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08h48PROGRAMA AGRICULTURA DE RESULTADOS COTRIJUI
A agricultura dita "convencional", com intensa aplicação de insumos, vem sendo cada vez mais questionada em sua viabilidade, e há forte pressão da sociedade quanto ao desenvolvimento de tecnologias limpas, com maior sustentabilidade e com retornos sociais e econômicos satisfatórios. Nesse contexto, os fundamentos da Agricultura de Precisão podem trazer benefícios nos mais diversos campos de atuação. Por exemplo, a aplicação localizada de fertilizantes pode contribuir para reduzir o impacto no ambiente, reduzir a utilização de insumos finitos, reduzir os custos e aumentar a renda do produtor.
Nos sistemas agrícolas os produtores frequentemente praticam algum tipo de gestão de riscos, como é o exemplo do aumento no uso de alguns recursos quando seus preços são classificados como baixos. É comum a realização de aplicações de defensivos desnecessárias, adubação exagerada, compra de máquinas ou serviços de mecanização em excesso, tudo para assegurar que o processo de produção ocorra sem sobressaltos.
Geralmente a redução do risco financeiro é vista como mais importante que a minimização dos riscos ambientais. O uso da Agricultura de Precisão surge como alternativa, e permite que ambos sejam contemplados. É uma técnica de gestão mais eficiente que propicia um melhor entendimento da interação da cultura com o ambiente e a utilização de tecnologias de informações já existentes e emergentes.
O aumento substancial no fluxo de informações para o processo de tomada de decisões na lavoura pode diminuir o risco de insucessos, permitindo que as decisões tomadas durante o manejo da cultura sejam as mais corretas possíveis.
Enquanto os sistemas tradicionais tratam as propriedades agrícolas de forma homogênea, tomando como base as condições média das extensas áreas de produção para implementar as ações corretivas dos fatores limitantes da produção, a Agricultura de Precisão contempla a variabilidade espaço-temporal desses fatores, interferindo justamente onde encontra-se o problema. Em geral os objetivos da agricultura de precisão são otimizar os retornos ao longo das glebas. E, se uma gleba tiver um potencial de produtividade uniforme, a identificação da variabilidade no potencial de produtividade pode oferecer possibilidades para otimizar as quantidades produzidas em cada local e ou unidade utilizando o manejo diferenciado.
Alguns benefícios da AP podem ser resumidos em:
- melhor controle da área de cultivo mediante o conhecimento da variação do rendimento de grãos de local para local;
- uso racional de insumos com maior retorno econômico para o agricultor;
- menor impacto ambiental e melhoria da qualidade do solo e água ao longo do tempo;
- priorização dos investimentos em insumos nas áreas em que o potencial de rendimento de grãos é maior, garantindo maior possibilidade de retorno econômico com menor investimento (salienta-se que o retorno econômico obtido dependerá da variabilidade da área trabalhada e da importância econômica da cultura);
- maior fluxo de informações para direcionar a tomada de decisões de manejo; e - valorização da propriedade rural.
- potencializar o potencial produtivo das culturas ao longo do tempo.
A agricultura do Sul do Brasil é baseada na produção de grãos, sendo muito dinâmica e com variados sistemas de produção, de diversidade climática e de tecnologia aplicada na lavoura. Isso impõe a necessidade da adaptação de ferramentas e métodos específicos para atender a essa diversidade de situações.
Também é importante levar em consideração que os novos conceitos de AP foram alavancados, inicialmente, por grandes avanços tecnológicos postos a disposição do setor agrícola. Ressurgiu rodeada de um espírito de otimismo decorrente do apelo tecnológico referente às múltiplas ferramentas que podem ser empregadas.
Os equipamentos e softwares são sem dúvida fundamentais para a viabilização da AP, entretanto ainda não são capazes de definir as práticas mais adequadas para lidar com a variabilidade. Para poder tirar proveito desses equipamentos é fundamental uma análise abrangente e que leve em consideração os conceitos agronômicos. Neste contexto entra o técnico que, em conjunto com o produtor, tem a difícil tarefa de estabelecer as relações de efeito e causa da variabilidade espacial da produção e verificar o que pode ser feito para lidar com a situação, buscando o aumento em rentabilidade (sempre respeitando o ambiente).
É importante a associação das tecnologias nas suas mais amplas possibilidades, a um acompanhamento técnico especializado, baseado no conhecimento básico gerado pela pesquisa e em novas pesquisas que devem ser realizadas com enfoque no manejo da variabilidade dos fatores de produção.
Ante o exposto, é possível afirmar que em AP não existe um modelo único de ação, pois o padrão da variabilidade (principal foco do sistema) presente nas áreas de produção não se repete mesmo em pequenas áreas. Portanto, cada situação representa um problema de manejo novo e desafiador.
As perspectivas para a Agricultura de Precisão no Brasil são positivas, à medida que se realizem estudos que integram as várias áreas de conhecimentos envolvidas. O ganho de precisão na predição de resultados da aplicação de insumos deve ser aumentado conforme forem tornando-se melhor entendidos e mapeados os fatores que contribuem para a variabilidade.
Na amostragem de solo no sistema convencional, as recomendações de correção da fertilidade do solo são realizadas pela média. Por exemplo numa área de 50,0 há são coletados 10 a 15 sub-amostras, as quais são misturadas para formar uma amostra representativa desta área. Já no sistema de agricultura de precisão a mesma área é sub-dividida em pelo menos 25 amostras com 10 sub-amostras cada, possibilitando uma maior precisão nos níveis de fertilidade, possibilitando que se faça a recomendação de correção a cada 2,0 há, repondo ponto a ponto os nutrientes necessários para aumentar a fertilidade do solo e conseqüentemente possibilitar que as culturas expressem o seu potencial produtivo.
Este novo sistema de manejo da fertilidade do solo, está no início das pesquisas e não há uma recomendação oficial. A COTRIJUI, juntamente com um consórcio de cooperativas está sendo assessorada pela CCGL Pesquisa (Fundacep) e pela Universidade Federal de Santa Maria, para desenvolver este projeto.
As recomendações de correção da fertilidade neste novo método, estão sendo feitas a partir de alguns resultados preliminares produzidos pela CCGL Pesquisa e pela UFSM, e todas as cooperativas que fazem parte deste consórcio estão adotando-as.
Cabe ressaltar que a tecnologia é nova. Para cada agricultor é adotada uma recomendação conforme a variabilidade existente em seu solo. Os níveis de fertilidade a atingir neste sistema têm o objetivo de atingir a maior produtividade possível por unidade de área, muito diferente da recomendação adotada no sistema de correção pela “média”.
Fonte: Jaime Lorenzoni - Eng. Agrônomo da COTRIJUI
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