A indústria de soja, que lider nas exportações agropecuárias brasileiras e é fornecedora chave para a cadeia de alimentos doméstica, prevê que os gargalos da infraestrutura poderão ter acentuada piora nos próximos meses, em função dos protestos de caminhoneiros, que bloqueiam rodovias em vários Estados.
O movimento já afeta a colheita de soja, que está em um momento crucial em determinadas regiões do Brasil, e o recebimento do produto pelas indústrias processadoras, assim como a chegada do grão e derivados nos portos de exportação e para as indústrias de ração. Muitos setores da economia estão sendo afetados, incluindo o abastecimento de combustíveis. Com as manifestações dos caminhoneiros, que pedem menores custos com transportes e tributos, as exportações de soja, farelo e óleo de soja, que perdem apenas para o minério de ferro na pauta de exportação brasileira, são ameaçadas justamente em um momento em que ganhariam ritmo, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Mesmo que os protestos sejam suspensos em breve, a expectativa é de que hajam problemas para normalizar o abastecimento de indústrias e portos, com reflexo nas operações da cadeia exportadora e produtora. "Vai escoar um volume elevado de soja e milho tudo de uma vez... e a gente não tem armazenagem para segurar tudo isso", afirmou o gerente de economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral.
Segundo o representante da Abiove, os protestos ainda não chegaram a interromper as exportações de soja, que estão em seu início da temporada do Brasil, porque os portos exportadores tinham algum estoque antes do início das manifestações. Mas, se os protestos continuarem, a soja que estava armazenada nos portos poderá acabar, prejudicando os embarques e gerando custos adicionais, por conta de multas aplicadas em atrasos no embarque de navios.