Por ocasião do 2º Encontro de Produtores de Milho do Rio Grande do Sul, produtores lotaram a Sociedade Sete de Setembro de Santo Augusto/RS. A atenção de todos estava em entender e usar a informação das tendências de clima, mercados e insumos, focados no futuro. Testemunhos colhidos durante o encontro fortaleceram projeções de que ao Brasil, e em especial aos produtores de milho gaúchos, bons tempos estão por vir.
A iniciativa da APROMILHO – Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul primou por um programa forte, mais comprometido em instrumentalizar os produtores para o longo prazo do que simplesmente explicar os motivos que provocam o vai-e-vem da cultura, ora plantando mais, ora reduzindo áreas.
O meteorologista Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia, foi enfático ao afirmar: “Quebra de safra não é clima, é falta de ajuste. Solo compactado não permite infiltração e as águas vão para o mar”. Mostrou dados das décadas de 1940 e 50, quando a média anual de chuvas era inferior a atual e não havia comentários de estiagens ou secas. Também disse que para os próximos trinta anos os oceanos tendem a esfriar (fenômeno La Nina), com médias de precipitações inferiores às atuais.
Em seguida o Secretário Estadual de irrigação e Usos Múltiplos da Água, Rogério Ortiz Porto fez outra declaração que, a seu ver, confirma Etchichury quando afirma que não é o clima o responsável pela redução das colheitas. Ortiz disse que “em 30 anos, a produção de milho no Rio Grande do Sul só alcançou média superior (ligeiramente superior) aos demais estados produtores em apenas um ano”. Nos outros 29 anos a produção foi bem menor que a média.
O presidente da ABRAMILHO – Associação Brasileira dos Produtores de Milho, Odacir Klein, começou sua palestra dizendo que o milho é fundamental por diversos motivos. O principal deles é que é produzido para comer. Mostrou-se confiante na abertura de grandes espaços para a produção da cultura pois, disse ele, “as populações de determinados países, que se alimentavam de gafanhotos, aprenderam a comer carne”. E a cultura do milho é importantíssima na cadeia alimentar.
Na ordem dos palestrantes convidados do Encontro Estadual dos Produtores de Milho, falou por fim o consultor Leonardo Sologuren, da Céleres Economia (Uberlândia-MG). Fez declarações cristalinas que acenam para a abertura de importantes espaços para a produção da cultura de milho no Brasil e no estado. As estimativas indicam que até o ano de 2015 o consumo de carne deverá aumentar 6,5 %, ou seja, em média mais que um por cento ao ano. E os gaúchos, pela tecnologia, qualidade do solo e condições de clima tem potencial para atender a demanda crescente por milho. Isso sem falar na produção de energia limpa.
O encontro contou com a presença do Presidente da FECOAGRO-RS, Rui Polidoro Pinto; Carlos Domingos Poletto, Diretor Presidente da COTRIJUI e Alvorindo Polo, Prefeito Municipal de Santo Augusto. Estes, mais a Monsanto, APASSUL e ABRAMILHO foram os apoiadores do evento que contou com o patrocínio da Syngenta, Dekalb, Agroceres, Agroeste, Bauer Irrigation, Dow AgroSciences, Sicredi, Fundacep e Coodetec.
O Presidente da APROMILHO-RS, Cláudio de Jesus reiterou ao final do encontro a importância de contar com a credibilidade dos produtores em momentos como o que a economia mundial vive. Conclamou a todos para que continuem acreditando na vocação de produzir alimentos. Agradeceu a importante participação dos órgãos de imprensa na preparação e realização do encontro.
O Vereador Luiz Bertollo, Presidente da Câmara Municipal de Santo augusto, a pedido, declamou poesia de sua autoria que aborda a cultura do milho.
Senhor te peço licença
Tirando o meu chapéu
Volto meus olhos pro céu
Pra pedir e agradecer
Esse é um dos dever
Do homem trabalhador
Orgulhoso agricultor
Que planta para colher.
Ao amigo produtor
Em versos quero dizer
Plante para comer
Depois pense em comercializar
Assim você vai mostrar
O que se produz no interior
E os frutos do teu suor
Vai saber valorizar.
Se começa arando a terra
Ou se faz plantio direto
Se faz mais correto
Para preservar o solo
Assim o menino de colo
Já vai apreendendo o trilho
Que se deve plantar milho
Segundo Alvorindo Polo.
Talvez não tenha muito valor
Se falar no comercial
Mas é muito essencial
Lá mesmo na propriedade
Onde a sua utilidade
Se torna cultura nobre
Que alimenta rico e pobre
No interior e na cidade.
O seu grão meio perdido
Ou talvez bem semeado
Sem adubo, ou adubado
Da espigas e muitos grãos
A haste alimenta o chão
Que a terra fecundou
E o homem que te plantou
Se alimenta do teu pão.
O milho, é a planta
Primaria das lavoura
Da palha bruta e loura
Alimento essencial
Talvez não universal
Como o trigo, planta nobre
É de origem e ascendência pobre
Mas de utilidade sem igual.
O famoso milho verde
É um gostoso alimento
Que nos da muito sustento
Fazendo a transformação
Socado la no pilão
Temos a boa canjica
Moída farinha fica
Que é transformada em pão.
O leite, o ovo, o queijo
Que os homens todo alimenta
A saborosa polenta
O frango, o porco, o novilho
A vaca a pinga que encilho
O boi que puxa o arado
É alimento e alimentado
Dos derivados do milho.
Lembro o velho paiol
Já quase inexistente
Hoje se guarda a semente
E dela faz a quirera
A planta em pé sai da terra
E se transforma em silagem
Para a produção de leite
E tem quem te aproveite
Na forma até de pastagem.
Esse é o precioso milho
De muitas utilidades
Hoje existe variedades
Para grande produção
A tecnologia em evolução
Revoluciona a agricultura
E essa boa cultura
É uma grande opção.
Na rotação de cultura
O milho é fundamental
A palha é ideal
Pra evitar a erosão
E aumentar a produção
Da soja, trigo e aveia
E o milho corre na veia
Da tal diversificação.
O milho nos oferece
Mil e uma utilidade
Diversifica a propriedade
Seja pequena ou grande
A cultura que se expande
É o serne da agricultura
Quem tem milho tem fartura
Por onde queres que ande.
Quem madruga deus ajuda
Dis um velho ditado
A deus muito obrigado
Por esse precioso grão
Vem de várias geração
O pai ensinando o filho
A utilidade que tem o milho
Na nossa alimentação.
Ao amigo Alvorindo
Dedico essa poesia
Fiz com gosto e alegria
Eis um grande produtor
E do milho é um defensor
Pela sua utilidade
É homem de qualidade
Exemplo de agricultor.
Autor: Luiz Josmar Bertolo