenvolvimento de lagartas. Já no mês de novembro ocorreram as primeiras aplicações, mais devido ao tamanho da planta do que à quantidade de lagartas. Em plantas recém-germinadas ou com duas a quatro folhas, poucas lagartas podem atingir o nível de
dano econômico. “Agora a situação é um pouco diferente, a mariposa procura as lavouras
mais desenvolvidas para depositar seus ovos, mas como a quantidade é bastante grande, o produtor deve-se manter atento, olhando a lavoura de uma ponta a outra, atentando-se ao número de lagartas, mas principalmente ao desfolhamento. As variedades de ciclo precoce já
florescendo não podem mais perder folhas para pragas, sob pena de não mais recuperar-se ao ponto de manter a produtividade”.
Os percevejos, também em grande número neste ano, tendem a migrar para as áreas mais adiantadas, em estádio reprodutivo. “Como estas são no momento menos de 10%, convém ter muita atenção a este inseto”, adverte. Ficando atento a estes cuidados, alcançar ou superar a produtividade média, conforme Mário, depende em muito do próprio produtor em anos de
boas chuvas. “São nestes anos que ocorrem recordes de produtividade nas lavouras de uns e também enormes perdas nas lavouras de outros. Tudo é uma questão de escolha”, diz. Nos 465 mil hectares de soja na região de atuação da COTRIJUI a produtividade média esperada é de acima de 35 sacas/hectare. Deve contribuir para esta média também o uso de tecnologia, que por enquanto é considerado bom. “A tecnologia usada foi maior nesta safra,
até porque os fertilizantes tiveram uma redução nos preços, o glifosato e demais defensivos agrícolas também, e apesar de concentrar muito nas variedades de ciclo precoce, o produtor escolheu variedades mais modernas e produtivas do que as que vinham utilizando”, afirma
Mário.