O clima durante o mês setembro de 2014 na região noroeste (RS), foi marcado por chuvas excessivas e temperaturas acima da média, conforme registros meteorológicos.
A condição climática foi favorável ao desenvolvimento de moléstias no trigo, como: giberela - Fusarium graminearum, brusone - Pyricularea grisea e bacterioses - Pseudomonas syringae ou Xanthomonas sp.
A ocorrência simultânea destas enfermidades nas lavouras de trigo, vem sendo responsável por quebra significativa na qualidade e rendimento de grãos, o que acaba por depreciar ainda mais o valor final do produto.
Embora o produtor tenha adotado medidas de controle das doenças, observou-se que o uso de fungicidas visando controlar giberela e bruzone não alcançaram resultados satisfatórios, devido aos níveis elevados de incidência e infecção destas doenças.
Este fato confirma os resultados obtidos pela pesquisa da Embrapa em anos anteriores, como:
Comunicado Técnico 328, Embrapa Trigo, 2013. Eficiência de fungicidas para controle de brusone em trigo: resultados dos ensaios cooperativos – safra 2011. Os autores nas considerações finais da pesquisa relatam: “os dados mostram que, em ano e local favoráveis à ocorrência de bruzone, os fungicidas registrados para o controle da doença não atingem um nível de controle satisfatório e economicamente viável”.
Comunicado Técnico 336, Embrapa Trigo, 2014. Eficiência de fungicidas para controle de giberela em trigo: resultados dos ensaios cooperativos - safra 2012. Os autores relatam ao final da pesquisa: “Os dados obtidos até o momento, incluindo o ano de 2011, mostra que o controle de giberela por fungicidas apresenta pouca eficiência. Esse é um indicativo que novas estratégias devem ser adotadas para que se possa melhorar o desempenho dos fungicidas no controle de giberela”.
Em relação as bacterioses no trigo (ainda não identificada qual espécie) os danos foram severos nas folhas, prejudicando a produção de foto-assimilados e consequentemente a formação completa dos grãos. Para controle de bacterioses no trigo, ainda não há produto registrado no Ministério da Agricultura.
Considerações:
1 – As perdas de rendimento e qualidade dos grãos é variável por lavoura, conforme época de plantio, época de florescimento, cultivar, tipo de solo.
2 – Estas doenças evoluíram rapidamente nas lavouras, independente de controles fúngicos realizados pelo produtor, visto que o nível de infecção foi muito alto.
3 – Áreas de alta tecnologia estão em situação muito semelhante comparadas com áreas de menor tecnologia, no que diz respeito a incidência e severidade de giberela, bruzone e doenças bacterianas.
4 – Diante da situação observada fica evidente que este ano pode ser considerado atípico em relação a doenças no trigo, principalmente as doenças que respondem pouco ao controle com fungicidas.
Recomenda-se ao produtor que tem lavoura financiada de trigo, recorrer ao seguro do Proagro, conforme orienta o Manual de Crédito Rural (Banco Central), no capítulo 16 (Proagro).
“São causas de cobertura dos empreendimentos efetivamente enquadrados no Programa de Garantia de Atividade Agropecuária (Proagro)
I – chuva excessiva;
VIII – doença ou praga sem método difundido de combate, controle ou profilaxia, técnica e economicamente exequíveis; (Resolução 4.142, art 4°)”.
Dessa forma, o produtor poderá minimizar os prejuízos que já estão confirmados.
A seguir confira gráficos sobre a chuva (dados oficiais) na região: