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10h30

IRRIGAÇÃO, NUTRIÇÃO E GESTÃO - TEMAS DO 10º SEMINÁRIO DE PECUÁRIA LEITEIRA DA COTRIJUI

Ao abrir o décimo Seminário da Pecuária Leiteira, em Augusto Pestana, o Presidente da COTRIJUI afirmou que os índices diferenciados de produtividade alcançados na região se devem à atuação da CCGL e Fundacep. Carlos Poletto se referiu à Fundação de Experimentação e Pesquisa, parte do complexo CCGL sediado em Cruz Alta, de onde se originam variedades de culturas tradicionais de alto rendimento, bem como ao apoio e transferência de tecnologia da CCGL-Lacteos aos produtores de leite.

Em seguida, o Presidente da Fundacep, Darcy Hartmann, também Vice-Presidente da CCGL saudou aos participantes do seminário. Ao cumprimentar os prefeitos presentes, disse da importância da parceria entre a cooperativa e os poderes públicos. Na logística do transporte e apoio à política de produção que gera emprego e renda, é fundamental o papel desempenhado pelas prefeituras.

Para situar os participantes do seminário no contexto da crise mundial e na forma como afetou a política da produção leiteira, Hartmann disse que enquanto a indústria da central estava em construção, a tonelada de leite em pó (produto destinado à exportação) valia US$ 5.500 (cinco mil e quinhentos dolares). Esse preço despencou para US$ 1.800 (hum mil e oitocentos dólares), ainda que esteja havendo uma ligeira reação de melhora.

RESULTADOS DE PASTAGENS IRRIGADAS

Coube ao zootecnista Daniel Kretzmann, coordenador do Programa de Irrigação da COTRIJUI, mostrar as vantagens dessa prática. Mas antes de pensar em irrigação, disse Daniel, é preciso que o produtor invista em adubação e correção de solo. Mostrou em vídeo o sistema de irrigação por aspersão em funcionamento, que possibilita uniformidade de distribuição e baixo custo, com reduzida mão de obra. Também permite que a aplicação de fertilizantes e outros produtos se dê através da própria água. Nesses termos, a qualidade da forragem produzida é mantida e estabiliza a produção. Assim, com menor custo de produção se obtém ao mesmo tempo aumento de proteína no leite. Além desses pontos positivos, o sistema de irrigação por aspersão independe da topografia da propriedade, sendo aconselhado para qualquer terreno.

NUTRIÇÃO É TUDO

Referindo-se a um tempo não tão distante quando se afirmava que genética era o que mais importava no animal, o Méd. Vet. Antônio Bernardes Silva disse que isso mudou. Hoje, sem sombra de dúvidas, o mais importante é a nutrição. Valeu-se do exemplo de abastecer uma Ferrari com combustível comum. O carro, de alta performance, irá consumir demais. Se um animal de qualidade for mal alimentado, acontecerá a mesma coisa. Hoje, técnicos e produtores tem que estudar a fundo os alimentos, ser detalhistas. A prática de alimentar o rebanho pela média de consumo está ultrapassada. Vaca com potencial de 40 Kg leite/dia tem de receber alimentação que corresponda a este índice; a que produz 20 kg, da mesma forma.
Falou que a alimentação dos animais leiteiros deve ser monitorada diariamente. A vaca deve ser encarada como “meu trabalho, meu sustento”, disse Silva. O aumento da fertilidade de uma vaca está ligado aos cuidados que ela recebe ao longo de sua vida produtiva, seja no pré ou no pós parto.

ATIVIDADE FAMILIAR COM
GESTÃO EMPRESARIAL

Com pós-doutorado, dedicando-se a trabalhos que enfocam a ecologia do pastejo e o manejo de ruminantes em ambientes pastoris naturais, o professor da URGS, Paulo Carvalho começou dizendo que, “apesar da estrutura fundiária ser familiar, precisamos ter gestão empresarial”. Corroborando o presidente da Fundacep, disse que apenas 5% dos lácteos produzidos no Brasil destinam-se à exportação. Os demais 95% são consumidos internamente. Outra constatação do pesquisador é de que a produção tem crescido mais do que o consumo, mundialmente.
Nos últimos 15 anos, afirmou, os custos de produção leiteira aumentaram 768%, enquanto os preços aumentaram 250%. Diante de tais números, fortaleceu a necessidade de investir na integração lavoura-pecuária leiteira, buscando a redução dos custos. A variável de preço independe das ações até a porteira, afirmou.
Há muito que avançar. Atualmente, os sistemas integrados de produção ocupam 2,5 bilhões de hectares e são responsáveis por 50% da produção de carnes e 90% do leite consumidos no mundo. Comprovadamente, segundo o palestrante, os sistemas integrados são mais rentáveis e mais sustentáveis.
Disse que o Rio Grande do Sul é um exemplo gritante de descompasso entre inverno e verão quando se fala em pastoreio bovino. No verão, são ocupados 6,0 milhões de hectares entre lavoura e pecuária, enquanto na estação fria, esse número se reduz para 1,0 milhão de hectares.

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